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Curso bíblico sobre Job, orientado por D. António Couto

Nos dias 17, 18 e 19 deste mês, teve lugar, no centro paroquial de Almacave, um curso acerca do livro de Job. Foi orientado na íntegra pelo nosso bispo, D. António Couto e, para além de curso, foi também percurso espiritual, onde foi trilhado o caminho do duríssimo tema do sofrimento humano e de como se fala de Deus nesse mesmo sofrimento.

Os dois primeiros dias foram essencialmente focados no que aconteceu a Job e na sua resposta a isso. O último dia foi direcionado para a resposta de Deus a tudo isso.

Fomos dano conta de que nenhum das personagens é judeu. Nenhum deles fala de YHWH. Assim o texto não está preso ao judaísmo, mas aberto a todo o mundo.

Têm grande relevância no texto os amigo de Job que, naquele sofrimento todo, vêm para o confortar. Aparentemente, os amigos de Job são os que falam melhor de Deus. Contudo Este adverte-os de que eles não falam canonicamende d'Ele. Parece uma contradição. Job passa o tempo a "reclamar" com Deus e acaba por ser ele aquele que é dado como exemplo. Os amigos, com uma teologia gasta, falam de Deus com os dogmas à frente da realidade das pessoas. Eles vão visitar o que sofre, porém, com palavras estragam-lhe a vida. Em nome de ideais ainda lhe causam mais sofrimento. "Cada um tem o que merece" é a lógica dos amigos de Job. A linguagem teológica, ainda que esteja muito certa, numa situação real de um sofredor pode causar muita rutura.

Os amigos de Job têm na cabeça um Deus "boneco", que dá coisas boas aos que fazem bem e coisas más aos que se portam mal. A grande luta de Job (com os amigos, com Deus e com ele próprio) é libertar Deus desta conceção e o Homem desta amarra.

A grande novidade deste livro não é que nós, pelas nossas escadas ascéticas, chegamos até Deus, mas que Deus chega até nós. Passar do falar de Deus ao ver Deus. Isto, à altura que foi escrito, foi totalmente novo. Aliás, mesmo hoje ainda não o entendemos bem.

Com os seus discursos, os amigos de Job (tal como a sua mulher) querem salvar os seus princípios relativos a Deus, em vez de quererem salvar o seu amigo. Em vez de uma pessoa para amar, eles veem um caso para estudar.
Chegamos, assim, à “voz-off” de todo o livro, que é o capítulo 28: o coração do livro. Nesse capítulo, dá-se um enorme hino à sabedoria, que não tem a sua origem no ser humano. Nesse capítulo vemos que só Deus sabe a razão pela qual as coisas estão como estão. Essa é a grande sabedoria que o Homem deveria procurar e não outra. O Homem consegue tudo, mas, onde está a sabedoria quando tem ouro, prata, etc. e perde tudo?

Nesta luta entre o amor a uma sabedoria (filosofia) sem dor e a sabedoria de um amor dorido e agónico, surgem as vagas de perguntas da parte de Deus a Job. Este, no seu lugar, responde com toda a humildade de que é capaz e Deus mostra que, quem falou canonicamente (corretamente) d’Ele tinha sido Job e não os amigos, com aquela filosofia barata. O capítulo 42 é a prova de que, falar canonicamente de Deus pode ser também “reclamar” com Ele. É dizer mal da nossa vida, se necessário, mas absolutamente nunca participar da grande origem de todo o mal que é maldizê-l’O.

Agradecemos profundamente ao D. António por tão belo (per)curso e, naturalmente às paróquias de Almacave e Sé, na pessoa dos seus párocos, pela promoção deste encontro.

in Voz de Lamego, ano 88/21, n.º 44587, 24 de abril de 2018

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