O palco foi o Museu Diocesano de Lamego para uma Exposição de cor e som, numa atuação da Fadista e Artista plástica Maria da Glória Fernandes, ali presente na tarde de 14 de setembro; a cor era a dos seus trabalhos de pintura, o som era o da sua voz, acompanhada à guitarra por Daniel Gomes e à viola por Jorge Serra.
Não foram muitos os que acorreram ao convite para o evento realizado, trocando o descanso de uma tarde já outonal pela vontade de ver e ouvir alguma coisa sobre a arte pictórica e a voz da artista anunciada, portuguesa, que deu vida à tarde passada desde o átrio do Salão Apostólico para a parte musical e a Sala de Exposições para os quadros e miniaturas que ela trouxe consigo para expor e tentar transacionar para o público lamecense.
Membro de várias Associações de Arte, fundadora e atual Presidente da Associação de Artes «Palcos cruzados», autodidata, diplomada pela Universidade Federal de Brasília, tem várias obras espalhadas por diversas salas onde a Arte tem um lugar para obras suas, destacando-se uma obra no Museu do Vaticano; trabalha as suas obras a partir de um pensamento, um poema ou simples frase extraída de algum livro. E justifica as suas escolhas: «A vida sem a Arte é um dia feito de neblina».
A parte musical foi preenchida com vários temas que mostraram a sua voz de fadista, numa vida multifacetada pelo som e pela cor. Não é fácil para todos aliar a pintura e a música, manifestando estas duas vertentes culturais em sessões de trabalho pessoal e transmitidas aos diversos públicos que a têm visto e ouvido; e isso provocou a primeira salva de palmas, mais merecida do que a proporcionada pelo pouco público presente.
E a apresentação feita pelo Pró-Vigário Geral da Diocese pôde salientar a qualidade artística de Maria da Glória, que havia manifestado a sua alegria por conhecer Lamego e a sua Sé, em especial; ofereceu-lhe uma miniatura, em quadro, do conjunto da encosta dos Remédios, desde a Avenida até ao Santuário, que ela agradeceu nas suas palavras, ao mesmo tempo que agradecia a oportunidade que Lamego lhe oferecia para dar a conhecer a sua arte, sem esquecer o seu agradecimento aos dois artistas de som que a acompanhavam.
Seguiu-se a parte musical da tarde, com fados, boa voz, letras e músicas próprias, que ela chamou de «fazer magia com pincéis do amor.
Apareceu nesses instantes o Sr. Presidente da Câmara, que agradeceu o convite que lhe fora feito e explicou os motivos da sua chegada só nesse momento, mas que justificou por motivos de trabalho.
E os fados voltaram, já com temas conhecidos como «Havemos de ir a Viana…», «Quem tem amor a seu jeito», «É mentira, é mentira, sim senhor…» e o «Adeus» com Frei Hermano da Câmara: «Um lenço a dizer adeus, um adeus que não sei dizer…».
A tarde continuava, mas era preciso dizer «adeus» ao som para o encontro com a cor, agora na sala de Exposições do Museu Diocesano, onde os presentes puderam ver e admirar vários quadros da artista, cantora e pintora, aqui a mostrar a sua «paixão como forma de exprimir sentimentos». Classificada de Modernismo/Simbolismo, a sua arte e modo de usar as cores para transmitir sentimentos foram apreciados pelos presentes, que percorreram as obras expostas em vários quadros e miniaturas, admirando formas e cores numa simbiose que fazem a beleza e forma de tantas obras de arte, admiradas em todo o mundo.
Parabéns a Maria da Glória e ao Museu Diocesano; a artista veio mostrar beleza na arte; o Museu Diocesano deu a possibilidade de conhecermos mais alguns aspetos de trabalhos que a arte nos dá a conhecer e permite admirar.
P. Armando Ribeiro, in Voz de Lamego, ano 89/39, n.º 4526, 18 de setembro de 2019