O nosso Bispo encontrou-se, mais uma vez, com alguns diocesanos que acorreram ao Salão Paroquial de Almacave para ouvir a sua palavra e, depois, procurar dar uma resposta pastoral aos desafios lançados pelo Pastor da Diocese.
Quatro palavras: relatos - vocação - missão - Bíblia, eram motivo para um tema que se inscreve no lema e tema pastoral para este ano na diocese: chamados e enviados. E a partir desse tema, os presentes foram conhecendo, ouvindo e, certamente, aprendendo novos caminhos, percorridos através de toda a história da salvação, mas que ainda não perderam o seu valor para o nosso tempo.
Como tema de fundo e ponto de partida, houve uma palavra sobre a urgência da missão num mundo que cresce em número, mas não tem o mesmo ritmo de crescimento nos domínios da fé. E foi a partir da palavra de uma Igreja Missionária, do Papa Francisco e dos Bispos que nos vão lembrando que, sendo baptizados, somos também enviados, que ouvimos ou lembramos; é preciso que «todos, tudo, e sempre» nos encontremos comprometidos na missão que hoje nos é confiada.
E foi a partir desse pressuposto que ouvimos e pudemos conhecer melhor alguns «relatos de vocação e missão na Bíblia». Desde Moisés a Habacuc, passando por Elias, Isaías e Jeremias, fomos recordando que Deus chama e envia, nós respondemos, vamos, tornamo-nos disponíveis para “fazer de cada homem um irmão».
Moisés, o libertador do povo hebreu dos trabalhos e domínio no Egipto, depois da fuga e encontro de uma nova «família» em terras estranhas, ouve uma voz que o chama: «Moisés, Moisés…» à qual responde: «eis-me aqui». A voz continua, porque é a voz de Deus presente e atenta à situação do seu povo. Deus «sabe» e Moisés tem de deixar que Deus «faça», numa obediência que precede a escuta: Deus desce para conversar com Seus filhos e convida Moisés a tirar as sandálias, porque lhe vai ser confiada uma missão sagrada.
Também Elias ouve uma palavra: «que fazes aqui Elias?» E responde, com a afirmação do seu zelo pelo seu Deus. Perseguido, sai, vai até o monte Horeb; numa saída sem retorno e compreende um Deus novo que fala «num fino silêncio»; deixando para trás o «velho Elias», sabe que o seu Deus não é um fogo, aço ou espada», mas é um Deus que fala no silêncio, o silêncio que nos fala e nos faz descobrir que «a santidade é um sair de mim, sem retorno, me chama e envia».
Isaías é a testemunha de uma segurança diferente na vida. Homem de grande cultura vive no tempo do Rei Osias, «o maior rei de Judá»; influente na corte, afirma que «os seus olhos viram o Rei», agora é o Senhor dos exércitos e proclama-O como o «Santo, Santo, Santo…». Mas também grita: «ai de mim, estou perdido… sou um homem de lábios impuros e os meus olhos viram o Senhor, Rei dos Exércitos». A voz continua e Isaías vai ouvindo: «vê, o teu pecado está perdoado…quem hei-de enviar, quem irá por nós?» E Isaías responde também: «Eis-me aqui, envia-me…»
Em Habacuc vemos o homem que parece frágil como a planta de jardim de que toma o nome, mas sabe passar da sua fragilidade para uma palavra que não passa; e consegue passar a uma criatividade para dizer o fundamental do que Deus lhe confia: escrever o que sucederá inevitavelmente e a seu tempo: «o justo viverá pela sua fidelidade».
Jeremias é convidado a dizer o que vê e responde: «vejo um ramo de amendoeira». «Viste bem», continua a voz que o interroga. «Eis que ponho as minhas palavras na tua boca e Eu te constituí para arrancar, destruir… também para plantar e edificar».
Outrora foram estes e muitos mais os chamados e enviados; hoje somos nós. E foi essa a palavra proclamada e ouvida. E não esqueçamos: chamados e enviados, «todos, tudo e sempre».
P.e Armando Ribeiro