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Entrevista Pe. João António

Acabadas as Festa, Lamego regressa ao seu pacato ritmo de uma pequena cidade de província. As vistosas e variadas iluminações das suas ruas voltarão para o próximo ano e, agora, ao anoitecer, começa a recair suavemente sobre a cidade, a penumbra dos dias de um outono que se adivinha. Mas lá do alto, do Monte de Santo Estevão, o Santuário dos Remédios e seu escadório continuam a impor-se como um lugar cheio de luz que o nosso olhar não pode ignorar não só pela sua majestosa arquitetura barroca, mas também porque é ali que se venera a Senhora dos Remédios e a ela acorrem, durante todo ano, não só os que a têm como sua Padroeira, mas igualmente os que, de todo o país, procuram este e Santuário para uma experiência forte de espiritualidade.

Fomos ao encontro do Senhor Reitor do Santuário, Cónego João António Teixeira, e pedir-lhe que nos falasse da relevância espiritual do Santuário dos Remédios, não só durante as festas, mas também ao longo do ano.

VL - Passou a festa, mas Nossa Senhora dos Remédios e o seu Santuário permanecem. Como é a vida do Santuário para lá dos dias da festa?

Essa é uma preocupação constante, que procuramos ter e incutir. A festa não pode ser um «momento-ilha», isolado da vivência diária do Santuário. A festa tem de ser a expressão e o corolário do que aqui se passa diariamente. Basicamente, o que se oferece nos dias da festa é o que se oferece todos os dias: silêncio, escuta, oração, reconciliação, acolhimento, Rosário e Eucaristia.

VL - Mesmo durante a festa, o que mais ressalta na comunicação social é a Procissão de Triunfo, que é sem dúvida uma grande expressão de fé. Mas o Santuário oferece um percurso de nove dias que até é muito participado. Como decorre habitualmente a Novena? Que levará tantos a virem tão cedo?

A Novena é inquestionavelmente o que assegura a identidade e a genuinidade da festa. Aliás, na alusão mais antiga à existência da Festa (1711), fala-se da Novena e da Missa Festiva. Nessa altura, o dia principal da Festa era a 5 de agosto, em que se celebra Santa Maria Maior. A partir de 1778, passou para 8 de setembro, o dia da Natividade de Nossa Senhora. Num caso e noutro, a Festa era composta apenas de Novena e da Missa Festiva do dia principal da Festa. A Procissão de Triunfo começou muito mais tarde, em 1894. Por aqui se vê como as pessoas se envolviam em todo este itinerário. De resto, o figurino da Novena é o mesmo de sempre, a começar pelo horário: 6h. Impressiona como, mesmo depois dos constrangimentos desencadeados pela pandemia, as pessoas continuem a vir em tão grande número, lotando não apenas o interior do Santuário, mas estendendo-se também pelo Adro. Também são muitos os que, no país e no estrangeiro, acompanham as celebrações através da Rádio Clube de Lamego, que garante, deste modo, um serviço prestimoso e muito apreciado. Penso que aquilo que mais «prende» as pessoas à Novena é a simplicidade: a oração e os cânticos envolvem rapidamente todas as pessoas. Gera-se também uma comunhão muito grande entre todos que chega aos extremos da comoção. A Novena pode cansar muito por fora, mas gera bastante paz por dentro. Este ano, introduzimos uma pequena inovação. A homilia foi em parte proferida e em parte cantada. O resumo do que era dito foi musicado pelo senhor Padre Marcos Alvim e, assim, as pessoas puderam memorizar melhor a mensagem.

VL - Que tempos existem, em cada dia, para o acolhimento das pessoas?

Tendo em conta a experiência, procuramos que o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios ofereça não apenas um mês de Maria, mas todo um ano com Maria, que conduz sempre até Jesus. Assim, logo pela manhã o Santíssimo Sacramento está exposto para adoração pessoal. Como este é também um forte centro turístico, procuramos apostar no acolhimento, confiado sobretudo à nossas estimadas irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, que fazem o primeiro e decisivo acolhimento, ouvindo e encaminhando as pessoas para aquilo que mais procuram. Recentemente, foi facultado o acesso às torres, o que tem sido muito apreciado. Da parte da tarde, continuam os chamados «tempos de escuta»: quer para a confissão, quer para direção espiritual ou outras necessidades. Pelas 16h40, começa o Terço, seguindo-se a Santa Missa. Entrelaçam-se, assim, os dois traços mais marcantes do Santuário: Maria e a Eucaristia.

VL - Além dos peregrinos da cidade, donde vêm mais pessoas à procura da Mãe?

Vêm pessoas de praticamente todo o país e de todo o mundo. Até de Taiwan e das Filipinas. É claro que o Minho e a zona do Porto têm uma preponderância acentuada. Mas também são muitos os que vêm de Vila Real do Alentejo, de Lisboa e das ilhas. Quanto aos outros países, são muitos que chegam da Europa, mas também dos Estados Unidos, do Brasil, da Argentina, etc. É claro que estes agrupamentos nem sempre são homogéneos nas suas motivações. Há quem venha só como turista. Mas também são muitos os procuram uma experiência espiritual forte.

VL - Que ligação o Santuário procura estabelecer com a cidade?

Dir-se-ia que é uma ligação umbilical, continua. As pessoas vêm em grande número. Esta é a sua casa e é aqui que encontram o rosto de Lamego, o rosto da Mãe.

VL - Até fisicamente, o Santuário está voltado para a cidade. Como é que o Santuário procura ser o «pulmão espiritual» da cidade?

Através das ações que promove e que são muito participadas, como se pode ver pelas procissões através da Mata. Também procuramos ir ao encontro das pessoas, convidando-as a marcar presença, em articulação com as paróquias. É um facto que a necessidade de cariz espiritual está a crescer.

VL - Nestes tempos tão convulsos, será que as pessoas olham para o Santuário como um «centro de espiritualidade» da cidade?

Cada vez mais isso se verifica. E é de prever que essa perceção cresça cada vez mais.

VL - A pandemia, a guerra e as crises por elas desencadeadas tem contribuído para o incremento da vivência espiritual no Santuário?

Inquestionavelmente. Foram geradas novas necessidades que as pessoas procuram satisfazer aqui. Há quem venha só para chorar e, através disso, abrem-se às propostas que lhes são oferecidas. A Casa da Mãe tem as suas portas abertas a todos. Ficamos felizes com a sua presença.

 

 

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