De novo no centro do sínodo e com o sínodo ao centro

Um ano depois, reabre a XVI Assembleia Geral do Sínodo, para a segunda e última sessão, sobre a Sinodalidade. No mesmo espaço – Aula Paulo VI, do Vaticano – e com o mesmo formato – as mesas redondas –, estão de novo reunidos 368 membros com direito a voto, dos quais 272 são bispos e, dos restantes, mais de 50 votantes são mulheres, entre religiosas e leigas de diferentes nacionalidades.

Depois de um ano de aprofundamentos específicos e de definições mais precisas, voltam à discussão, entre os participantes sinodais, as questões de maior relevância, resultantes da primeira sessão, realizada em outubro do ano passado.

A abordagem dos assuntos não se limita apenas ao interior da aula sinodal. Do lado de fora dos muros e para lá das fronteiras de Roma, voltam ao tabuleiro dos comentadores os temas mais polémicos e fraturantes, e também os menos conhecidos e insuspeitos. Muitos criarão uma expectativa significativamente elevada de mudança, e outros tantos vaticinarão que tudo ficará na mesma. Uns apostarão na adivinhação, e veremos respostas a questões que nunca serão colocadas. Outros arriscarão menos, e nem o evidente hão de dar por garantido. De uma forma ou de outra, é sempre bom ver que um sínodo faz mexer, faz pensar, faz falar, e traz para a “praça” a vida da Igreja.

Como aconteceu na primeira sessão, antes da sua abertura, também agora teve lugar um tempo de reflexão e preparação espiritual, novamente orientado pelo padre Timothy Radcliffe – recém-nomeado cardeal –, apelando incisivamente ao abandono dos narcisismos e dos medos que atentam contra a verdadeira fé. Uma novidade desta preparação dos trabalhos sinodais foi a Celebração Penitencial, ocorrida no dia 1 de outubro, em que o Papa Francisco, uma vez mais revestido da humildade que lhe é caraterística, implorou a Deus: “Perdoai-nos por todos os nossos pecados, ajudai-nos a restaurar o Vosso rosto que desfigurámos com a nossa infidelidade. Sentindo vergonha, pedimos perdão a quem ficou ferido por causa dos nossos pecados”.

O dia oficial da abertura do sínodo, 2 de outubro, iniciou com a celebração da Eucaristia, na Praça de São Pedro, presidida pelo Santo Padre. De tarde ocorreu a Primeira Congregação Geral da Assembleia Sinodal, onde o Papa pronunciou o discurso inaugural da mesma.  Na sua intervenção o Sumo Pontífice não se cansa de destacar a preponderante ação do Espírito que acompanha, que consola, que inspira, que guia, que comunica a esperança de Deus. Chama a atenção para a necessidade que a Igreja tem de “conhecer-se melhor a si mesma e de identificar as formas de ação pastoral mais adequadas à missão que lhe foi confiada”. E deixa manifesto o desejo de que consigamos “uma Igreja verdadeiramente sinodal em missão, que saiba sair de si mesma e habitar as periferias geográficas e existenciais”.

Os dias seguintes foram marcados por um dos temas bastante atrativo para a opinião pública: a maior valorização do papel da mulher na vida da Igreja. A este respeito, a irmã Dolores Palencia, do México, presidente-delegada da XVI Assembleia Geral do Sínodo, defendeu, na sua intervenção, que os passos deverão ser “ainda mais amplos, mais rápidos e mais intensos”. Afirmou também que, em seu entender “se está a fazer um caminho em que o papel das mulheres, os seus dons e os seus contributos numa igreja sinodal estão a ser cada vez mais reconhecidos”.

Nesta fase inicial resta-nos e impõe-se-nos rezar pelos que estão mais diretamente implicados nos trabalhos sinodais e manter viva a confiança de que tudo acontecerá segundo a vontade de Deus.

 

Pe. Diamantino Alvaíde, in Voz de Lamego, ano 94/45, n.º 4773, de 9 de outubro de 2024.

 

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