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Retiro do clero

Começaram a chegar cedo, a conta-gotas, perfazendo 30, os sacerdotes que, movidos pela preocupação de parar para meditar e fazer silêncio para escutar a Deus, acolheram o conselho do Mestre: “vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco”.
E surgiu o Sr. D. Joaquim Dionísio natural de Cimbres, Armamar, Reitor do Seminário e mais tarde do Santuário da Lapa, atualmente bispo auxiliar do Porto, que, como sempre, de forma simples, amiga, serena e calma, iniciou a reflexão que considerou, também, para si em primeiro lugar, porque teve de a preparar e por isso a meditou, mas, também e sobretudo, para os seus colegas, amigos, ex-alunos, conterrâneos. Estamos em casa, acolhidos pelo Senhor, dizia.

Um mar de emoções!
Encheu-nos a alma com uma partilha, vivida, sincera, e verdadeira, numa perspetiva sinodal, de uma igreja a caminho, na qual nos integramos, onde cumprimos uma missão que nos realiza e por isso nos santifica.
Resumiu o caminho/reflexão ao longo destes quatro dias, nesta expressão: “Chamados pelo Senhor e Enviados Juntos para Servir Todos,”
Após a abertura, onde nos convidou a viver o retiro como uma graça de Deus, desenvolveu, dentro do tema, 4 aspetos: 1. Aprender com o Senhor da compaixão; 2. Chamados para ser discípulos; 3. Padre, discípulo para servir; 4. Vida sacerdotal: missão de iluminar e dar sabor.

Iniciou o segundo dia, apresentando a atitude misericordiosa de Jesus para com as multidões que o seguiam continuamente. Percorre cidades e aldeias, mas não lhes fala de alto, de cima, mas no caminho, ensina, acolhe e cura. Não usa a pastoral de estaca de João Batista, ou seja, está parado no deserto e as multidões é que o procuram; Cristo vai ao encontro. O Senhor vive o seu ministério na proximidade que exclui toda a diferença.
No caminho, na vida, somos encontrados pela misericórdia e pelo amor comovido e compassivo de Deus.
A Paixão de Jesus mostra-nos um Deus que, por amor misericordioso, se debruça sobre o oprimido e o pecador e os liberta e perdoa, mostrando-nos uma liberdade nova, que é fruto de uma libertação de Deus e não de uma autolibertação.

Concluiu o segundo dia com o tema: Chamados para Sermos Discípulos.
Não há apóstolos que não sejam operários, nem missionários que não sejam discípulos que aceitem caminhar com o Mestre e trabalhem pelo anúncio e edificação do Reino.
Padre, discípulo enviado para servir foi o assunto que nos ocupou no terceiro dia.

Cada padre tem uma missão, todo o padre é uma missão. O elemento específico do serviço sacerdotal consiste no facto de, com a palavra e com a ação, tornar hoje presente o dom que Cristo faz de si ao Pai para salvação do mundo. Assim pede-se ao padre que seja: Um homem de Deus, um homem de oração, amigo, mensageiro e representante de Cristo, uma pessoa que compartilha a alegria e a esperança, os medos e as preocupações do ser humano, um homem de igreja que sinta com a Igreja.

Desenvolveu ainda o tema: Somos enviados juntos para salvar todos: O ministério do padre é oferecer o que somos e o que temos, porque servir é exteriorizar o amor que dizemos ter por Deus e pela humanidade.
Todos os que seguem Jesus (discípulos) são chamados a servir. Por maioria de razão os padres que são discípulos chamados e expressamente enviados para caminhar no meio do povo, servindo-o.

No quarto dia desenvolveu o tema: Vida sacerdotal: missão de iluminar e dar sabor. Citando o texto da Escritura “Vós sois o sal da terra e luz do mundo”. Disse: Hoje, no final deste retiro, nesta porção do Povo de Deus, neste Ano Missionário, nesta hora de testemunho, continuamos s ouvir este convite, este desafio que, sendo dirigido a pessoas livres é-nos endereçado de forma pressionante e apressada. Estas palavras dizem o que somos e indicam a missão a cumprir, sal e luz, o gosto e a vida.   

O retiro terminou com a presença do Senhor D. António Couto, que celebrou a Eucaristia e agradeceu o trabalho generoso do conferente depois de na homilia ter refletido na atitude de Jónatas, em defesa de David de quem era amigo e que corria risco de morte pela mão do rei Saúl. Chamou atenção, na sequência, para a amizade e fraternidade que deverá acompanhar a vida do presbitério.

E voltamos, de novo, para a vinha, mais revigorados e fortalecidos para continuar a missão.

 

Lamego, 20 de janeiro de 2024,
Dia de são Sebastião, Padroeiro da Diocese.

Pe. Artur Mergulhão, in Voz de Lamego, ano 94/11, n.º 4739, de 24 de janeiro de 2024.

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