D. Américo Henriques em livro

Depois dos livros biográficos de D. António Castro Xavier Monteiro e de D. Américo Oliveira Couto, o padre João Carlos, Pró Vigário da Diocese de Lamego, presenteia-nos com mais um estudo sobre D. Américo Henriques, que foi como Bispo Coadjutor e depois como Bispo residencial como uma espécie de D. Sebastião, não na espera do seu regresso, mas na perspetiva de que foi pouco o tempo que esteve como Bispo de Lamego, prometendo a renovação da diocese, mas que as circunstâncias levaram à sua substituição. Os padres desse tempo sempre falaram de D. Américo Henriques aos mais novos com saudade, com entusiasmo, com a certeza de que tudo seria diferente… e claro que seria, mesmo que nunca venhamos a saber se para melhor ou para pior. A ideia que nos foi transmitida é que algumas figuras do clero, mais idosos, mais proeminentes, quais velhos do restelo, sentindo-se incomodados, e talvez não tão valorizados como achavam que mereciam, mexeram os cordelinhos para que D. Américo Henriques não prosseguisse o seu caminho entre nós.

O texto do Pe. João Carlos ajuda-nos a atravessar o seu pontificado. Para quem conviveu com D. Américo poderá reavivar memórias, para quem não o conheceu, poderá ficar a saber um pouco da sua vida entre nós e das marcas que foi deixando.

A introdução ao livro é da responsabilidade do Pe. Joaquim Correia Duarte. Partilhamos parte das palavras introdutórias: “Honra, por poder colaborar neste admirável trabalho de trazer à memória de todos essa figura de bispo que passou por Lamego como um meteoro luminoso. Dever, por ter sido colaborador do seu ministério episcopal e também beneficiário do seu desvelo pastoral.

Tenho assim a oportunidade de manifestar, publicamente, a minha grande admiração pela personalidade em causa, a minha sentida gratidão por tudo o que nos trouxe de novo, em sonhos, mobilização e projetos.

Assisti à sua entrada solene na diocese.
Dizia-se que vinha de Leiria e que fora escolhido a dedo para revigorar e renovar a nossa Igreja.
E assim foi.

A nada e a ninguém ele ficou indiferente.
Habituados, de longa data, a um bispo construtor e organizador, mas de estilo mais senhorial, o modo de estar de D. Américo revelou-o, desde logo, como um bispo mais acessível e mais próximo.

Quando nos encontrava ou se reunia connosco, sabia e queria saber de cada um de nós e perguntava o que se passava com quem não estava presente. A um sacerdote sacrificado que, todos os Domingos, de Verão e de Inverno, percorria, a pé, muitos e muitos quilómetros, por caminhos de cabras e no meio de chavascais, suportando frios e tempestades e aguentando temperaturas infernais, transpirado, sem tempo ou condições para mudar de roupa, D. Américo disse: - Isto é desumano! Vamos pôr fim a isto!

Em relação à diocese e à pastoral diocesana, ele veio cheio de ideias e de sonhos. Era preciso e era urgente aplicar na diocese as orientações do Vaticano II.
As palavras que proferiu na catedral, no momento da sua receção como bispo auxiliar, em 30 de outubro de 1966, dizem tudo: «Venho como sou: pobre de corpo e de alma, mas animado do desejo incontido de servir. Servir o Povo de Deus na Esperança, com dedicação. Servi-lo nesta maré alta da renovação cristã e da preocupação ecuménica». Nesse sentido, logo que, em 2 de fevereiro de 1971, se tornou o primeiro responsável pela diocese, como bispo residencial, cuidou de imediato em pôr em funcionamento o Conselho de Presbíteros, dando-lhe uma composição bem representativa e um regulamento próprio.

A passagem de D. Américo entre nós foi um verdadeiro vendaval pentecostal. A sua presença e a sua dinâmica não permitiam que alguém ficasse na apatia ou na indiferença.

Tal dinâmica não agradou a todos e alguns, muito instalados e demasiado influentes, terão estado na origem da sua prematura saída e do seu inesperado afastamento. Como meteoro de alta velocidade, depois de se erguer em Leiria, brilhou nos céus de Lamego e acabou por aterrar em Angola, na diocese de Nova Lisboa”.

De sublinhar que, também em relação a D. Américo Henriques, o nosso jornal Voz de Lamego permitiu recolher notícias, textos e datas, contribuindo e facilitando a investigação realizada para levar a bom termo o presente livro.

As raízes fazem parte da nossa identidade. Revisitar a história, através, neste caso, de um rosto, uma pessoa, o Bispo diocesano, ajuda a perceber o pulsar de pessoas e comunidades de outros tempos, com entusiasmo, mas também com as adversidades do caminho. Renovemos o entusiasmo, sabendo da inevitabilidade dos contratempos, para a seu tempo, parafraseando o poeta, recolheram todas as pedras do caminho e com elas construir pontes, contruir algo que nos aproxime e nos faça mais irmãos.

 

in Voz de Lamego, ano 95/6, n.º 4783, de 18 de dezembro de 2024

 

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