Pastoral Juvenil Vocacional
Nas vésperas da realização da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre o tema “Os Jovens, a Fé e o Discernimento Vocacional”, nos dias 18-20 de junho realizou-se as Jornadas Pastorais do Episcopado sobre o tema: “Pastoral Juvenil Vocacional”, em Fátima. Os representantes da nossa Diocese de Lamego foram Pe. Luís Rafael Azevedo (Diretor da Departamento da Pastoral Juvenil) e o Pe. Ângelo Santos (Diretor do Departamento da Pastoral Vocacional). A abertura das Jornadas foi da responsabilidade do Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente. Na sua intervenção saudou os participantes desta jornada, fazendo duas referências particulares: felicitou D. António Marto pela sua criação como cardeal e D. António Luciano pela sua ordenação episcopal. Os conferencistas destas Jornadas foram os Padres Fábio Attard e Mário Óscar Llanos, ambos da Congregação dos Salesianos de S. João Bosco.
O Pe. Fábio Attard centrou a sua exposição nos resultados dos inquéritos feitos aos jovens como preparação para o Sínodo. Do estudo desses resultados fica claro que os jovens solicitam aos agentes pastorais as seguintes disposições: proximidade/acolhimento, escuta/protagonismo e acompanhamento/discernimento. Os jovens pedem fundamentalmente relações humanas, marcadas por um forte sentido de presença. Nesta linha uma das disposições fundamentais solicitadas pelos jovens e que foi um leitmotiv destas jornadas foi a palavra autenticidade. O Pe. Fábio sintetizou que “os jovens querem que aqueles que são chamados a viver a missão de pastores e educadores sejam pessoas acolhedoras, capazes de escutar, sem medo de compartilhar responsabilidades com os jovens. Esperam pessoas que sejam profetas – autênticos e coerentes. Os jovens não querem que a sua participação seja só presencial, mas também decisional”. O Pe. Fábio sublinhou três atitudes básicas para a Pastoral Juvenil: humildade (escuta da história), empatia (entrar na história e não só comentá-la) e martyria (testemunho).
O Pe. Mário Llanos começou a sua intervenção citando o beato Paulo VI “Toda a vida é uma vocação”. A vocação é uma realidade constitutiva do ser humano. Pe. Mário Llanos nas suas exposições incidiu na necessidade de clarificar o conceito de vocação. Ele propôs aos presentes uma definição operativa de vocação: “A Vocação é uma realidade teândrica (divina-humana), constitutiva do ser humano, descoberta no diálogo com o Criador através do discernimento e acompanhamento, e expressa num projeto de vida que converte-se para nósem: fonte de identidade, parâmetro da sua alteridade, garantida da sua continuidade e energia de desenvolvimento, até transformar-nos em imagem de Cristo, membros ativos da Igreja e em sinal do Reino de Deus.” Parao Pe. Mário Llanos a vocação é a versão crente do Projeto de Vida.
Ao longo das Jornadas realizou-se dois Painéis. Num primeiro Painel estiveram presentes os jovens portugueses que participarem na Reunião Pré-Sinodal (Joana Serôdio, Rui Teixeira, Tomás Virtuoso), que fizeram eco das suas vivências nessa reunião em Roma. Foram unanimes na constatação de empenho que os jovens tiveram nessa reunião. Nesta Reunião Pré-Sinodal ecoou a necessidade na Igreja de uma “Revolução da Autenticidade”. Num segundo Painel intervieram os diretores nacionais da Pastoral Juvenil (Pe. Francisco Diniz), Pastoral Vocacional (Pe. José Alfredo Costa) e da Pastoral do Ensino Superior (Pe. Eduardo Duque) que fizeram um ponto da situação destes vários setores da pastoral.
Durante as Jornadas comemorou-se os 50 anos de Sacerdócio do Núncio Apostólico D. Rino Passigato. Na Eucaristia que presidiu na homilia fez uma resenha de todo o seu percurso ao serviço da Igreja de forma particular no serviço do Corpo Diplomático, sublinhando vários episódios que marcaram estes 50 anos do seu ministério sacerdotal. Sendo no almoço festivo dos seus 50 anos de sacerdócio congratulado com uma imagem de St. António de Lisboa. Neste almoço também felicitou-se D. Manuel de Madureira Dias pelos seus 30 de ordenação episcopal, sendo este bispo natural da nossa Diocese de Lamego, mais concretamente de Tarouquela (Cinfães).
Por fim, no encerramento das Jornadas D. Manuel Clemente propôs um itinerário para a Pastoral Juvenil Vocacional assente em três momentos: “do que se gosta, a gostar de Cristo para passar a gostar do que Cristo gosta”. Frisando que estes três momentos fazem parte da história de cada vocação, exortando que o terceiro momento é o mais crucial e decisivo na vida. Ao longo das Jornadas viveu-se um clima de inquietação sobre estes dois temas de grande relevância para a vida da Igreja nos dias de hoje ficando como nota final que “os jovens não são um problema, mas um desafio”.
Pe. Ângelo Santos, in Voz de Lamego, ano 88/30, n.º 4467, 26 de junho de 2018