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Peregrinação Anual ao Santuário da Lapa - 2021

O Dia de Portugal é um dos dias maiores do Santuário e da devoção de Nossa Senhora da Lapa, naquele que já foi um dos maiores santuários da Península Ibérica, juntamente com o Santiago de Compostela e que ainda hoje traz pessoas de todo o país, bem como alguns grupos estrangeiros, uns mais pela devoção, outros sobretudo pelo turismo. Há mais de 500 anos que a devoção à Senhora da Lapa nasceu e se propagou. A linda imagem da Virgem foi encontrada, em 1498, pela pequena pastora Joana, com 12 anos de idade.

Cumprindo as orientações da Conferência Episcopal, de 8 de maio de 2020, e as normas da DGS, a Peregrinação contou com um número significativo de pessoas, das paróquias e concelhos vizinhos. Presidiu à Peregrinação o Sr. Bispo de Lamego, D. António Couto. Concelebraram o Sr. Reitor, Pe. Joaquim Dionísio, e o Sr. Vigário Geral, Pe. Joaquim Dias Rebelo e uma dezena de sacerdotes.

Entre os dias 1 e 9 de junho, decorreu a Novena de preparação e, conforme a informação do Sr. Reitor, contou, todos os dias, com uma boa participação de fiéis, face aos constrangimentos da pandemia. O dia 10 de junho coroava (e coroa) o caminho feito, com grupos organizados vindos, sobretudo, das paróquias que integram as zonas pastorais de Sernancelhe e de Moimenta da Beira, mas também de Vila Nova de Paiva e de Castro Daire. Apesar de tudo, ainda houve grupos de pessoas que se deslocaram a pé, cumprindo uma tradição antiquíssima. Por outro lado, não foi possível o transporte de cruzes paroquiais nem bandeiras, até pelo facto de não haver a habitual procissão da Igreja do Santuário para o recinto das peregrinações.

A celebração da Santa Missa, no recinto das peregrinações, iniciou com a procissão de entrada, com a Cruz e as lanternas, o andor de Nossa Senhora da Lapa, transportado aos ombros de cinco jovens, com os escuteiros, com os sacerdotes e com o Presidente da celebração.

Antes dos ritos iniciais, a saudação do Pe. Joaquim Dionísio, no acolhimento a todos os peregrinos, ao senhor Bispo e a todos quantos se associaram a esta peregrinação, invocando a bênção de Deus, sob a proteção da Virgem Maria, Senhora da Lapa, neste dia de Portugal e que a Liturgia evoca o Santo Anjo de Portugal. No final da Eucaristia, o Reitor lembraria o Pe. Amorim, convalescente e seu antecessor à frente do Santuário, agradecia a presença de todos, dos sacerdotes, do Vigário Geral, Mons. Joaquim Dias Rebelo, do Sr. Bispo, a quem pediu a bênção, em nome de Deus, para todos, e a quantos prepararam o espaço e a liturgia e cuidaram, neste dia como ao longo de todo o ano, para que tudo proporcionasse um bom acolhimento e uma digna celebração.

Durante a homilia, o Sr. Bispo, partindo dos textos propostos na memória litúrgica do Santo Anjo de Portugal, sublinhou o dia da Portugalidade, juntando à pátria, a mátria, o céu que nos assiste enquanto portugueses e enquanto peregrinos. “Assiste-nos Deus, que nos fala pelos Seus mensageiros, pelo Anjo… um anjo é sempre um mensageiro que transporta as mensagens vindas de Deus até nós, mas também transporta as mensagens que vão de nós até Deus. É uma espécie de correio, de ponte, ou de estrada entre Deus e nós e entre nós e Deus”.

Como diz o lema da nossa Diocese, para este ano pastoral, importa “abrir e semear sulcos de paz e de esperança”, neste chão belo da nossa diocese, mas também no chão, belo e cuidado, do nosso coração. A paz e a esperança, sublinhou D. António, é Deus que no-las envia. Enquanto uma realidade desce de Deus, outra realidade sobe de nós ao encontro de Deus; abraçam-se o mundo de Deus e o nosso mundo. Só é preciso que o nosso mundo esteja sintonizado com o mundo de Deus. “A nossa vida é alimentada por estas palavras suculentas, que é uma maneira de Deus Se apresentar a nós e de fazer crescer em nós a Sua vida, divina e eterna, a paz e a justiça… o mundo de Deus vindo de encontro ao nosso mundo. A nós compete-nos abrir o nosso coração, de par em par, abrir sulcos no nosso coração e na nossa vida para que estes mensageiros de Deus possam deixar as sementes de Deus no nosso coração… Não há nada, nada, nada, nenhuma instituição, seja ela qual for, que alimente o nosso coração… a palavra de Deus pode alimentar o nosso coração, é essencial que nós acolhamos e recebamos o amor de Deus, a justiça de Deus, a verdade que há em Deus, a ternura que há em Deus, a paz que há em Deus, acolher este mundo de Deus. Ponto um. Ponto dois, erguer até Deus, desde o nosso coração, as nossas preces, as nossas necessidades, porque somos frágeis… Acolher o Céu, acolher Deus, acolher o mundo de Deus, e erguer o nosso mundo até Deus... A Palavra de Deus atravessa as nuvens e cai no nosso chão, no chão do nosso coração, mas depois também diz que a oração do justo atravessa as nuvens… é uma autoestrada com dois sentidos em que a palavra de Deus desce até nós e ao nosso mundo, e em que nós fazemos subir até Deus estas nossas necessidades e não podemos dizer que Deus passa ao lado, a nossa vida nunca passa ao lado de Deus e não passa ao lado da Virgem Mãe… como a vida de um filho nunca passa ao lado do seu pai e da sua mãe, nunca passa ao lado…”

A finalizar a homilia, D. António desafiou-nos: “Acolhei a mensagem que chega até vós e entregai as vossas preces a Maria, aqui, neste lugar santo, neste Santuário; aqui respira-se melhor, esta ventilação comum que desce do Céu e sobe até ao Céu, este ambiente de casa, da casa familiar, da casa materna, da casa paterna, da nossa casa, da casa onde nos sentimos bem. Que Deus esteja convosco e connosco, meus irmãos e irmãs, e que a Virgem Senhora da Lapa, Virgem Santa Maria da Lapa, nos acolha, nos acompanhe, nos proteja, daqui até a casa, de casa até aqui, e em todos os caminhos da nossa vida”.

No final, um pouco antes da bênção final, as palavras do Reitor do Santuário, Cón. Joaquim Dionísio, fazendo votos para que na próxima grande peregrinação anual, a 15 de agosto, as condições pandémicas permitam maior liberdade (proximidade física e descontração) na celebração. Como habitualmente, nestes dias de peregrinação, depois da Eucaristia, tempo para as famílias se recolherem no parque das merendas para acomodarem o estômago e restabelecerem as forças, antes de regressarem a casa com o coração cheio, com promessas cumpridas, com preces deixadas, com votos de voltarem no futuro, para agradecer a vida e celebrar a fé.

 

in Voz de Lamego, ano 91/31, n.º 4613, 16 de junho de 2021

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