No passado dia 7 de dezembro, pelas 15 horas, na Sé Catedral de Lamego, juntaram-se alguns dos muitos amigos de D. António Francisco dos Santos, para a apresentação do livro “Caminhando com D. António”.
O evento contou com as presenças de Sua Excelência, o Sr. D. António Couto, de Sua Excelência, o Sr. D. António Augusto Azevedo, Bispo de Vila Real e do Dr. Bernardo Corrêa, autor do livro.
A apresentação do Livro pretendia e creio ter-se conseguido, ser uma simples, mas sentida homenagem a uma das personalidades mais marcantes da Diocese de Lamego. Todos naquele lugar sentimos a presença de D. António Francisco, que continua caminhando connosco.
A cerimónia iniciou-se com um breve, mas excelente apontamento musical pelo Coral do Grupo Etnográfico de Cinfães que interpretou peças da Cantata de Natal do Maestro Pereira Pinto. Ao grupo coral devemos uma palavra de gratidão e de reconhecimento porque também enobreceram o evento, conferindo dignidade a um ato tão genuíno e sincero.
O Sr. Bispo de Vila de Real, único Bispo ordenado pelo D. António Francisco, deixou claro que a obra que apelidou de “digna e bela”, tem por finalidade “manter viva a memória grata de D. António para quem “a Alegria do Evangelho é nossa (sua) missão”.
Para além da apresentação do livro quis deixar o seu testemunho resultado da experiência de vida que manteve com D. António Francisco.
Destacou de forma simples, mas eloquente, o que mais o marcou na personalidade de D. António, tendo deixado 3 notas principais:
- A gratidão de uma vida, porque D. António sabia escutar, manifestava preocupação com os problemas dos outros, sabia reconhecer o seu trabalho, abrindo sempre caminhos para a solução, valorizando o trabalho dos outros e sempre o seu lado positivo.
- Apreço e reconhecimento por um homem de verdadeira fé, autêntica e genuína, preocupado com os outros, apaixonado pela amizade, tendo encarnado integralmente a figura do Bom Pastor.
- Admiração enorme pela sua grandeza enquanto pessoa, dando sentido aos valores da proximidade, do outro e de ter sempre tempo para todos, independentemente da sua condição social, cultural ou económica.
Foi um testemunho autêntico que nos deixou sem palavras, mas que chegou ao coração de todos os que tiveram o privilégio de o ouvir e que conheceram D. António Francisco.
O Dr. Bernardo Corrêa registou o gosto e o privilégio que teve ao coordenar e organizar o livro, deixando a entender que a ele nada se deve, porque o trabalho foi feito pelos que nele participaram. Mas isso não é verdade, porque sem a sua intervenção jamais o Livro seria publicado e os atos e testemunhos que existem (e são muitos), ficariam no limbo do esquecimento e fora do alcance dos que decidiram adquirir o livro.
Por fim, ainda na Sé Catedral o Sr. D. António Couto fez uma alocução final, exprimindo, uma vez mais, o que vem dizendo há muito tempo “não devemos fechar as portas que o Sr. D. António Francisco dos Santos abriu, continuando o caminho que ao longo da vida ele nos indicou…”
Já no Museu Diocesano procedeu-se ao descerramento do retrato de D. António que ficou colocado no átrio de entrada, para que todos os seus amigos o possam continuar a apreciar, mesmo para todos aqueles, que por uma ou outra razão, não puderam estar na cerimónia. O quadro é pertença da Diocese de Lamego e foi oferecido pelo Mestre António Bessa que de forma única transmite nas suas obras o pensamento de D. António, a quem chama de Santo. O quadro, para além da figura de D. António, muito bem retratado no seu olhar e na sua atitude, contém elementos relativos a Lamego, nomeadamente com a proteção da Nossa Senhora dos Remédios. Permitam-nos, porém, que aqui se expresse a nossa gratidão ao Mestre António Bessa que, nesse mesmo quadro deixa com clareza meridiana o elemento que mais me impressiona: “Os meninos que se agarram à faixa de D. António”. Simboliza esse apontamento a humildade de D. António que, na faixa como sua veste episcopal, estimula aos mais humildes e aos mais pequeninos que se aproximem e que dele façam parte no caminho que iniciou. Era sempre esse o seu gesto e a sua conduta de vida, de proximidade e de preocupação com os humildes e mais desprotegidos.
Foi um dia memorável para Lamego e que ficará registado na memória de quem esteve presente.
Foi um ato de gratidão merecida, porque a amizade não se diz, pratica-se, e não se agradece, merece-se.
Outros seguirão este caminho já iniciado e que não pode ter fim, porque o seu legado deve ser preservado.
Obrigado D. António Francisco dos Santos.
António Pinto Carreira, in Voz de Lamego, ano 90/03, n.º 4538, 10 de dezembro de 2019