No passado dia 2 de julho, pelas 16 horas, a diocese de Lamego, na sua Sé Catedral celebrou, em ambiente orante e inefável, a ordenação de dois novos sacerdotes para o seu Presbitério: o Eduardo Leal e o Tiago Machado.
Os diáconos Eduardo e Tiago, acompanhados das suas famílias, amigos e conhecidos, escutaram de sua Excelência Reverendíssima, o Bispo de Lamego, D. António Couto, a provocação que constantemente deve fazer parte da vida do presbitério: nenhum padre é padre sozinho. Na verdade, o apelo para o serviço que é pedido a cada sacerdote tem como substrato a comunhão com Deus, com Bispo e com Presbitério onde encontra, e encontrará, sempre força e apoio para o sim dado na vida sacerdotal.
Depois da proclamação do Evangelho, os então candidatos ao presbiterado foram apresentados à comunidade, respondendo individualmente à sua nomeação.
Na homilia partilhada por D. António Couto, toda a assembleia teve oportunidade de refletir como a ação do acolhimento, que emerge da Palavra de Deus selecionada para o décimo terceiro domingo do tempo comum, se constitui de uma importância capital na vida de tudo o discípulo de Jesus. Quem acolhe a Jesus fica vinculado a Ele e quem acolhe um enviado do Senhor deve estar disposto a viver uma transformação radical, pois quem acolhe um enviado, um profeta, acolhe o próprio Jesus.
Para reforçar esta ideia, D. António Couto teceu duas notas, que servem de referência para a vida de todo o cristão.
A primeira nota vai ao encontro da fidelidade que existir entre Aquele que envia e aquele que é enviado. O vínculo existente entre Jesus e os seus discípulos é de tal modo estreito, forte e valioso que supera os laços familiares humanos e a própria vida terrena. Só assim se entende como Deus pode pedir tanto a quem envia.
A segunda nota sublinha a transformação de quem está disposto a acolher os enviados do Senhor. Esta transformação, nas palavras de D. António, compara-se à aceitação de viver com um bisturi dentro de si, capaz de ousar entender tudo de novo e de uma forma nova.
Este é o ambiente inefável que a Palavra de Deus abre no coração de quem escuta o chamamento de Deus e de quem acolhe os seus enviados, sendo necessário começar sempre pelas coisas pequeninas pois, como lembra Jesus no Evangelho, até um simples copo de água fresca pode valer a vida eterna.
A ecoar nos ouvidos de todos, e de modo particular do Eduardo e do Tiago, estas palavras continuaram presentes nos momentos da promessa dos eleitos, na súplica litânica e prostração, na imposição das mãos e oração de ordenação, na imposição da estola presbiteral e casula, na unção das suas mãos e na entrega do pão e vinho, assim como ao logo da celebração da eucaristia.
Aos novos sacerdotes desejamos uma vida ministerial com abundantes graças da parte de Deus. Que o bem que nos seus corações começou seja consumado por Deus para que vivam todos os dias da sua vida no dinamismo de fortalecer o vínculo com o Senhor que tudo dá para que tudo, que contribua para a vida eterna, se saiba acolher e oferecer, a começar pelas coisas simples como um copo de água fresca.
Pe. Miguel Peixoto, in Voz de Lamego, ano 93/33, n.º 4713, 5 de julho 2023