Todos os anos, desde 2013, nos habituamos a ter uma carta pastoral, escrita por Dom António Couto, que tem norteado a elaboração e consecutiva execução do plano pastoral anual da nossa diocese.
Este ano, a carta pastoral tem duas particularidades que a distinguem de todas as anteriores. Uma delas é que foi escrita a várias mãos. A par do senhor Bispo tiveram parte na redação da carta oito jovens da nossa diocese, que viveram a Jornada Mundial da Juventude desde o primeiro momento, e que testemunharam as suas vivências mais profundas, dessa experiência. A outra particularidade é a sua apresentação pública e divulgação. Nos anos anteriores a referida carta era apresentada pelo senhor Bispo, apenas uma vez, somente num local – habitualmente em Lamego – e no início do ano pastoral. Este ano a carta está a ser apresentada em todos os arciprestados, em dias diferentes, ao longo de todo o ano pastoral.
Na sexta-feira passada, dia 26 de janeiro, foi a vez do arciprestado de Moimenta-Sernancelhe-Tabuaço receber essa mesma apresentação. Pelas 21h, no Auditório Municipal Padre Bento da Guia, em Moimenta da Beira, concentraram-se fiéis das paróquias das três zonas pastorais, cerca de 90 pessoas, para ouvir prazerosamente o bispo diocesano a expor as linhas gerais e as ideias fundamentais do documento.
A sessão começou com uma palavra de boas vindas a todos os presentes e um agradecimento ao senhor Bispo, pela disponibilidade do seu tempo e pela boa vontade do seu coração, para mais uma apresentação e explanação da carta pastoral. De seguida, o grupo coral da paróquia de Moimenta da Beira entoou um cântico eucarístico, para dar o mote de entrada no tema.
Passou-se, então, à parte principal da noite. O senhor Dom António, com o seu caraterístico poder comunicativo deu início à explanação do documento que já todos os presentes tinham em mãos. A carta tem como título “Recolhei os pedaços que sobraram” (Mc 6, 12), retirado do relato evangélico da multiplicação dos pães (Mc 6, 1-13). Começa, o autor, por ressalvar que toda a carta assume um tom testemunhal, até porque contém o testemunho dos jovens JMJ. Do texto do Evangelho donde é extraído o título, há uma expressão interrogatória que assume uma importância crucial: “Onde compraremos pães?”, pergunta o discípulo Filipe. Jesus nunca conjuga o verbo ‘comprar’. Agora, a única vez que o faz, conjuga-o na primeira pessoa do plural, envolvendo-se a Si mesmo. Não é possível pormos Jesus de lado, como fez Filipe. Nós precisamos de ir às compras com Jesus, e nunca sem Ele. E o mercado para fazer essas compras é novo e especial, é Deus Pai.
Uma outra ideia reforçada pelo senhor Bispo na carta é a preparação da multidão a quem vai ser servido o pão da multiplicação, que nos Evangelhos aparece como um mandato para que as pessoas ‘se sentem’, mas que o original grego usa o termo ‘reclinar’. A atitude de reclinar é para aqueles a quem vai ser servido um banquete. E este é, de facto, o maior de todos os banquetes, porque se trata da Eucaristia.
Ainda outra ideia fundamental salientada foi a recolha do que sobra, depois de todos estarem saciados. O número 12 – dos cestos – significa a plenitude. Ou seja, sobra tudo. E vai sempre sobrar tudo. Porque a Eucaristia nunca acaba. É o milagre que a Igreja continua a fazer, ininterruptamente, há dois mil anos.
Depois de uma hora de exposição e explicação dos principais pontos da carta pastoral, encerrou-se a sessão com mais um momento musical, protagonizado pelo grupo de catequistas e catequisandos da paróquia de Moimenta da Beira.
Pe. Diamantino Alvaíde, in Voz de Lamego, ano 94/12, n.º 4740, de 31 de janeiro de 2024.
