Cada arciprestado da nossa diocese tem o compromisso de organizar uma jornada de recoleção par o clero. No mês de dezembro, calhou ao arciprestado de Moimenta da Beira, Sernancelhe e Tabuaço organizar a recoleção, escolhendo o Santuário de Nossa Senhora da Lapa para a realização do mês.
No dia 14 de dezembro, sábado, a manhã trouxe alguns sacerdotes à Lapa para participarem nesta recoleção, orientada pela Irmã Eliete, da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição.
A começar o encontro, a oração de Laudes, intervalada com os salmos, os silêncios e a música, a palavra de Deus e a reflexão.
Dentro do tempo de oração de laudes a breve reflexão: “A ditosa esperança tem um exemplo perfeito; Maria, Mãe de Jesus. O Advento é o tempo por excelência de Maria, a Virgem da espera. ‘A esperança é a virtude da vida quotidiana, na qual se faz o possível e se confia a Deus o impossível’ (K Ranher). Com o seu ‘sim’, abriu a Deus a porta do nosso mundo: o seu coração de jovem estava cheio de esperança, totalmente animada pela fé; e assim Deus escolheu-a e ela acreditou na Sua palavra. Ao lado de Maria está José, descendente de Jessé e de David; também ele acreditou nas palavras do anjo e, olhando para Jesus na manjedoura, medita que aquele Menino vem do Espírito Santo, e que o próprio deus lhe ordenou que o chamassem assim. Na sua exemplaridade para a Igreja, Maria é plenamente a Virgem do Advento, na dupla dimensão que tem sempre na liturgia a sua memória: presença e exemplaridade, presença litúrgica na Palavra e na oração, para uma memória agradecida d’Aquela que transformou a espera em presença, a promessa em dom”.
Depois da oração, a conferência-reflexão da Ir. Eliete, prevenindo desde logo para o facto da dificuldade de falar a sacerdotes, socorrendo-se para o efeito documentos da Igreja e dos Papas. Algumas ideias a reter: vemos muitas coisas, demasiadas coisas, e corremos o risco de não ver os sinais, as pegadas de Deus no mundo… tentar acolher alguma coisa com as mãos cheias será difícil, temos que nos esvaziar de nós, como Maria, renunciando, por vezes, a vontades e desejos próprios e até a projetos… o padre é sinal e ministro do mistério pascal, testemunha com palavras e com a vida… a sua identidade, viver e testemunhar o mistério, testemunhar o amor de Deus, testemunhar a alegria do evangelho… o nosso testemunho não pode enganar, pois foi inscrito por Deus no nosso coração… quem tem esperança, foi-lhe dada uma vida nova e, por conseguinte, a alegria… para testemunhar, para contagiar os outros, só com entusiasmo, alegria, com gestos de verdade, amizade e amor… que valor tem a vida que me é dada? Perguntemo-nos: as pessoas ficam admiradas com o que eu testemunho, ao ponto de se aproximarem e quererem saber mais?
Num momento mais lúdico, segundo a própria, a Ir. Eliete apresentou um filme, com alguns recortes, uma espécie de trailer, baseado em factos reais, sobre o primeiro soldado objetor de consciência, durante a Segunda Guerra Mundial, Desmond Doss (1919-2006). Recusou-se a pegar em armas para matar, optando por resgatar os colegas que iam ficando feridos. Considerado cobarde, acabou ser aclamado como herói.
No site da RTP (https://www.rtp.pt/programa/tv/p37575), pode encontrar-se a promoção com o enquadramento do filme, “O Herói de Hacksaw Ridge”: “Um dos maiores heróis da história americana nunca disparou uma arma. A extraordinária história verídica de Desmond Doss que, em Okinawa, numa das batalhas mais sangrentas da 2.ª Guerra Mundial, salva 75 pessoas sem disparar uma única arma.
Desmond Doss foi o único soldado americano que, durante a 2.ª Guerra Mundial, luta na frente de batalha sem estar armado, acreditando que apesar de a guerra ser justificada, matar continuava a ser errado. Como médico do exército, consegue evacuar, por si só, os feridos que tinham ficado em território inimigo, arriscando a ser abatido enquanto tratava dos soldados caídos, sendo ferido pela explosão de uma granada e atingido pelos tiros de snipers.
Devido à sua bravura, Doss torna-se no primeiro objetor de consciência a ser condecorado com a Medalha de Honra do Congresso Americano”.
A concluir, a Ir. Eliete enquadra Desmond Doss como um verdadeiro testemunho. Contagia pelo exemplo.
Seguiu-se um tempo de exposição, adoração e bênção do Santíssimo Sacramento. O encontro finalizou com a refeição, novo momento de confraternização, de proximidade, de diálogo, fortalecendo os laços que nos unem enquanto membros do mesmo presbitério.
in Voz de Lamego, ano 95/6, n.º 4783, de 18 de dezembro de 2024