Na noite de 11 de outubro, pelas 21h00, na Sé Catedral, o Senhor Bispo, em conferência dedicada ao tema “Desafios do Ano Jubilar”, enquadrada na Visita às Paróquias da cidade, falou-nos do Jubileu 2025, que se aproxima, na perspectiva de uma preparação que nos ajude a vivê-lo em plenitude.
Estiveram presentes autoridades locais, pessoas de outras comunidades cristãs e de todos aqueles que se interessam pela temática, nas duas Paróquias, Almacave e Sé.
O Senhor D. António Couto, partindo da leitura e interpretação do Antigo Testamento, nomeadamente, nos Livros do Êxodo e do Levítico, referente ao Ano Sabático e ao Ano Jubilar, fez-nos sentir que estes tempos bíblicos visavam reencontrar, nas pessoas, nos animais e na natureza, a perfeição com que Deus as criara: é um voltar ao tempo original de Deus. Como o ser humano só se pode realizar em plenitude, quando livre, os escravos judeus readquiriam a liberdade no Ano Sabático. No Ano Jubilar, valoriza-se a importância da terra e da família. A terra é dada por Deus e, por isso, é inalienável. Este preceito procurava evitar que a família perdesse a capacidade de subsistência. Renunciar à sua terra era, também, perder a memória dos antepassados, que eram enterrados nessa terra. Por isso, no Ano Jubilar, as terras voltavam à família a quem tinham pertencido.
A família, que entre os Judeus tem um valor fundamental na estrutura social, é muito ampla e abrangente (inclui várias gerações que coabitam). Nessa família, cada um encontra o esteio que o protege e sustem. Na visão judaica, falhando a família também o próprio povo pode soçobrar.
A “Festa da Expiação” ou o “Yom Kippur”, é uma festa em que se pretende restabelecer a comunhão entre Deus e o Homem. Celebra-se no décimo dia do sétimo mês do ano judaico. Nesse dia, em Israel, o “Shôfar” soa, convidando a passar do individualismo para um povo.
O Jubileu cristão pretende também passar do indivíduo para uma verdadeira comunhão, na Paróquia, na Diocese, na Igreja. O Senhor Bispo pretende que a abertura do Ano Jubilar, paróquia a paróquia, seja uma vaga que faça crescer esta família, na nossa Diocese.
Como propostas de reflexão e de acção, nascidas da apreciação bíblica, o Senhor D. António Couto deixou-nos sete temas.
1. Deus é o Senhor de todos e de tudo. Eu não sou proprietário de ninguém nem de nada.
2. Nós somos estrangeiros e hóspedes nesta terra. E estamos a caminho da verdadeira terra.
3. O Senhor dá a vida, o tempo, o alimento, o descanso, aos homens, aos campos, aos animais.
4. O Senhor dá o Sábado, o Ano Sabático, o Ano Jubilar.
5. O Senhor dá a família e a fraternidade.
6. O Senhor dá a libertação, quebra as amarras do “eu”.
7. O som do Shôfar convoca e opera renovação e reunião, faz passar do “eu” para o “nós”: abre uma dança sem fim.
Porque, no dia 11 de outubro, a partir do pôr-do-sol, se dava início à celebração do da grande festa judaica do Yom Kippur e do novo Ano Jubilar Judaico, o Senhor Bispo, D. António Couto, quis que a Diocese de Lamego, simbolicamente se associasse a este acontecimento importante na vida dos nossos irmãos judeus. Por isso, o P. Marcos Alvim fez soar, pelas naves da Sé Catedral, o Shôfar (feito de corno do carneiro), convidando toda a comunidade cristã diocesana a associar-se a este evento religioso judaico.
A terminar a sessão, todos os presentes cantaram o novo hino diocesano para o Ano Jubilar 2025, em primeira audição pública. O autor deste hino é o P. Marcos Alvim.
Manuel Ribeiro, in Voz de Lamego, ano 94/46, n.º 4774, de 16 de outubro de 2024