FECHADOS EM CASA, POR AMOR, POR FAVOR
1. Nesta hora crítica, em termos de saúde pública, em que se tornou necessário reunir todas as nossas forças, inteligência, alma e vontade, e lançar mão de medidas de exceção nunca antes vistas sobre a terra, quero expressar a todos os diocesanos de Lamego, que vivem nas suas 223 Paróquias, ou no mundo da emigração, a minha total comunhão e a garantia da minha presença e da minha oração, e o conforto da esperança, flor que Deus nunca permitirá que deixe de alumiar os meus olhos e os meus passos. Quero que saibais, meus irmãos e irmãs, que diariamente, às 10h00, às 17h00 e às 22h00, estarei a rezar por todos vós em comunhão com o Bom Deus e com todos vós.
2. Quero apelar a todos os sacerdotes do nosso presbitério de Lamego para que tomem consciência de que a principal missão que lhes é pedida, nesta hora de crise, que continua a ser também e sempre hora de graça, é a de rezar diariamente por todo o Povo Santo de Deus, sobretudo por aqueles irmãos e irmãs que vos estão particularmente confiados. Não se realizando celebrações comunitárias da Eucaristia, é bom que o Povo Santo de Deus saiba e sinta que os seus párocos e todos os sacerdotes e consagrados cumprem diariamente, ainda com maior amplitude, intensidade e fervor, a missão que Deus lhes confiou de rezar por todos.
3. Apelo a todos os fiéis para que não nos separemos, mas nos mantenhamos atentos e unidos, ainda mais atentos e unidos, para sabermos enfrentar com esperança e determinação este tempo de crise, que pode ser mais longo e difícil do que aquilo que agora possamos imaginar. A oração e a meditação dos mistérios do Senhor são excelentes exercícios e ótimos remédios que podemos realizar e utilizar em casa e em família e que elevarão o nosso espírito até ao Bom Deus, dispensador de todos os Bens.
4. O “isolamento social” a que todos nos devemos votar é determinante para o bem de todos e de cada um. “Fechados em casa” pode ser também um ato de amor. É também uma forma de vivermos intensa e santamente o Tempo Santo da Quaresma e de podermos experimentar desde já a operar em nós a «força da sua Ressurreição» (Filipenses 3,10). “Fechados em casa” podemos sempre consolar o coração com as celebrações que chegarão até nós via televisão, rádio e mundo digital.
5. Nesta hora crítica e difícil, acudamos uns aos outros. Rezemos uns pelos outros. Não esqueçamos os médicos e enfermeiros e todos aqueles que, na primeira linha, combatem este flagelo. Que ninguém se ponha de lado. Que ninguém seja marginalizado. Especial atenção merecem e necessitam os doentes e os mais fragilizados. A todos peço a máxima atenção e dedicação. A todos peço responsabilidade, seriedade, serenidade e determinação para entrarmos juntos nesta “luta do amor”, sendo que o amor é sempre uma luta, uma guerra, que nos tem de mobilizar a todos. «Lutai comigo na oração» (Romanos 15,30), pedia Paulo desde Corinto, prevendo as dificuldades que o esperavam em Jerusalém e Roma.
6. Para que estejam sempre ao nosso lado e lutem connosco nesta “luta do amor”, convoco hoje também, com uma invocação particular, Nossa senhora dos Remédios, Nossa Mãe sempre atenta e dedicada, e São Sebastião, nosso padroeiro e protetor em todas as circunstâncias adversas, como é hoje esta terrível doença que afeta a humanidade.
Nossa Senhora dos Remédios, rogai por nós!
São Sebastião, rogai por nós!
Em tudo e sempre, sobretudo nesta hora de luta que reclama de nós todo o empenho, contai sempre com o vosso bispo e irmão, + António, que a todos acompanha e abençoa.
Lamego, 15 de março de 2020, Domingo III da Quaresma