Para a celebração deste dia em Lamego, foi solenizada particularmente a eucaristia dominical das 10h, na igreja de S. Francisco. A celebração foi presidida por D. Jacinto Botelho, em representação de D. António Couto, em visitas pastorais.
No início da eucaristia houve uma bela admonição feita pelo Padre Avelino da Silva, Beneditino, como presidente do Secretariado Diocesano da Conferência dos Religiosos de Portugal e da Conferência Nacional dos Institutos Seculares de Portugal CIRP/CNISP. Nela foi dado o sentido da celebração e foram nomeados os consagrados que, durante este ano, fazem o seu jubileu de consagração: 25 anos de consagração, no dia 19 de Março, Irmã Mª de Fátima Monteiro Jerónimo, do Instituto das Filhas de S. Camilo; 50 anos de consagração, no dia 25 de Março, Mª Regina de Jesus Silva, do Instituto Secular Filiação Cordimariana, vivendo em Caria; 50 anos de ordenação sacerdotal, no dia 21 de Julho, Padre Amador Pereira Carreira, da Ordem dos Franciscanos; 50 anos de consagração, no dia 24 de Setembro, Irmã Tereza da Conceição Moreira Lopes, do Instituto das Irmãs Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus, vivendo em S. Cosmado e 50 anos de consagração, no dia 02 de Outubro, Irmã Mª Fernanda Ribeiro Antunes, do Instituto das Irmãs Servas de Nª Sª de Fátima, em Lamego.
A eucaristia foi animada pelo dedicado coro da igreja de S. Francisco, coordenado e acompanhado ao órgão pelo Padre franciscano, Arnaldo Taveira Araújo. Além do povo de Deus, e de vários membros dos Institutos já referidos, estavam na assembleia, representantes dos seguintes Institutos de Vida Consagrada: Dominicanas de Stª Catarina de Sena, Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, Sociedade das Irmãs Filhas do Coração de Maria, Auxiliares do Apostolado e Associação dos Servos de Maria e do Coração de Jesus: ao todo, 23 consagrados, alguns vindos de bem longe, mas em jubilosa e serena alegria. As Leituras da Missa e o Ofertório solene foram feitos sobretudo pelas consagradas em jubileu.
Na sua bela e interpelante homilia, D. Jacinto disse que estávamos ali para agradecer a Deus a riqueza do dom da Vida Consagrada na variedade dos seus carismas; para a conhecer melhor e valorizar e para cada consagrado actualizar o seu SIM, renovando a resposta à vocação “que um dia alvoroçou o seu coração” (Papa Francisco, no encontro que teve com os religiosos no Chile).
Referindo-se às Leituras acabadas de ser proclamadas, e começando pelo livro de Job, D. Jacinto disse que todos os discípulos e discípulas experimentam horas de perplexidade em que não é fácil atinar com o caminho que devemos seguir, sendo a pior tentação de todas a de ruminar a desolação (Papa Francisco) e que o que fortalece cada consagrado e o mantém é a Sua misericórdia. Disse que Jesus não quer que escondamos as nossas feridas pois não somos melhores que os outros (Papa). Que não obstante os nossos pecados, os nossos limites, as nossas quedas, Jesus deu-nos a mão e teve misericórdia. Que a pessoa consagrada é alguém que encontra nas suas feridas os sinais da Ressurreição (Papa).
Disse que, no passado dia 2 de Fevereiro – Dia Mundial do Consagrado – na Basílica de S. Pedro, o Papa falou do Encontro de Jesus no templo, para dizer que, no caso dos consagrados, tudo começou com o encontro com o Senhor e os irmãos, na comunidade a que pertencem. Que não há encontro com Jesus sem encontro com o outro (3ª Leitura). Disse que a vida agitada de hoje nos induz a fechar as portas ao outro. Que não aconteça olharmos mais para o écran do telemóvel ou da televisão do que para os olhos do irmão e da irmã, ou fixarmo-nos mais nos programas de rádio do que no Senhor: a vida religiosa nasce e renasce do encontro com Jesus – pobre, casto e obediente – e do encontro com os irmãos.
Que fazemos parte da grande multidão dos que procuram Jesus: “Todos Te procuram!”. Nós temos de procurá-l’O para nos sentirmos enviados à comunidade transfigurados para transfigurá-la.
D. Jacinto disse que o Papa Francisco nos lembra, evocando a Palavra de Jesus “Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o último e o servo de todos” e que a verdadeira grandeza passa por ser pequenino e servidor. D. Jacinto, então, perguntou: “Não foi o que nos disse S. Paulo “Ai de mim se não evangelizar” (2ª Leitura)? E como se evangeliza? Ouçamo-lo: “De todos me fiz escravo. Fiz-me tudo para todos”. Então disse que o nosso serviço não podia identificar-se com assistencialismo, nem paternalismo, mas com a conversão do coração. Que o problema não estava em dar de comer ao pobre, vestir o nu, assistir o doente,… mas em considerar que cada um tem a dignidade de se sentar às nossas mesas, em casa, entre nós, sentindo-se em família. Que este é o sinal de que o Reino de Deus está no meio de nós.
Disse que é o momento de renovarmos o nosso compromisso, não ficando à espera de um mundo ideal para evangelizar, mas criar condições para que cada pessoa possa encontrar-se com Jesus. E que renovação é amar e não se amam as situações nem as comunidades: amam-se pessoas.
D. Jacinto terminou a sua prelecção, recitando o belo poema de D. António Couto, que este lera na Rádio, no passado dia 02 de Fevereiro de 2018:
Toda a Vida Consagrada
É uma vida com dedicatória
Obrigatória
Ao antes de cada madrugada
Perfumada,
Senhor de mim
E do meu Sim.
Desde sempre pensado e amado
É-me dado um segmento de tempo
Para responder ao Amor,
E a eternidade inteira
Para viver à Tua beira,
À Tua maneira.
Ó meu imenso do Amor
A que eu chamo Senhor.
Obrigado por olhares por mim e para mim
Tão humano e pequenino
E por me dares por destino
O Teu coração divino.
Que eu seja, então, sempre Amor
Em cada dia ao Teu dispor
Senhor da minha alegria.
Pediu, então, aos presentes que pedissem ao Senhor que cada consagrado se tornasse instrumento de paz.
Depois os consagrados presentes renovaram os seus votos e, no momento de Acção de Graças, todos rezaram uma linda oração do Consagrado, composta pelo Papa Francisco, que era a síntese da homilia de D. Jacinto. Antes da bênção final, apesar de a hora já ir adiantada, ninguém se enfadou mas antes a assembleia vibrou com o testemunho vocacional dado alegremente pelo Padre Amador.
Irmã Teresa Frias
Serva de Nª Sª de Fátima
Secretária da CIRP/CNISP diocesana
in Voz de Lamego, ano 88/10, n.º 4447, 6 de fevereiro de 2018