Dentro da Quaresma, num caminho de fé, piedade e cultura, realizou-se a tradicional Procissão do Senhor dos Passos, incluindo-se também a Senhora das Dores. Envolvidas as duas paróquias da cidade, Almacave e Sé, contando com as autoridades civis (Câmara e Junta de Freguesia) e militares, com as irmandades, nomeadamente os Franciscanos da Ordem Terceira, os Escuteiros, os párocos da cidade, sob a Presidência do Sr. Bispo, D. António Couto.
Num dia soalheiro, foram muitas as pessoas, da cidade e de paróquias vizinhas, que engrossaram a procissão, acentuando, mais, que a cultura e a tradição, a fé, a devoção popular, fazendo aproximar-nos dos dias mais dolorosos da vida de Jesus, e de Sua Mãe Maria Santíssima, um calvário de dor e sofrimento, mas igualmente de entrega e de amor. Jesus, o inocente sacrificado para salvar o povo e, ao mesmo tempo, para que “apaziguar” as autoridades instaladas no poder, eliminando Aquele cuja luz colocava a descoberto as artimanhas para continuarem, em vez do serviço ao povo, as servirem-se das pessoas simples, humildes e pobres.
A paixão de Cristo expressa o amor de Deus levado às últimas consequências e, simultaneamente, comunga com o sofrimento dos excluídos, desprotegidos, dos espoliados, dos descartados, de todos quantos são postos de parte e descartados. É também um grito contra os prepotentes e gananciosos, contas quantos, como os eucaliptos, secam a vida e destroem a esperança.
Outras propostas, mais culturais ou mais celebrativas, disponíveis para ver, mas sobretudo para participar e viver. E, sob a inspiração da Procissão, também nós saibamos ser peregrinos com Jesus e com Nossa Senhora, percorrendo as estações da vida que nos aproximam da vida divina e que nos fazem portadores de esperança e de paz, de alegria e bênção.
in Voz de Lamego, ano 94/19, n.º 4747, de 20 de março 2024.