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Tiago Varanda – Primeiro sacerdote invisual, originário de Penude

A Diocese de Braga passou a contar com novos sacerdotes no último domingo (14 de julho). Um dos novos sacerdotes nasceu na região de Viseu e tem uma particularidade especial. Tiago Varanda, natural de Lamego e que viveu durante vários anos em Viseu, foi o primeiro invisual a tornar-se sacerdote no país.

O próprio admite que não é fácil descrever o que sente. “Por vezes sinto alguma ansiedade, pois não sei muito bem o que me espera. Ao mesmo tempo, sinto uma profunda emoção e paz interior, quando consigo parar e meditar um pouco na realidade que envolve o sacerdócio a que estou chamado”, confessa.

A ligação à fé já era intrínseca, tendo crescido no seio de uma família praticante. Tiago admite que, inicialmente, a sua prática religiosa “era motivada principalmente pelos meus pais. Ia à igreja, porque a minha família também ia”.

O jovem passou a estar mais envolvido neste tipo de atividades após ultrapassar uma crise espiritual na adolescência. Tiago diz que foi nesse período adolescente que começou a pensar em ser padre e afirma que, quando, mais tarde, ponderou seriamente a questão, “tinha interiormente a convicção de que o facto de ser cego não me seria impedimento para este ministério”.


Um professor que foi ao seminário


Nascido em 1984, já com problemas de visão que culminaram na sua perda total aos 16 anos, Tiago Varanda mudou-se com a família para Viseu quando era criança. Viveu lá até se licenciar em História e foi professor durante cerca de cinco anos. Aos 28 anos, entrou no seminário, onde fez o mesmo percurso que os colegas, embora com algumas adaptações.

A família reagiu a esta entrada com surpresa. A irmã, Fátima, admite que, após Tiago ter terminado os estudos, achou que ele “ficaria por aí mesmo”. “Por isso foi uma surpresa para todos quando nos comunicou que iria abraçar um novo caminho”, assume, não escondendo a felicidade pela concretização da escolha que Tiago tomou.

Fátima Varanda elogia o irmão pela “persistência em lutar em busca de um objetivo concreto”.

Nos últimos anos, Tiago passou grande parte do tempo no seminário, mas fez um ano de estágio numa paróquia de Braga, onde, além de ajudar a celebrar missas, também colaborava em grupos de catequese e movimentos apostólicos. Conta que imprimia os evangelhos em braille, “pois, como diácono, tinha de os ler nas celebrações”.


As memórias de Guimarães


No bairro de Guimarães, em Viseu, Tiago ajudou na animação das missas na igreja local, onde foi organista e catequista. O grupo coral organizou uma excursão a Braga, para acompanhar Tiago na ordenação. A amiga Linda Almeida, responsável do coro, afirma que a viagem surgiu com um convite do futuro padre. “Decidimos fazer esta excursão, até porque o Tiago mostrou muito interesse em haver muitas pessoas de Guimarães presentes”.

O filho de Linda, Pedro Almeida, conheceu Tiago quando este era catequista. Acompanhou-o no grupo coral e foi aluno dele na Escola Básica Grão Vasco, no sétimo ano. Pedro considera que Tiago é “uma força da natureza” e recorda que, nas preparações das missas, “ele dizia-me as alterações de tons, pedindo para tocar em dó ou em ré”. “Ele ajudou-me muito na minha aprendizagem musical. Foi a partir daí que comecei a dar passos na guitarra. Fui autodidata muito graças ao Tiago”, lembra.

Tiago Varanda já regressou este ano a Guimarães, participando na celebração de uma Eucaristia. Depois de ordenado, o padre irá voltar novamente para o bairro onde viveu durante vários anos no próximo dia 27 de julho, para celebrar mais uma missa.

Questionado sobre se, com a ordenação, está a dar o exemplo para que haja uma Igreja mais inclusiva, diz que a grande prioridade devia passar pela santidade, mas responde que o seu caminho “pode constituir, quem sabe, uma porta aberta a outros irmãos com alguma deficiência e que sintam o apelo de Jesus a chamá-los a este caminho de entrega”.



Texto adaptado do Jornal do Centro, in Voz de Lamego, ano 89/32, n.º 4519, 16 de julho de 2019


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