Nestes últimos 3 anos (2017 a 2019) fui presenteada com a agradável presença da Missão País na minha terra, Mêda, uma atividade organizada com dedicação pelo nosso Pároco, Pe. Basílio, onde durante uma curta e singela semana vários jovens vindos, maioritariamente, do Porto auxiliavam e ajudavam esta comunidade a vivenciar a fé de uma forma distinta, prestando o seu apoio em todas as instituições locais e habitações pessoais (entre as quais lares de idosos, Instituto D. Maria do Carmo, porta-à-porta, domicílio - em terras próximas - e escola), e participando em todas as celebrações paroquiais com a maior dignidade possível.
Ao longo destas missões, foram adotados diferentes lemas, entre os quais "Mãe, vens visitar-me?", "A Paz esteja em tua casa!" e "E se conhecesses o dom de Deus?" respetivamente. Três anos que representam o acolhimento, a transformação e o envio dos missionários e da comunidade. Uma missão que nos transmite uma mensagem realmente poderosa, e que é capaz de fortalecer a nossa fé e esperança em Deus.
Já fazia contagens decrescentes! Os olhos já brilhavam sempre que via as camisolas coloridas a vaguear calmamente pela avenida, as cruzes carregadas ao peito com orgulho e os sorrisos nos rostos missionários daqueles jovens universitários. Falo por mim, jovem aqui residente: nunca vi tanta alegria, tanta serenidade! Encanta-me, cada vez mais, dia após dia o brilho da sua presença.
Jovens que abdicam das suas férias e partem à procura do silêncio necessário para dialogar com Deus, fugindo da azáfama das grandes cidades, e levando na bagagem palavras de conforto e abraços apertados para oferecer na terra que os acolhe durante a curta semana. Como jovem, senti que devia participar ativamente em todas as missões, e vi o meu coração aquecido pelo amor e pelo carinho de todos aqueles jovens, que mesmo sem saberem quem eu era nunca me deixaram faltar uma palavra de apoio, um voto de confiança ou até mesmo um reconfortante abraço. Nem a mim, nem a ninguém. Não houve uma única pessoa que conseguisse ficar indiferente à dedicação destes universitários, que mesmo cansados, com poucas horas de sono e muito para preparar conseguiram superar todo e qualquer tipo de expectativas! E é isso que deixa esta saudade.
O facto de ter visto de perto todo este processo de organização e o empenho de todos os chefes de cada missão fez com que a chama da fé se acentuasse ainda mais, dando-me assim uma enorme vontade de ter um papel mais ativo na minha comunidade, sempre com a certeza de que, se necessitar de auxílio, vou poder contar com os jovens que marcaram o meu coração de uma forma muito especial. A certeza de Deus nas nossas vidas faz maravilhas! Sou muito grata por Ele me ter dado a oportunidade de testemunhar estes exemplos de esperança, por ter conhecido todos estes incansáveis missionários e por ter tido a possibilidade de fazer parte desta que foi a sua missão. Aprendi muito, chorei muito, sorri muito, agradeci muito, e mesmo assim muito fica por agradecer. Agradeço a todos os missionários. Agradeço ao nosso pároco, em meu nome e em nome de todos os jovens, a possibilidade de ter entre nós esta incrível missão, a qual nunca teria sido possível sem o seu auxílio.
A mudança parte de nós mesmos. Acordaram o lado adormecido do meu coração, enchendo-o de afeto e de fé.
Esta foi a missão deles. Agora, vou em busca da minha. Até já, Missão País.
Jeni Fidalgo (Meda), in Voz de Lamego, ano 89/13, n.º 4499, 26 de fevereiro de 2019