Hoje, as Igrejas estão mais vazias. A sociedade, mais vazia de valores, de respeito pelo próximo. As pessoas estão mais longe da Vida, mais longe de Deus. Cada vez é mais difícil trazer familiares e amigos à Igreja, aos eventos organizados pelas paróquias.
Como Cristãos que somos desde o Batismo, temos o dever de nunca desistir de chamar, acolher, ajudar o nosso irmão mais próximo. E depois dele, chamar, acolher e ajudar outro irmão.
Foi a preocupação com esta realidade e, respetivas dificuldades atuais que, a Coordenação Pastoral Diocesana decidiu realizar a 1.ª Assembleia de Paróquias da Diocese de Lamego, no passado dia 30 de novembro.
O principal objetivo foi promover a partilha de experiências pastorais, numa Diocese com realidades muito diferentes, onde temos paróquias com um grande número de habitantes e de participantes nas atividades propostas pelas equipas paroquiais, mas também paróquias onde os habitantes não ultrapassam a meia centena, sendo que, grande parte desses habitantes são idosos.
O jovem Hugo Santos, da paróquia de Cabaços, Moimenta da Beira, partilhou a dificuldade que o Grupo de Jovens, com apenas alguns 5 ou 6 elementos, teve em encenar a Via-Sacra por falta de pessoas. A solução que encontraram foi realizar a mesma Via-Sacra em ‘teatro de sombras’, recorrendo à gravação das falas das personagens, previamente efetuada.
Este testemunho mostra a realidade da maioria das paróquias da Diocese mas mostra também que com Fé, persistência e com o Espírito Santo, tudo é possível realizar. Esta ideia pode agora ser implementada por outros jovens com a mesma dificuldade e assim enriquecer as celebrações da Semana Santa da sua paróquia.
Quando as pessoas não se deslocam à Igreja, é possível levar a Igreja às pessoas. Em algumas paróquias, por exemplo Valdigem, são realizados momentos de oração com as famílias nas suas próprias casas e assim, levar a Palavra do Senhor a todos e chamá-los a Si.
O padre Filipe Rosa, com quatro Paróquias na Zona Pastoral da Mêda, relatou várias iniciativas para congregar essas quatro comunidades, que sendo próximas não se relacionavam entre elas. Uma das iniciativas foi o “magusto interparoquial”, em que se realiza apenas um magusto anual para as quatro comunidades em simultâneo, sendo o local rotativo entre elas. Esta iniciativa permite que, de quatro pequenos conjuntos de pessoas, se forme naquele dia apenas uma comunidade, maior, com mais gente, mais amizades, mais entreajuda, mais alegria.
No fim, todos os participantes se sentiram mais preenchidos de esperança. Primeiro porque percebemos que as nossas dificuldades são as dificuldades de todas as realidades semelhantes às nossas, que há maneiras de realizar o que parece impossível, de ir buscar quem não vem ao nosso encontro, de criar um sorriso no rosto de cada um que se sente isolado.
No próximo ano, se Deus quiser, irá ser realizada a segunda edição deste evento, onde esperamos encontrar o relato de paróquias que conseguiram ultrapassar algumas das suas dificuldades através destes exemplos, e onde esperamos que surjam novas ideias para colmatar novas dificuldades.
Raquel Assis, in Voz de Lamego, ano 90/02, n.º 4537, 3 de dezembro de 2019