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Cón. António Sousa Pinto (1929-2019)

Em Leomil, perto do final da tarde do passado dia 11, o senhor Cón. António Sousa Pinto partiu para o Pai; um desenlace esperado diante da doença que progrediu nos últimos meses. Comemorara 90 anos no dia 10 de junho, 62 dos quais como sacerdote do nosso presbitério. Louvamos e agradecemos ao Senhor o dom da sua vida e da sua vocação, pedindo-lhe que o receba junto de Si.

Como uma vela que foi ardendo, iluminando, aproximando… mas que que também foi perdendo fulgor, visibilidade e se extinguiu, depois de cumprida a missão. Discreta e fielmente. Até ao fim. Não lhe faltaram os familiares e amigos que dele cuidaram sempre ou que por ali iam passando. E eram visíveis as limitações que, continuamente, se acentuavam.

Mesmo depois de ter deixado a responsabilidade paroquial de Leomil, por lá continuou a viver. E foi ali que passou estes últimos dias, já sem forças, prostrado na cama.

Na manhã do dia 12, o seu corpo foi levado para a igreja paroquial de Leomil, onde o senhor Vigário Geral, Mons. Joaquim Dias Rebelo, presidiu à Eucaristia. Acompanharam-no uma vintena de sacerdotes e muitos amigos e antigos paroquianos.

Na homilia não deixou de recordar o homem íntegro, o pastor atento e o padre solícito que serviu bem nos lugares onde passou e nas responsabilidades que assumiu: nos Seminários diocesanos, no acompanhamento de estágios pastorais, nas paróquias de Leomil, Moimenta da Beira, Alvite, Ariz, como Arcipreste e Vigário Episcopal da zona de Riba-Távora. Não esqueceu os familiares que sempre o acompanharam, em particular a sobrinha Teresa e seu marido Manuel João. Enalteceu também os párocos que lhe sucederam, Bráulio Félix, Jorge Giroto e Vítor Carreira, e que sempre o acolheram, incluíram e visitaram com solicitude fraterna.

Ao início da tarde, o corpo foi transportado para a capela de Vide, na paróquia de Vila da Rua, respeitando um desejo expresso em tempos. Ali nascera e dali partira em busca de um ideal. Ali regressava tantas vezes, ao encontro das raízes que nunca esqueceu.

Depois, o seu corpo foi levado para a igreja paroquial de Vila da Rua, onde, às 18h, a Missa exequial foi presidida por D. Jacinto Botelho, seu conterrâneo. Falando do Cón. Sousa Pinto e apresentando dados da sua vida de seminarista e de sacerdote, D. Jacinto sublinhou a sua nobreza de carácter, a delicadeza no trato, a perseverança na missão e a fidelidade eclesial. Também aqui a igreja estava repleta de fiéis, entre os quais uma quinzena de padres.

No final da Eucaristia, o cortejo fúnebre dirigiu-se para o cemitério da freguesia de Vila da Rua, onde o seu corpo foi sepultado.

Que o Senhor da Messe lhe conceda a coroa de glória prometida ao servo bom e fiel que sempre manteve viva e propagou a chama da Missão!


Agradecimento pessoal
Conheci o Cón. Sousa Pinto alguns anos antes de pensar entrar no Seminário. Foi na então Escola Preparatória de Moimenta da Beira, em 1979, no 5.º ano, como professor de EMRC. Já lá vão quarenta anos. A sua maneira de ser e de estar não nos permitiam faltas de atenção ou de empenhamento, apesar de ser uma disciplina onde não havia negativas!

No Seminário, via-o quando passava por Lamego, mas nunca falei com ele. Em 1990, quando frequentava o IV ano de teologia, os formadores pediram-lhe que acolhesse um seminarista para o habitual tempo de estágio paroquial, aos fins-de-semana. E como aceitou, fui enviado para Leomil, para observar e aprender com o Cón. Sousa Pinto. O seu acolhimento foi sem reservas e tornou-me alvo das suas atenções, sempre preocupado para que me sentisse em casa. E sempre assim me senti. E pude observar o padre disponível e atento, o servidor fiel e cumpridor, o ministro zeloso e orante que não descuidava a formação permanente.

Após a ordenação diaconal, em 1992, fui informado de que iria viver o estágio pastoral em Leomil, a pedido do Cón. Sousa Pinto. E foi um ano abençoado, porque permitiu prolongar a experiência pastoral numa paróquia de gente boa e acolhedora e convivendo com um sacerdote que muito ensinava pelo que dizia, mas, sobretudo, pela forma como vivia e cumpria. E rapidamente fui adotado pelos familiares que o acompanhavam: a Teresa, o Manuel João e as então pequenitas Ana Júlia e Clara.

Generoso, próximos da ordenação sacerdotal, fez questão de me levar a Fátima para me oferecer o paramento e, uns dias depois, a Cucujães para encomendar as pagelas a distribuir na Missa nova.

Nos anos que se seguiram foi habitual passar por Leomil e parar para dois dedos de conversa ou, ultimamente, para olhar silenciosamente a sua fragilidade. Da parte dele e da sua família, o acolhimento de sempre. Bem hajam! A última vez que concelebrei com o Cón. Sousa Pinto foi há quase um ano, para darmos graças a Deus pelos meus 25 anos de sacerdócio.

Por tudo quanto testemunhou e viveu, pelo muito que me ensinou e mostrou e pela amizade com que sempre me distinguiu, a minha gratidão e admiração.


Padre Joaquim Dionísio,
in Voz de Lamego, ano 89/32, n.º 4519, 16 de julho de 2019

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