Santa Eufémia, virgem e mártir, é venerada em, pelo menos, três locais da Diocese de Lamego, no Santuário de Parada do Bispo, no Santuário de Penedono e na Paróquia de Pinheiros, na Zona Pastoral de Tabuaço.
Segundo reza a história, nasceu cerca do ano 288, em Calcedónia, numa família nobre e respeitável, que vivia segundo os ideais cristãos. Com o imperador Diocleciano, as perseguições do império aos cristãos acentuam-se. Eufémia testemunha a crueldade nas acusações, nas torturas e na morte de muitos cristãos. Ao ver a força dos mártires, arde nela o desejo de também dar testemunho por Jesus Cristo. O juiz perseguidor dá-lhe a oportunidade, como jovem, bela e nobre, de renunciar à sua fé. Eufémia mantém-se firme, sofrendo, por isso, diversos tormentos. Não vacila. Foi morta a 16 de setembro de 304.
Diz o grande Santo Ambrósio: “A santa e gloriosa Eufémia conservou a virgindade e mereceu ser cingida com a coroa do martírio. Pelas suas preces o inimigo foi vencido, o adversário Prisco eliminado, a virgem tirada do fogo da fornalha, sã e salva, as pedras duras transformadas em pó, as feras amansaram-se e submeteram-se, todos os suplícios foram superados pela oração; por fim, trespassada pela espada, deixou a prisão da carne e, jubilosa, juntou-se ao coro celeste…”
Há muito que a sua festa se converteu numa importante romaria para as paróquias do concelho de Tabuaço, mas igualmente para outras paróquias vizinhas, dos concelhos de Armamar e de Moimenta da Beira. O dia principal é o dia 16 de setembro. Ainda hoje há romeiros que vêm manhã cedo a pé, confessam-se, participam na Eucaristia, comungam, cumprem a suas promessas, fazem os seus pedidos e, alguns, ficam para almoçar, trazendo o farnel ou recorrendo a quem o prepara refeições para este dia.
Ao longo de todo ano deslocam-se a Pinheiros pessoas de diversas proveniências, cumprindo promessas, fazendo votos, agradecendo as graças concedidas por sua intercessão, oferendo a Sagrada Eucaristia em honra de Santa Eufémia.
O momento principal é a celebração da Santa Missa, com pregação e seguida da Procissão. No dia 16, tivemos como pregador o Pe. João Carlos (Cónego), Pró Vigário Geral, que também presidiu à celebração. Na homilia foi sublinhando precisamente a tradição da Romaria a Pinheiros, encontrando-se peregrinos a pé, alugando táxis ou em carro próprio, que vêm rezar juntos, agradecer, oferecendo as suas vidas a Deus, pela intercessão de Santa Eufémia. Seguindo o Evangelho de domingo, o Pe. João desafiou a pegarmos na nossa Cruz, não tanto na de Cristo, mas na nossa cruz, por inteiro, pois se não pegarmos direito na nossa cruz vamos dar com ela nos outros, atrapalhando a caminhada. Por outro lado, pedindo a Deus, pela intercessão de Santa Eufémia, que possamos livrarmos de toda a espécie de leões, leão do medo, da arrogância, leão da inveja, do egoísmo, para caminharmos mais leves e mais alegres.
O segundo dia de festa (mais popular) é em honra de Santa Bárbara, junto à Capela que lhe é dedicada. O número de pessoas é inferior, é um dia sobretudo para os naturais de Pinheiros, familiares e amigos. Neste dia, a pregação esteve a cargo do Pe. Joaquim Dionísio (cónego), Reitor do Seminário Maior, que foi deixando algumas perguntas, focando-se por exemplo no amor do pai de Santa Bárbara, um amor que aprisiona, que destrói, que mata. Em contraste com o Amor, com letra grande, que protege, liberta, dá a vida, como as mães em relação aos filhos, como Jesus em relação à humanidade. O pai de Santa Bárbara, centra-se em si, nas suas opiniões, é uma amor que se transforma em egoísmo… Jesus centra-se nos outros, dando a Sua vida… Então qual o amor que nós vivemos, o amor com letra grande? Entre outras coisas, incentivou-nos a pedir duas graças por intercessão de Santa Bárbara, a graça de fazer boas escolhas, sabendo que por vezes uma má escolha pode destruir uma vida, uma família, uma comunidade, e a graça da persistência, da resiliência, de resistir às adversidades, às tentações. As escolhas podem ser boas, mas ceder a uma tentação pode destruir um matrimónio, uma família…
A festa é precedida de uma novena preparatória, de 7 a 15 de setembro, havendo lugar a uma Procissão das Velas, a 14 de setembro, em honra de Nossa Senhora do Rosário, Padroeira primitiva da Paróquia. Isto quanto à parte mais religiosa, havendo, como em outras festas populares, outras ofertas ditas mais profanas, com música, animação, baile, fogo-de-artifício.
in Voz de Lamego, ano 88/40, n.º 4477, 18 de setembro de 2018