Na Missa de abertura da segunda sessão deste Sínodo, o Papa propôs que a 7 de outubro se vivesse “um dia de oração e jejum pela paz no mundo”. Aliás, como já tinha acontecido no antepenúltimo dia da primeira sessão, em outubro passado. O motivo desta proposta é o mesmo de há um ano atrás. Os conflitos que afligiam o Papa o ano passado, não só não se resolveram, como se avolumaram. Com a agravante de que, desde então, muitas dezenas de milhares de pessoas perderam a vida. E outras tantas vivem em condições desumanas, por causa dos bombardeamentos contínuos, que lhes destroem os haveres e as empurram para campos de refugiados.
Uma novidade desta segunda sessão do sínodo é a proposta de realização de 4 fóruns teológico -pastorais, que acontecem também fora da aula sinodal e são abertos ao público. Cada fórum tem 4 oradores (2 teólogos/as; 1 perito/a em Direito Canónico e 1 bispo) que fazem uma breve exposição inicial e de seguida respondem às perguntas do público. Os temas são: “O povo de Deus, sujeito da missão”; “O papel e a autoridade do Bispo numa Igreja sinodal”; “A relação silenciosa entre a Igreja local e a Igreja universal” e “O exercício do primado e o Sínodo dos Bispos”.
Na passada quarta-feira, dia 9, aconteceram já dois desses fóruns, em dois auditórios da cidade eterna. Relativamente ao primeiro tema, “O Povo de Deus como sujeito da missão”, um dos oradores referiu a importante expectativa que os leigos foram criando de contribuir de forma ativa e madura para a vida da Igreja, esperando ser ouvidos e exigindo mais transparência. Outro dos intervenientes alertou para um “duplo risco”, quando se fala de sinodalidade: ver nela um processo “meramente democrático” ou um processo “meramente consultivo”. Ainda outro interlocutor sublinha a necessidade de a Igreja superar uma atitude autorreferencial.
No segundo fórum, este sobre “O papel e a autoridade do bispo numa Igreja sinodal”, os intervenientes repescaram as diretrizes conciliares para falar do assunto em questão. Um dos locutores falou dos bispos como “irmãos” e “amigos”, sublinhando que o Concílio vê “no episcopado, no ‘nós do povo de Deus’, a realização da Igreja na sua peregrinação no mundo”. Outro participante recordou que os documentos do Concílio Vaticano II enquadram “o ministério ordenado em termos precisos” e como “serviço à Igreja”. Outro, ainda, considerou oportuno “pensar o ministério como um governo partilhado”, pelo que cada bispo “pode e deve” delegar “tarefas de responsabilidade no governo da Igreja”.
Ainda outra iniciativa, fora do espaço sinodal, foi levada a efeito no dia 11 de outubro. Quando a noite ia descendo sobre a cidade de Roma iniciou-se uma vigília ecuménica, que o Papa Francisco propôs, para assinalar o dia em que o Concílio Vaticano II teve início, e os 60 anos da aprovação do decreto conciliar Unitatis Redintegratio, sobre o diálogo ecuménico. Vários países do mundo cristão acolheram a iniciativa e realizaram essa vigília, no mesmo dia e à mesma hora, em comunhão com Roma. O lugar escolhido, dentro do Vaticano, foi a Praça dos Protomártires, onde a tradição localiza o martírio de São Pedro, que é uma significativa referência à unidade necessária, própria dos começos do cristianismo.
Por tudo isto é fácil perceber que fora da Aula Paulo VI acontece, afinal, muito trabalho sinodal.
Pe. Diamantino Alvaíde, in Voz de Lamego, ano 94/46, n.º 4774, de 16 de outubro de 2024