Aproximando-se o dia da ordenação sacerdotal, é importante refletir sobre o caminho feito até aqui.
A vocação ao sacerdócio nunca foi um sonho meu. Aliás, na altura em que senti o chamamento de Deus, estava já na universidade, a estudar ciências farmacêuticas. Após sentir o chamamento, seguiu-se um caminho de descoberta vocacional. Esta caminhada começou com uma experiência numa congregação religiosa. Tendo reconhecido que não era essa a minha vocação, continuei os estudos de teologia, em Roma, durante os quais continuei a conhecer novas realidades e a ganhar experiência de vida. Aí pude testemunhar a universalidade da Igreja bem como conhecer muitos exemplos de santidade, incluindo portugueses.
Durante as férias de Verão, era habitual trabalhar nas vindimas ou apanha da fruta na zona de Lamego. Assim, a afinidade com esta região ia crescendo. Também vim a descobrir, através do hobbie da genealogia, que tenho raízes no Touro e em São João de Tarouca. A certa altura, esta afinidade tornou-se matéria de discernimento, parecendo que Deus encaminhava o meu rumo para aqui.
À oração, juntei algumas iniciativas para conhecer melhor esta realidade, como visitar o seminário interdiocesano de São José, em Braga, e vários santuários em torno de Lamego.
Após o acolhimento na diocese, por parte do senhor bispo, complementei o curso de teologia com o ano pastoral, no seminário interdiocesano e na Universidade Católica Portuguesa, e com um período a ajudar na formação dos seminaristas menores, em Lamego. No término deste complemento, seguiu-se a ordenação diaconal e a incardinação no clero de Lamego.
Durante o período de diácono, estive colocado em várias paróquias, mormente em São Pedro de Tarouca. Nestes anos, tive contacto com santos discretos e verdadeira caridade cristã ímpar.
Este caminho vocacional culmina agora com a ordenação sacerdotal no dia 2 de julho, na Sé de Lamego.
Como lema de ordenação, escolhi a passagem do evangelho segundo são Lucas (23, 43) em que Jesus Cristo promete o paraíso ao salteador arrependido. Esta promessa leva-me a confiar na misericórdia divina para o tempo de sacerdócio que se abre à minha frente. Atualmente, as várias sociedades apresentam desafios que requerem uma maior confiança em Deus a todos os níveis. Confio também na proteção maternal de Nossa Senhora para que possa atravessar as tormentas nesta barca de Pedro.
Agradeço a todos quantos desempenharam um papel positivo ao longo de todo este percurso, especialmente durante os períodos mais difíceis, e que se mostraram disponíveis para continuar a apoiar-me em todas as necessidades.
in Voz de Lamego, ano 93/31, n.º 4711, 21 de junho 2023