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A Filarmónica de Magueija tem alma mariana desde que há lembrança de existir.

São quase dois séculos de um caminho trilhado por várias gerações de músicos que elegeram a Imaculada Conceição como sua Padroeira, pela proteção que lhes concedeu aquando de uma travessia atribulada do nosso rio Douro.

Neste dia 8 de dezembro, dia da Solenidade da Imaculada Conceição, cumpriu-se a tradição de A louvar e honrar, numa celebração diferente pelas condições que se impõem, mas igual na devoção e gratidão.

Nesta data, a memória insiste em trazer para mais perto aqueles que de alguma forma contribuíram para que hoje se continue a comemorar a existência da Filarmónica e reforça a amizade dos que continuam a fazer parte dela.

Magueija é assim uma aldeia bafejada pela sorte de poder ter gente que cresceu a ouvir música dentro das suas casas. Não a música que aparece com um “play”, não a música que aparece com um “on” nem a recomendada “online”, mas sim a música que sai de dentro de cada um e que melhora a cada nota trocada, a cada mossa no instrumento e a cada farda que se rompe.

É uma música humana que cresce connosco e nos faz acreditar que há esperança numa aldeia que na sua dimensão representa todo um país, também ele apelidado nos alvores da nacionalidade de “Terra de Santa Maria”.

in Voz de Lamego, ano 91/06, n.º 4588, 15 de dezembro de 2020