O espaço pastoral confiado ao Pe. Armando Ribeiro, Meijinhos e Melcões, iniciou as Visitas Pastorais no Arciprestado de Lamego. A 21 de abril, a Visita a Meijinhos, que noticiámos na edição dessa semana (24 de abril), a 28 de abril foi a vez de Melcões, de que agora damos conta na edição desta semana.
Quis a sorte ou a desgraça que fossem as paróquias que me foram confiadas as primeiras a receber a Visita Pastoral do nosso Bispo; Meijinhos deu início ao ciclo das celebrações das Visitas Pastorais em Lamego.
As minhas forças iam faltando, e nem sempre suprindo o que este facto requeria, para que a vitalidade destas duas paróquias não desdissesse do seu passado, antes se afirmassem como comunidades de fé, de sentido eclesial, com a ajuda de Deus Pai, de Jesus Cristo seu Filho e a força que sempre nos dá o Espírito Santo.
Para que isto fosse e sempre seja a razão de aqui viver a nossa fé, Bispo, Pároco e Fiéis Leigos uniram as suas forças, as suas possibilidades, a sua abertura aos dons de Deus, ao trabalho de todos, e eis-nos aqui para celebrar a nossa fé, unidos ao nosso Bispo que nos vai dizer a palavra certa para este momento e nos garante a nossa Fé, que não é simples herança, mas certeza sempre actual da presença de Deus no meio de nós.
Melcões faz parte de um bom grupo de pequenas Paróquias da nossa Diocese; será a mais pequena deste grupo? Talvez sim, talvez não, mas não podemos ignorar a grande mudança das nossas gentes para Lisboa e outras terras na busca de trabalho que aqui faltava.
Encontrou-se trabalho, continuou a fé?
É nas pequenas comunidades paroquiais que se nota mais depressa a falta dos que partem; as nossas celebrações dominicais mais se assemelham a um desertificar pessoal, por exemplo, só tenhamos uma jovem para receber o Sacramento da Confirmação.
O mesmo se diga dos batismos aqui celebrados desde que sou Pároco de Melcões, das Eucaristias, celebradas em dias feriais como em Domingos. Eu não quero aqui lembrar a palavra do nosso poeta: «um fraco rei faz fraca a forte gente», mas quero dizer ao nosso Bispo, que Melcões, perdendo gente, perdendo cristãos, vai ficando cada vez mais pobre, quer façamos um olhas mais ou menos atento ao movimento humano e cristão nesta comunidade, que é cada vez mais fraca no seu ser.
Lembro, neste momento, quando regressei ao País, a Diocese, depois de estar dois anos fora, me pediram para aqui vir celebrar uma Missa num Domingo; comigo veio um seminarista daqui natural, voltei a sair da Diocese para ir para Paris continuar uma formação de assistência aos emigrantes de uma zona nos arredores dessa bonita cidade de França; recordo o Pároco antigo de Melcões, que encontrávamos no velho Seminário de Lamego, onde nos rodeava com amizade e com palavras bem ditas e ouvidas, que eu nunca imaginava que um dia viriam a ser minhas.
Um dia me bateram há porta (forma de expressão) com um belo pedido, ser Pároco de Melcões e logo aceitei depois da morte do Sr. Padre Frederico, morte que ninguém esperava.
Agora e desde daquele momento sou Pároco de Melcões, mesmo já com uma idade avançada, cansado e doente, mas faço o que posso para que Melcões não se torne um deserto espiritual que se vai acentuando e a que não podemos fechar os olhos a este grande problema que é geral.
Senhor Bispo, Melcões espera e confia que haja um sacerdote que aceite e venha ajudar, trabalhando em manter a espiritualidade desta comunidade e que a aumente, não em território mas em cativar ainda mais pessoas, para participar em actividades paroquiais e aumentar nesta localidade o rebanho do Senhor nosso Deus, Pai e protector de todos nós.
Senhor Bispo, ajude-nos a compreender melhor a palavra de Deus e a metê-la em prática, será sempre bem-vindo a Melcões e queremos que nunca se esqueça de nós, para assim caminharmos de mãos dadas com a verdade e com
Deus, nisso confiamos e esperamos na missão que Nosso Senhor lhe confiou!
Hoje está connosco, nós estaremos sempre com o nosso Bispo!
Pe. Armando Ribeiro, in Voz de Lamego, ano 94/25, n.º 4753, de 8 de maio 2024.