Jubileu dos 25 Anos da Ir. Natividade de Santa Maria, Monja Dominicana
“Eis-me aqui Senhor...” são as palavras da Virgem Maria.
Foi com muita alegria e profunda gratidão poder participar da Eucaristia de ação de graças, no Mosteiro das Monjas Dominicanas de Lamego, agradecendo ao Senhor pelo dom da Vocação da Ir. Natividade ao longo de 25 anos numa vida de Entrega e missão através do silêncio, oração e Contemplação.
Foram vividos momentos muito profundos, através do canto, de gestos e simbologias concretizados na renovação da consagração Religiosa que preencheram e tornaram a celebração eucarística repleta de tudo quanto podemos dizer profunda.
O sentido de festa com que a liturgia foi celebrada e vivida por cada participante não deixou à margem da realidade do que se estava a testemunhar, ninguém que esteve presente. Foram momentos de ação de graças pelo dom da Vida Religiosa, concretizados na pessoa da Ir. Natividade e da comunidade que vivem o carisma dominicano na contemplação e oração em clausura e comunicam através da vida uma vocação tão especial e tão necessário na Igreja, ontem, hoje e sempre.
A partilha do pão e o convívio foi um segundo momento de muita festa e vida. Fez-se sentir o quanto é bom viverem os irmãos em harmonia e alegria. São Domingos durante o dia dedica a sua vida aos irmãos e à noite a Deus, através da oração e contemplação.
Que o espírito que orientou São Domingos continue a iluminar os nossos passos hoje e sempre.
Ir. Teresa André, DSCS
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Partilhamos as palavras de agradecimento da Irmã Natividade, acolhendo o testemunho da sua vida, a sua vocação e caminho como cristã e religiosa:
Excelência Reverendíssima, Sr. Bispo Dom António Couto, reverendos sacerdotes, Família Dominicana, amigos do Mosteiro e queridos irmãos em Cristo.
Sede todos bem-vindos a esta celebração de ação de graças, onde juntos, elevamos a nossa gratidão pela infinita misericórdia e o perdão de Deus.
Ao completar hoje 25 anos da minha vida consagrada, vejo-me envolvida por um sentimento de gratidão que me ultrapassa… por isso como a Virgem Maria nossa Mãe digo: “a minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador”
Sei que este caminho não o trilhei sozinha, nem com as minhas próprias forças. Tudo começou com um simples e profundo olhar de Jesus que, passando por mim disse-me: “segue-Me”! Como Pedro, Tiago, João e outros que ao longo da história foram dizendo “SIM QUERO”, também eu perguntei a Jesus: “Mestre onde moras”? Vem ver, foi a resposta de Jesus. Fui, vi e fiquei!!!
Era um cantinho do Céu! Foi este o meu sentimento quando fui ao Mosteiro de Benguela-Angola, pela primeira vez. Até que depois de longa caminhada comecei a fazer parte daquela Comunidade.
Foi no quotidiano, feito de subidas e descidas, alegrias e dificuldades de aprendizados e descobertas, sorrisos e sonhos e esperanças que a minha vida se foi acrisolando nos primeiros passos da vida monástica.
Se olhar agora para atrás, vejo o meu passado como uma rica história de amor que Deus Pai misericordioso foi tecendo de cores variegadas e aperfeiçoando-me conforme o Seu agrado. Mas é agora, no tempo presente, que eu valorizo como positivo tudo aquilo que quiçá considerei como páginas negativas do dia a dia, porque afinal é na fraqueza onde se manifesta a força de Deus.
Hoje, vejo que foi um caminho feito com Jesus-Esposo e com a Virgem Santíssima nossa Mãe. Sempre senti o conforto daquelas palavras de Jesus: “Levantai-vos, vamos…” pois, tive que levantar-me muitas vezes e recomeçar…
Hoje, confirmo que foi uma escolha certa e por isso sinto-me feliz e realizada aqui e agora neste ambiente de alegria em que revivo a minha primeira consagração que se prolongou ao longo destes 25 anos! A fase juvenil é para sonhar, imaginar e ter sensações que vão desenhando um futuro cheio de surpresas, desejos e tudo aquilo que apenas a imaginação sabe pintar… mas a realidade é o dia a dia, hora a hora em que o Senhor vai exigindo fidelidade.
Hoje, o convite de Jesus continua a ressoar na minha vida, e assim como deixei a casa paterna para a vida monástica, também deixei a terra que me viu nascer para estar aqui neste Mosteiro, entre os lamecenses, povo carinhoso e acolhedor.
Sinto-me muito feliz! O convite de Jesus, como há 25 anos, continua sendo veemente na minha vida e por isso como uma sentinela, prestarei atenção a qualquer insinuação do Senhor para confirmar sempre o meu “EIS-ME AQUI”!
O futuro só a Deus pertence e por isso hoje, renovo o meu SIM até à morte, aberta a qualquer surpresa do Senhor, no amanhã incerto que apenas é certo quando se faz presente.
No ensejo deste grande acontecimento para a minha vida, quero agradecer a Deus pelos pais que me deu e os meus familiares que não puseram resistência à minha vocação… quero agradecer o dom da vida cristã que me permitiu ser consagrada; enalteço a Deus pela família monástica que me acolheu, onde aprendi a ser Monja, graças as Madres e formadoras que tive ao longo da minha caminhada. Agradeço a Deus por esta Comunidade com quem caminho e canto diariamente os louvores ao Pai, Filho e Espírito Santo.
Quero agradecer de maneira especial pela presença do nosso Bispo Dom António Couto, pai e pastor de todos nós. Lamecenses; agradeço também a presença do nosso Capelão Padre Carlos, da Família dominicana, Irmãs Franciscanas, os sacerdotes da nossa Diocese e sacerdotes ultramarinos meus conterrâneos, aos nossos benfeitores, amigos tão próximos do nosso Mosteiro e irmãos na fé.
A todos, a minha eterna gratidão pela vossa presença amiga nesta Eucaristia de ação de graças.
in Voz de Lamego, ano 95/3, n.º 4780, de 27 de novembro de 2024.