De longe vem a tradição de peregrinar até um Santuário para aí rezar, cantar, pedir, agradecer, tudo num louvor ao Senhor e ao titular desse Santuário. O Arciprestado de Lamego tornou-se peregrino do Santuário dos Remédios, perdendo-se no decorrer dos tempos quando isso começou e não se vislumbrando nem temendo que esse acto de homenagem à Senhora, Padroeira da Cidade, termine algum dia.
O dia em que essa homenagem se celebra é o último Domingo de Maio, este ano impedido pelo ato civil das eleições para a Assembleia da União Europeia; mas a peregrinação terá continuação no último Domingo de Maio.
Presidida pelo nosso Bispo, D. António Couto, teve a presença de quase todos os Sacerdotes do Arciprestado, sendo que alguns tiveram problemas de saúde, idade, ou ausência marcada para que na data habitual estivessem presentes. O povo cristão lamecense, que olha com amor e grande devoção para a Senhora dos Remédios, esse não faltou; juntaram-se grupos que vão marcando presença de ano para ano, tendo como exemplo os «Peregrinos de Lamego», que em grupo caminham, chegam ao local e não se dispersam entre a multidão presente; as paróquias fizeram-se representar pelos seus cristãos, bandeiras, grupos de Acólitos ou Responsáveis no Apostolado e Ação; um Grupo, pelo menos, de Utentes, que está sedeado interinamente, perto do Santuário, mostrou a sua presença; e muitos, muitos que foram chegando antes dos grupos paroquiais, os participantes nestes grupos reunidos à volta da sua Bandeira e acompanhados dos seus Párocos, foram dando entrada no recinto da Peregrinação a partir das dezassete horas, de modo a que, após um curto intervalo se deu origem à celebração, já com a presença do nosso Bispo e o andor de Nossa Senhora dos Remédios a passar entre os seus amigos e devotos.
O Reitor do Seminário, com o grupo de Seminaristas, começou a rezar o Terço quando as dezasseis horas se ouviram no relógio da torre e os cânticos se começaram a ouvir desde a Sé, de onde partiu a Procissão, até ao recinto do Santuário, onde o Coro local se encarregou de orientar os cânticos e os mistérios do Terço procuravam e provocavam a atenção dos presentes e peregrinos.
Uma breve pausa para descanso dos que iam chegando cansados da caminhada, de modo particular os que levavam aos ombros o andor da Senhora, como familiar e simplesmente se diz de Nossa Senhora dos Remédios. É assim a devoção e amor a Maria, na Sua Cidade de Lamego.
A Eucaristia começou com a saudação do nosso Bispo, para «celebrar Maria, nossa Mãe». Leituras e Salmo, tudo preparado e entregue às paróquias e à Religiosa para isso convidadas.
A homilia, feita pelo nosso Bispo, pôs diante de nós a Pessoa de Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, a Quem invocamos na nossa frágil humanidade. Olhando a festa, Solenidade da Ascensão do Senhor, falou do Espírito Santo que os Apóstolos iam receber: «Se Eu não for, o Espírito Santo não virá a vós», não se esquecendo de nos lembrar que os «olhos fixos no Céu» têm de ser olhos «especados na terra», olhos cheios de Jesus para os homens. Terminou, lembrando o lema e tema da nossa pastoral ao longo do ano: «Igreja de Lamego, chamada e enviada em missão», por isso, «ide», mostrai e ensinai a palavra de Jesus.
A Oração dos Fiéis esteve a cargo da comunidade de Magueija.
A Comunhão foi distribuída pelo Senhor Bispo e vários Sacerdotes, notando-se a vontade de alguns Idosos presentes quererem comungar das mãos do Senhor Bispo, o que é louvável e não prolongou muito o tempo da Comunhão.
Antes da Bênção Final, o Cónego José Manuel Ferreira, Arcipreste de Lamego e Pároco da Sé, dirigiu uma palavra de gratidão e agradecimento ao Senhor Bispo, que «quis fazer peregrinação connosco», à Mesa da Irmandade do Santuário de Nossa Senhoras dos Remédios e seu Reitor, Grupo Coral e maestro, Irmãs Franciscanas, Seminário de Lamego e a todos os que «tornaram possível esta nossa peregrinação anual», sem esquecer os Acólitos que disseram sim ao convite que lhes foi feito. A todos expressou um voto/desejo: «levar aos outros a alegria do Evangelho, a exemplo e com a intercessão e Nossa Senhora dos Remédios».
Também o Reitor do Santuário, Cónego João António Teixeira, disse uma palavra de agradecimento, após o que se recomeçou a Procissão, agora de «Adeus», em direção ao Santuário, com o cântico e o silêncio bem apropriados ao momento. No Santuário, e num «grito» já habitual, os Sacerdotes cantaram o Salve Regina, em latim, como gesto de louvor e agradecimento a Maria, que fica na Sua casa, mas que não deixa de nos acompanhar na nossa vida.
Pe. Armando Ribeiro, in Voz de Lamego, ano 89/26, n.º 4513, 2 de junho de 2019