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Póvoa de Penela: Festa da padroeira e bênção de dois altares

No passado dia 20 de julho a comunidade cristã de Póvoa de Penela, celebrou a festa litúrgica de Santa Margarida, padroeira da paróquia, com a presença do Senhor Bispo, D. António da Rocha Couto que presidiu à eucaristia. No ano pastoral cujo lema é “Igreja Chamada e Enviada”, a comunidade, como testemunha de Jesus Cristo, através da sua vida e dos seus atos, concretizou mais um desafio, com a colocação nas paredes colaterais do arco da igreja, dois retábulos em madeira policromada e dourada a folha de ouro, onde estão colocados o Sagrado Coração de Jesus à sua direita e a Nossa Senhora da Soledade à esquerda. Aproveitou-se o momento de intimidade, retrospeção e proximidade para a bênção e graça dos retábulos pelo senhor bispo.

Na homília, D. António Couto começou por saudar todos os presentes, agradecendo o esforço e dedicação que têm tido para restabelecer a beleza à igreja. De seguida descreveu a vida de Santa Margarida desde a sua conversão ao cristianismo até à sua morte como mártir nas mãos dos que não acreditava na fé de Jesus Cristo. Por fim, e não menos importante, referiu que nos devíamos rever no testemunho de vida e fé da Virgem Mártir Santa Margarida, apostando na bondade, generosidade, dedicação e amor que esta teve perante as adversidades da vida, pois Jesus é “a luz do mundo; aquele que me segue, não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”.

Terminada a eucaristia foram distribuídas umas pagelas com a vida da Virgem e Mártir Santa Margarida. Seguiu-se um lanche partilhado por toda a comunidade na sede da Junta de Freguesia com a presença do senhor bispo e mais autoridades concelhias.

Mas no fim de toda esta celebração, comemoração e festa perguntar-se-ão o porquê da colocação de retábulos numa igreja datada do século XVI, quanto estas eram poderosamente ornamentadas por retábulos em madeira entalhada e dourada a folha de ouro.

Na realidade no ano de 1758 através do testemunho do vigário Francisco Rodrigues Mouzinho a igreja possuía três retábulos entalhados: na capela mor onde estava Santíssimo Sacramento e dois nas laterais do corpo da igreja, com as imagens de Nossa Senhora do Rosário e do mártir São Sebastião. No entanto, devido aos vários acontecimentos políticos que marcaram o século XIX e a primeira década do século XX e à pobreza da população a igreja encontrava-se num estado de degradação elevado, sendo preciso estacas de pinheiro para segurar o teto, que estava em risco de ruir. Foram então necessárias tomar medidas drásticas de demolição e de construção de um novo edifício. A construção ficou pronta pelo ano de 1951, com obras de melhoramento ao longo de vários anos. Porém, a beleza dos altares e dos tetos ornamentados com imagens pintadas de santos desapareceu, ficou apenas uma igreja em pedra com altares em pedra e um sacrário em latão. Quem sabe se este triste cenário não conduziu à perda de interesse, pela comunidade, pelas matérias eclesiásticas.

Mas é no ano de 2015 que se dá a grande reviravolta quando a Fábrica da Igreja com auxílio do padre Luciano Moreira decidiu dar vida e alma à igreja de Póvoa, com a remodelação da capela-mor e a colocação de um retábulo em madeira policromada e dourada a folha de ouro. Ficou então, na população e em especial no pároco, o “bichinho” de poder ornar, embelezar e enfeitar o corpo da igreja.
E foi assim no ano de 2019 que se concretizou mais uma instigação e um incitamento, pois com Jesus como Luz do Mundo foi possível caminhar-se nas trevas e na escuridão sem qualquer medo ou receio.

 

Sofia Simão, in Voz de Lamego, ano 89/33, n.º 4520, 23 de julho de 2019

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