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Ecos da recoleção do clero na Beselga

Na manhã do passado dia 8, sob o tema “Reconciliação, fraternidade e esperança” e com a orientação de D. Nuno Almeida, bispo de Bragança-Miranda, teve lugar na Beselga a recoleção mensal do presbitério da nossa diocese de Lamego. Na nova e pertinente dinâmica de descentralização destes encontros, tratou-se de uma manhã de reflexão e partilha, com 25 participantes, maioritariamente do Arciprestado do Alto Douro.
Quanto à proposta oferecida por D. Nuno, fazemos referência a alguns tópicos que consideramos de maior relevância: Por vezes pode abeirar-se dos padres a tentação de desânimo, tal como na história do jovem monge que desanima porque o terreno que ele tinha a seu cuidado estava cheio de tojo e cardos.
Perante isto é preciso trabalhar pouco a pouco e sem ansiedade. Cultivar o pedaço de terra que nos compete em cada dia… e recomeçar. Recomeçar significa “converter-me em senhor da minha vida”. Deixar de ser um bloqueado. Fazer escolhas. Começar algo novo.
É preciso vislumbrar um milagre de sentido no mar de absurdo. Isto através da reconciliação, da fraternidade e da esperança.

Reconciliação - José do Egito

Antes de toda a história, José era irmão por ser filho do mesmo pai. Depois de ter morrido a fraternidade de sangue, ressuscita uma nova irmandade, um novo caminho comum.
A palavra é pão quotidiano dos nossos relacionamentos. Se deixamos de nos falar, com ela vai a vida boa. Quando voltamos a falar, não há outras palavras, a não ser as que reinterpretem o passado com um modo novo. Diz Paul Ricoeur: não é só o presente e o futuro que pode mudar.
O passado também. Sem esse exercício de memória não há caminhos de reconciliação. O mal continua a ser mal, mas “Deus escreve direito por linhas tortas”.
O perdão de Deus não é só uma obra de restauro, mas autêntica metamorfose. Renovam-se todas as nossas identidades.
As lágrimas da reconciliação não sujam, lavam o rosto de quem quer continuar a sonhar.
Fraternidade - “Vós tendes de nascer do Alto” (diálogo com Nicodemos)
A fraternidade que une um presbitério é mais profunda do que a do sangue. É sacramental… é a fraternidade mística.
Nascer do alto é olhar o outro com o olhar de Deus.

Esperança - De que é feita a esperança?

Há muitas coisas que nos convidam ao ressentimento, à retaliação. Estamos numa era de pessimismo crónico. A esperança é uma visão que vai além do presente. A esperança é o melhor exílio possível para o futuro. Recordar eventos passados é natural, mas nós cristãos temos memória de futuro. A nossa verdade está no futuro.
Mesmo num funeral, diante de todas as evidências, somos sempre impulsionados para a vida. Então, em cada dia, há de haver a esperança de que algo se componha. Assim, pouco a pouco, tornamo-nos mais fiéis ao ícone que Deus tem presente quando nos cria.
No final da intervenção de D. Nuno houve tempo para os presentes colocarem algumas belas questões, dúvidas, anseios e propostas. Seguiu-se uma singela visita ao “Memorial da Devoção Ceireira”, um espaço paroquial que invoca a arte da junça, típica da Beselga, e serve de museu para algumas peças de arte sacra da paróquia.
Resta deixar um profundo agradecimento a todos os envolvidos neste encontro. Especialmente referimos aqueles que se deslocaram de mais longe, destacando D. Nuno, não só por isso, mas pela plena disponibilidade. Damos também graças a Deus pela generosidade dos padres Carlos e Francisco traduzida na disponibilidade para acolher e na oferta do almoço a todos os que puderam ficar para esse momento.
A próxima recoleção será na Lapa a 20 de abril.
Para ajudar ao caminho quaresmal de todos os leitores, partilhamos uma oração da autoria de D. Nuno Almeida, rezada pelo próprio, no final do encontro:

Se contemplas Cristo na Cruz,
Se permites que Ele te envolva no Seu olhar,
Mesmo se o passado é impassável,
Não ficarás no presente impassível
E no futuro nada será impossível!
Aqueles braços abertos e chagados
Enlaçam-te, absolvem-te,
Absorvem e dissolvem teus pecados e erros,
Renasces …, ressuscitas e
Mesmo se o passado é impassável,
Não ficarás no presente impassível
E no futuro nada será impossível!

Só é possível descobrir o sentido do perdão,
se o perdão for, por ti, realmente pedido, oferecido e sentido;
pois no perdão, o que vale é perdoar!
Só é possível descobrir o sentido do amor,
se o amor for, por ti, realmente partilhado, recebido e sentido;
pois no amor, o que vale é amar!
Só é possível descobrir o sentido da vida,
se a vida for, por ti, realmente descoberta, vivida (e não desvivida) e sentida; pois na
vida, o que vale é viver

 

Pe. Diogo Martinho, in Voz de Lamego, ano 94/18, n.º 4746, de 13 de março 2024.

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