Dois dias de formação, de partilha, de encontro, de fraternidade sacerdotal e de atualização. Foi neste clima que 47 sacerdotes da nossa diocese viveram as últimas Jornadas de Formação do Clero, realizadas no Seminário Maior de Lamego, nos passados dias 25 e 26 de fevereiro.
Com o tema de fundo “Pastoral juvenil e vocacional, desafios e potencialidades”, os dois preletores esmiuçaram o documento final do último sínodo dos Bispos, realizado em Roma, em outubro passado, e abordaram alguns dos desafios colocados à e pela Pastoral Juvenil do nosso tempo.
No primeiro dia, após a oração inicial, foi apresentado o conferencista, D. António Augusto Azevedo, Bispo Auxiliar do Porto, um dos dois padres sinodais portugueses.
Na sua primeira intervenção, o destaque foi para o ambiente que se viveu no Sínodo, que, no seu entender, não foi um acontecimento mas sim um processo, com três grandes fases: a preparação (o antes), a celebração (o durante) e a aplicação (o depois). Destaca o ambiente de sinodalidade manifestamente vivido em Roma, durante aqueles 25 dias, e expresso em três grandes nuances: a diversidade da Igreja presente, cada vez mais global e menos europeísta; a comuhão com o Santo Padre, expressa por exemplo na forma como ele recebia os participantes à entrada para a aula sinodal; a participação bastante alargada de jovens. E por fim, testemunha o apreço e a preocupação do Sumo Pontífice pelos jovens. A juventude precisa espera da Igreja transparência, alegria e compromisso. E a Igreja tem o dever e a missão essencial de os ajudar a amadurecer na fé, por todos meios e métodos de que dispõe.
Após um intervalo para café, a segunda conferência, teve por título “Novas perspetivas sobre a vocação”. Salientando o fato de a vocação não ser prémio, mérito ou direito da própria pessoa, mas dom e protagonismo do Espírito Santo, o conferencista defende que são precisas comunidades cada vez mais maduras na fé, onde a vocação se desperte e se cumpra em missão. A descoberta e a vivência vocaional implicam maturidade humana e cristã, paixão por Jesus Cristo e espírito de serviço, que a Igreja tem de ajudar a cimentar nos jovens. Aqui sobressai uma das grandes insistências do sínodo, que é a responsabilidade de acompanhamento que a Igreja tem e que os jovens esperam dela.
Depois de um fraterno almoço, os trabalhos retomaram com uma terceira conferência intitulada “Pastoral da juventude: desafios e orientações”. D. António Augusto afirma que não há receitas mágicas, e as orientações finais que o sínodo deixa têm de ser bastante gerais, por se dirigirem ás heterogéneas realidades do mundo inteiro. No entanto, o essencial é fazer com que os jovens sejam protaganistas da sua caminhada eclesial, e que sintam a presença ativa da Igreja naqueles que são os seus âmbitos de vida quotidiana: a escola, a família, as redes sociais, etc...
O segundo dia de formação, orientado pelo Padre Filipe Diniz, da diocese de Coimbra e Diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, começou também com uma abordagem ao documento final do sínodo e suas implicações na pastoral juvenil. O interveniente dá significativo destaque às três partes do documento final: reconhecer as preocupações dos jovens, os seus anseios, os seus medos e as formas de os fazer interagir eclesialmente entre si e com as gerações mais velhas; interpretar à luz da fé os caminhos por onde Deus quer peregrinar com a juventude dos nossos dias e escolher as soluções mais ajustadas para as questões que assombram os jovens e os impedem de se comprometer.
Na segunda conferência da manhã, o Padre Diniz insiste na necessidade de a pastoral juvenil ser feita de um processo contínuo de acompanhamento aos jovens, de escuta, de acolhimento, de orientação, e não tanto de eventos e acontecimentos ocasionais e meramente celebrativos.
A tarde foi preenchida por um painel, onde tiveram intervenção jovens dos Convívios Fraternos, do CNE, do Grupo de Jovens Luz do Montemuro e do Departamento Diocesano da Pastoral dos Jovens de Lamego. Numa partilha muito aberta e fraterna, os jovens foram manifestando as suas dificuldades no trabalho eclesial nas comunidades e na diocese. Ao mesmo tempo, fizeram sobressair um conjunto de experiências positivas que os tem motivado e ajudado a congregar outros jovens, e a ter muito êxito na evangelização dos mais novos.
Terminada a formação, fica a gratidão por tanto que se aprendeu e se debateu, em prol dos jovens que, no dizer do Papa Francisco, são “o agora de Deus”.
Pe. Diamantino Alvaíde,
in Voz de Lamego, ano 89/14, n.º 4500, 5 de março de 2019