Com o salão paroquial de Cinfães bem composto, com um número considerável, estando as senhoras em vantagem numérica, ocorreu no dia 3 de fevereiro, sábado, o encontro dos Ministros Extraordinários da Comunhão destinado a receber formação para melhor se poder exercer o serviço de MEC nas comunidades a que cada elemento pertence, como servidores da Igreja.
Iniciamos a cantar “Eu sou o Pão vivo descido do Céu”, tendo tomado, de imediato, a palavra o senhor Padre Francisco Marques, que deu as boas vindas a todos, agradeceu aos formadores e abordou em traços gerais a missão dos MEC.
Seguiu-se a Oração da Manhã, rezando o salmo 92 e concluindo a mesma, pedindo ao Senhor que ouvisse as nossas preces.
A formação decorreu com uma parte mais teórica, a cargo do senhor Padre Miguel Peixoto e outra mais prática a cargo do senhor Padre Diamantino, a quem estamos muito gratos pelos sábios e santos ensinamentos que nos transmitiram.
Começou o senhor padre Miguel Peixoto por nos apresentar a temática sobre o Ministro Extraordinário da Comunhão, tendo dividido o seu tema em 3 partes:
1 - Vivência do Ministro Extraordinário da Comunhão.
Fez-nos sentir que estamos em prol da Igreja, que somos colaboradores importantes, levantando-nos e saindo ao encontro para levar Jesus aos outros e designadamente aos doentes. Esta vivência pode ser subdividida consoante concentrada em nós ou no outro, ou seja, quando a fragilidade nos toca, e, encontrar a fragilidade no outro. A primeira faz-nos estar atentos à palavra evangélica “Ide”, como mandato missionário, em colaboração com o pároco, com Jesus no nosso coração e presencialmente com Ele e conversando com Ele. Termos o coração a arder, como os discípulos de Emaús. Levamos o Senhor a quem não pôde participar na Eucaristia e a quem Jesus considera os primeiros destinatários: os fracos, os doentes … Este encontro com Jesus tem de nos deixar inquietos. Temos de nos encontrar com Ele, para O darmos, pois ninguém dá o que não tem.
A segunda (encontrar a fragilidade do outro) tem a ver com a procura do irmão “nas periferias”, no dizer do Papa Francisco, pois lá está Cristo. “Mestre, onde moras?” “Vinde e vereis”. Acolher o outro, arranjarmos espaço de acolhimento e abraço.
Falou-nos ainda sobre o que escreveu o senhor Reitor do Santuário de Fátima de que a Eucaristia não pode ser encarada como mero rito, mas como fonte e meta da vida cristã e da vida da Igreja, convidando-nos a mergulhar no essencial, que é o encontro com Cristo.
2 - Identidade do Ministro Extraordinário da Comunhão.
Advertiu-nos o senhor Padre Miguel Peixoto que temos de possuir um conjunto de qualidades e sempre em colaboração com o pároco. Que este ministério foi constituído em 1969 através da instrução “Fidei Custos”. Antes não havia ministros extraordinários da Comunhão. E a instrução “Immensae Caritatis”, de 29 de janeiro de 1973, veio dispor sobre vários pontos deste ministério. Por sua vez, a carta encíclica “Misterium Fidei” veio apelar a que se exerça o ministério com alegria, deixando transparecer o rosto de Cristo e levar Cristo às pessoas. O Ministro Extraordinário da Comunhão é um cristão que sabe fazer a presença de Deus, que dá a conhecer a beleza de Cristo, e que está atento ao outro.
3 - A esperança do Ressuscitado.
Neste último ponto, o senhor padre Miguel Peixoto sensibilizou-nos sobre a Ressurreição de Jesus, que nos ajuda a reconhecer todo o Seu sacrifício. A Eucaristia torna a Ressurreição realidade e o Pão eucarístico não é sinal de algo, mas o sinal de Alguém. E nós, MEC, teremos de ser testemunhas da Ressurreição, viver a vida nova, voltarmos aos caminhos de Emaús, pois só quando Jesus se senta e reparte o Pão é que os discípulos O conhecem.
De seguida, o senhor padre Diamantino fez uso das suas sábias palavras, sensibilizando-nos para as ações concretas a cargo dos MEC.
Falou-nos sobre as visitas aos doentes e sobre o nosso modo de vida e atuação:
1 - No quotidiano, em que devemos ser pessoas que nos relacionamos bem com todos, que teremos de estar do lado da Igreja, como Igreja que somos, que sejamos pessoas pacíficas e (re)conciliadoras e não “incendiários”, e que sejamos pessoas que testemunham Aquilo que acreditamos.
2 - Na visita aos doentes, sensibilizou-nos para a indispensabilidade do uso do ritual para a oração e sermos portadores do cibório com a comunhão, devendo, dentro dos possíveis acendermos uma vela.
3 - Na quantidade das partículas a levar connosco, frisou que não deveremos levar nem partículas a mais, nem partículas a menos, mas apenas e tão só tantas quantas as pessoas que irão comungar.
Quanto à nossa atuação de como levar a comunhão, esclareceu que os MEC devem receber a comunhão na Eucaristia, ou no Sacrário e devemos ir diretos às casas dos doentes.
A comunhão deve ser dada ao doente, que não pode sair de casa e a quem cuida dele e que não pode ir à Eucaristia.
Deu-nos ainda conselhos práticos sobre o nosso porte como MEC, designadamente com o nosso modo de andar, como transportar e o cuidado a ter, como usar as mãos quando transportamos a píxide, como distribuir a comunhão, tal como, segurando a píxide, a partícula, levantamento da hóstia, seu anúncio e entrega.
E assim terminou a formação, cientes do nosso serviço de Igreja como ministros extraordinários da comunhão e nunca um ministro especial da sagrada comunhão, nem um ministro extraordinário da Eucaristia.
Ficamos muito agradecidos pela formação que nos foi proporcionada, esperando corresponder ao que a Igreja nos solicitar. Bem-haja.
Júlio Beleza, in Voz de Lamego, ano 94/13, n.º 4741, de 7 de fevereiro de 2024.