A Alegria de ser tocado por Deus
Eu, Tiago Samuel Miranda Fonseca, nasci no ano de dois mil, sou seminarista do sexto ano e sou natural da Paróquia de Santiago de Piães, Concelho de Cinfães. É com grande alegria e de coração cheio que partilho o meu testemunho vocacional.
Todo este percurso surgiu de forma simples, na infância, ao dizer que queria ser padre. Um destes primeiros momentos em que o disse, foi no ensino primário quando a professora perguntou qual seria a profissão que gostaria de ter no futuro e eu respondi que queria ser padre. Nessa altura, como era muito novo, ainda não sabia o que era o Seminário, mas com o passar do tempo entrei para os acólitos da minha Paróquia: acontecimento único que me marcou de forma significativa. De seguida, pelo nono ano de escolaridade, fui convidado por um colega para ir fazer um Pré-Seminário, que consiste num encontro, durante um fim-de-semana, de conhecimento e de experiência do dia-a-dia de um seminarista. Foi uma experiência boa e motivadora que no ano seguinte me impulsionou a entrar para o seminário. Mais tarde, integrei-me no grupo de jovens da minha Paróquia, tendo a oportunidade inesquecível de poder viver a Jornada Mundial da Juventude de 2023. De muitas experiências motivadoras ao longo desta caminhada, a que mais fortaleceu a minha vocação foi frequentar os Convívios Fraternos. Foi uma experiência única em que senti verdadeiramente que o meu caminho é, sem dúvida, seguir Jesus. Para enriquecer ainda mais este caminho destaco o berço que me viu nascer e crescer, a minha Paróquia, estando sempre que possível envolvido nas diversas atividades que se realizam.
Nesta caminhada sinto firmemente que tem sido muito importante a minha família e o meu Pároco, não só no crescimento da minha vocação, mas também no meu crescimento como cidadão. Em minha casa, no meio de tanta simplicidade, sempre encontrei um lugar de paz tendo também contribuído para a descoberta do que era o amor de Deus, a partir do contacto com os meus pais e avós. Foi pela consistência das relações que tinha em casa e com momentos tão simples como rezar o Terço que Deus começou a entrar na minha vida.
Estando a viver a Semana dos Seminários sou interpelado a responder à pergunta “Que posso eu esperar?” (Sl 39, 8). A resposta é clara, no entanto, desafiadora. Espero dar mais do que receber, dar-me no serviço aos outros, na disponibilidade, na atenção e na entrega, estar ao serviço de Jesus e da Igreja que é o Seu Corpo. Para tal, de extrema importância é a oração presente em cada ação que realizo em cada dia.
Assim, ao longo deste caminho de Seminário, deste caminho de aprofundamento da minha vocação, vou deixando que seja Aquele que me tocou e me inquietou com as Suas palavras: “Vem e segue-Me” a construir o meu futuro. Futuro esse que se torna simplesmente cheio de alegria, entusiasmo, amor e dedicação, quando Deus é o meu único e verdadeiro guia. Só no Senhor está a minha esperança.
Tiago Fonseca (6.º Ano)
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Testemunho vocacional
Neste caminho de seminário que estou a trilhar com o Senhor espero ser sempre dócil à voz do Espírito Santo, para que eu me deixe guiar sempre por Ele e não pelos meus “apetites”.
Tenho consciência que é um caminho que exige muita entrega, ou melhor, total entrega ao Senhor e aos outros. Por isso, como num certo livro Jesus dizia a um monge, é preciso «avançar com humildade, mas confiante e sem medo». De facto, é assim que desejo progredir no caminho.
Surge a pergunta: o que posso esperar?
A esta pergunta não hesito em responder como S. Tomás de Aquino: «nada senão Vós Senhor». É o Senhor a razão da minha esperança e do meu caminho. Que outra coisa poderia eu esperar!? Talvez ser amado por ser “fixe”, louvado, honrado, reconhecido, que as pessoas gostem todas de mim… Enfim…isto e muito mais poderia eu esperar, todavia não é isto que faz com que eu queira caminhar rumo ao sacerdócio.
Neste caminho com o Senhor desejo ter sempre presente a oração de S. Francisco de Assis em que diz:
«Senhor,
Fazei de mim um instrumento de vossa Paz.»
Para colocar esta oração na prática preciso de beber da Verdadeira Fonte que é Jesus, pois «sem Ele nada podemos fazer», por isso não quero fazer nada sem que primeiro perceba qual a vontade do Senhor, pois como Ele disse a um monge: «Uma única hora de adoração é muito maior do que o bem de cem dias de ininterrupta pregação e trabalhos apostólicos». Esta frase faz-me lembrar S. João, a quem tomei como intercessor e exemplo, que colocava o seu ouvido junto do coração de Jesus para escutar a voz silenciosa do Seu coração. Quero neste percurso escutar Jesus e guardar a Sua palavra como Nossa Senhora Sua Mãe e minha Mãe, para que com Ela e como Ela saiba amar verdadeiramente Jesus.
Carlos Almeida, seminarista do 1º ano
in Voz de Lamego, ano 94/49, n.º 4777, de 6 de novembro de 2024