No passado dia 12 de fevereiro, D. António Couto presidiu à santa Missa, na Igreja Matriz de Armamar, com a sagração do novo altar, inaugurando as obras de restauro.
A Igreja é um exemplar da arquitetura medieval (estilo românico) e, segundo a tradição, terá sido construída com pedras do demolido Castelo de Armamar, antes da fundação do Mosteiro de Salzedas. A sua construção é datável de finais do século XII, princípios do século XIII. A atual igreja, como em outras localidades próximas, substituiu uma antiga capela ou ermida da mesma invocação (anterior ao século XII), surgida em algum culto pagão castrejo. É o único Monumento Nacional classificado do Município, publicado no Diário do Governo de 2 de junho de 1922, Decreto n.º 8:175 da 2.ª Repartição da Direção Geral de Belas Artes (Ministério da Instrução Pública).
A Eucaristia marcou a reabertura da Igreja de São Miguel de Armamar, depois de concluídas as obras de reabilitação e restauro. Segundo o site da Câmara Municipal, os trabalhos de restauro começaram em fevereiro de 2022, o ano em que se assinalou o centenário da classificação da igreja como Monumento Nacional, o único no município de Armamar.
No sábado, realizou-se uma sessão evocativa dos 100 anos da classificação, onde foram apresentados os resultados da intervenção, com o enquadramento da história do monumento e com um momento musical. Presentes os membros dos órgãos do município, Assembleia Municipal, Câmara Municipal e Juntas de Freguesia, e os párocos do município, os membros da Fábrica da Igreja de Armamar, a equipa técnica da obra, representantes das entidades locais e outros convidados. Ainda segundo a informação camarária, as obras demoraram cerca de um ano e consistiram na reabilitação das coberturas, alvenarias e pavimentos, assim como no restauro de pinturas murais e elementos de arte sacra. Foram ainda restaurados os sinos, o relógio e instalados novos sistemas de iluminação, de som e alarmes.
A concelebrar, sob a presidência de D. António, Vigário Geral e Pró Vigário Geral, e alguns párocos, com a Igreja a encher-se de fiéis, nos quais se incluíram os dignitários já referenciados anteriormente.
De acordo com o pontifical, depois dos ritos iniciais, a bênção e aspersão da água benta sobre a comunidade, sinal de penitência, em memória do Batismo, e para purificação do altar.
Durante a homilia, o nosso Bispo, acentuou a simbologia do altar, mais que um espaço, uma pessoa. O altar é ungido como se fosse uma pessoa. O óleo de Crisma usado nos sacramentos do batismo, do Crisma, na unção dos sacerdotes, é também usado na unção do altar. Aproveitou o Sr. Bispo para explicar os momentos da sagração do altar: a unção, a incensação, do revestimento e da iluminação.
D. António Couto, depois de nos situar nos gestos que iria realizar, centrou a sua reflexão na palavra de Deus, mormente no Evangelho, na senda do Sermão da Montanha, nas diversas antíteses propostas por Jesus, apondo ao legalismo o amor sem medida. Não basta não matar, a indiferença também é pecaminosa, também nos afasta do coração de Deus. Se fores levar a tua oferta ao altar, a referência ao altar a ser dedicado, e te lembrares que alguém tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão, e então aproxima-te do altar.
Seguiram-se, depois da homilia, a Ladainha dos Santos, e os referidos “ritos da unção, da incensação, do revestimento e da iluminação do altar exprimem, em sinais sensíveis, alguns aspetos daquela obra invisível que o Senhor realiza por meio da Igreja quando ela celebra os divinos mistérios, principalmente a Eucaristia.
a) unção do altar: pela unção do crisma o altar torna-se o símbolo de Cristo, que é o «Ungido» de preferência aos demais e assim é chamado; na verdade, o Pai O ungiu pelo Espírito Santo e O constituiu o Sumo Sacerdote, para que oferecesse no altar do seu Corpo o sacrifício da vida pela salvação de todos.
b) O incenso é queimado sobre o altar para significar que o sacrifício de Cristo, que aí se perpetua de maneira sacramental, sobe para Deus em odor de suavidade, mas também para exprimir que as orações dos fiéis sobem até ao trono de Deus, por Ele aceites e a Ele agradáveis.
c) O revestimento do altar indica que o altar cristão é a ara do Sacrifício Eucarístico e a mesa do Senhor, em volta da qual os sacerdotes e os fiéis, numa mesma e única ação, embora com função diversa, celebram o Memorial da Morte e Ressurreição de Cristo e comem a Ceia do Senhor. Por isso, o altar é preparado e festivamente ornado como a mesa do banquete sacrificial. Isto claramente significa que ele é a mesa do Senhor, da qual todos os fiéis se aproximam com alegria, para se alimentarem do alimento divino, o Corpo e o Sangue de Cristo imolado.
d) A iluminação do altar faz recordar que Cristo é «Luz para se revelar às nações», por cuja claridade resplandece a Igreja e por ela toda a família humana” (in Pontifical da Dedicação da Igreja e do Altar).
A Eucaristia prosseguiu na sua solenidade, em tons de festa, de louvor e ação de graças.
in Voz de Lamego, ano 93/13, n.º 4693, 15 de fevereiro de 2023