Alhais vestiu a fidalguia de que se ufana, para celebrar as Bodas de Ouro Sacerdotais de um dos seus filhos mais ilustre.
Alhais foi, no século passado, um alfobre de vocações sacerdotais, missionárias e religiosas. Assim, em 1901, foi ordenado sacerdote o P. António Afonso do Espírito Santo e foi pároco de Vila Nova de Paiva; em 1906, o P. Manuel Fonseca Pinto da Gama que foi pároco de Moimenta da Beira, Montemor - o - Velho enquanto frequentou a Universidade de Coimbra e, depois, professor e Deão da Sé de Lamego; em 1912, o P. Mariano de Jesus Fonseca que foi pároco de Alhais e Arcipreste de Vila Nova de Paiva; em 1917, o P. Lucas Machado que paroquiou Alijó e Provesende donde partiu para as missões de Cabo Verde. No mesmo ano, foi ordenado, na Bélgica, o P. Manuel Ramos Pinto, missionário espiritano, trabalhou em Angola, Moçambique e, na reforma, foi Presidente da Câmara de Vila Nova de Paiva. No final da década de trinta, o P. Augusto Afonso que paroquiou várias paróquias e foi capelão no Mosteiro das Clarissas de Monte Real. Em 1969, o P. Fernando Bouça Pires e o P. Luís Afonso, comboniano.
Depois a fonte secou. Razões? Aventam-se tantas… mas o busílis é a família que, atacada por todos os lados, dança a corda bamba.
Ora celebrar, cinquenta anos de vida sacerdotal do Mons. Pires não só era mais que justa como, também, era obrigatória para agradecer a Deus, tantos anos vida e de doação à igreja diocesana; para Lhe oferecer tantos sacrifícios, pequenos e grandes que a missão lhe proporcionou; para Lhe pedir perdão pelas pequenas faltas na caminhada; e, sobretudo, para testemunhar que ser padre é belo pela entrega a Deus e aos outros, por ser ponte entre este mundo e o celeste, e ser o confidente a que muitos recorrem em busca de perdão e de paz.
Mais do que palavras, são os testemunhos que, hoje, falam. E, hoje, deve pregar mais pelo testemunho.
A Paróquia de Alhais, ao apelo do Pároco, não deixou a sua fidalguia por mãos alheias e abarrotou a igreja para participar na Concelebração de Ação de Graças presidida pelo senhor D. Jacinto e concelebrada por mais duma dezena de sacerdotes. O Grupo Coral Paroquial animou a Celebração com leveza e beleza. As leituras e apresentação das ofertas foram feitas, com muita dignidade, pelos sobrinhos. No final, foram as saudações e as palmas.
Já era tarde quando, na praia da Azenha, todos partilharam duma lauta refeição onde o porco no espeto com arroz de feijão foram reis. As sobremesas foram apresentadas aos convivas pelos elementos do grupo coral enquanto cantavam músicas da região. E o forrobodó continuou pela tarde dentro até mais não ser dia.
Mais uma vez abraçamos o amigo, Mons. Pires, com votos de vida longa e feliz.
P. Justino Lopes, in Voz de Lamego, ano 89/37, n.º 4524, 3 de setembro de 2019