Saudação
A paz esteja convosco!
Cada rosto vosso é para mim ocasião de ação de graças, de confiança e de paz!
Agradeço a vossa presença neste dia de festa, mas também noutros dias e noutras circunstâncias que a vida nos proporcionou. A vossa amizade e a vossa oração dão-me confiança para o caminho: pelo amparo e segurança que proporcionam e pela paz sentida de não me saber só diante dos desafios.
Tenho a impressão de não ter qualquer mérito, exceto o de apenas colaborar e de ser um filho da misericórdia e da graça de Deus.
“E JESUS CAMINHAVA COM ELES”
No caminho de Emaús, o Senhor ajuda-nos a ser protagonistas da nossa história, porque nos liberta, nos ensina e nos aponta o caminho. Restitui-nos a graça para contrariar a nossa fragilidade e reconcilia-nos com o que era o nosso desespero. Faz-nos voltar a ser humanos mesmo quando a vida nos empurra para as dificuldades, nos impede de entrar, nos deixa à porta.
No caminho de Emaús, o Senhor ensina a não ser indiferente, mostra-nos que a presença dos outros nunca é por acaso e convida-nos a colocar a nossa humanidade à disposição. Somos seguidores e amigos de um Deus que se aproxima, que respeita o ritmo e as histórias de vida; um Deus crucificado que, amando todos, privilegia toda a espécie de feridos e sofredores…
A presença inspiradora do Senhor é garantia de proteção no caminho e no concretizar da missão. Porque relembrar Emaús é tomar consciência do apelo missionário permanente, um convite para encontrar e deixar-se encontrar pelo Senhor da Vida.
No caminho de Emaús, Jesus entra na nossa história para a transformar, não para a catalogar. E se a Deus não assusta a nossa história, compreendemos que, como seus discípulos, nos caberá acompanhar mais do que catalogar todos os que encontrarmos.
Porque um cristão é, antes de mais e como nos ensina o bom samaritano, alguém que se interessa pelos outros. Mais do que interpretar os outros e as suas vidas ou passar adiante, um cristão vai fazendo milagres na medida em que se interessa pelos outros, os olha e os acompanha.
Desejo ser um apóstolo da Boa Nova da Ressurreição de Cristo e da sua paz, apontando para a Cruz onde Jesus Cristo nos atesta o seu amor infinito, certo de que o seu aparecimento no oitavo dia derrota a morte e o mal e abre o caminho de vida em abundância.
Gratidão
Nesta hora de festa, de ação de graças e de súplica, são também oportunas, porque devidas, palavras para expressar a imensa gratidão.
- obrigado meu Deus pelo dom da vida e pelos dons nem sempre assumidos e vividos devidamente, pela misericórdia concedida e por nunca desistires de nenhum de nós;
- obrigado Virgem Santa Maria, Mãe do Céu e de todas as horas, a quem me habituei a rezar desde cedo e a quem invoco como a Senhora da Graça da minha aldeia natal de Cimbres, a Senhora dos Remédios que dá projeção a esta cidade de Lamego, a Senhora da Lapa ou a Senhora da Assunção, a quem esta catedral é dedicada e padroeira da diocese do Porto, a quem me confio;
- obrigado a todos vós aqui presentes e a quem o nosso Vigário Geral, Mons. Joaquim Dias Rebelo, saudou no início. Mas também a todos os que seguem esta celebração de longe, que não puderam estar presentes e me fazem companhia com a sua amizade e a sua oração.
- obrigado a todos os que colaboraram na preparação e vivência deste dia, de tanto que antecedeu esta bela liturgia, empenhando-se para que tudo estivesse devidamente preparado. O reduzido tempo de que dispuseram, acrescido dos afazeres próprios desta época não diminuíram o seu empenho e fizeram aumentar a minha admiração e gratidão;
- obrigado ao senhor Núncio Apostólico, D. Ivo Scapolo, pela delicadeza destes últimos tempos. Queira transmitir ao Papa Francisco a expressão da minha fidelidade e o meu reconhecimento pela sua confiança;
- obrigado aos bispos presentes e representados. Desde o passado dia 26 de maio tenho sido destinatário do vosso acolhimento fraternal no seio do corpo episcopal e sinto-me grato e sensibilizado;
- obrigado a D. António Couto que presidiu a esta celebração, a D. Jacinto Botelho, mas também a D. António Castro Xavier Monteiro, que aqui me ordenou há 30 anos, e a D. António Francisco dos Santos que tanto marcou o presbitério de Lamego e do Porto e que continua a ser figura inspiradora;
- obrigado, de maneira particular, a D. Manuel Linda e aos seus bispos auxiliares, pelo acolhimento e confiança;
- obrigado à bela diocese de Lamego, onde nasci e cresci, que me formou e que procurei servir nestes trinta anos de vida sacerdotal; porção do Povo de Deus a quem os anos não roubaram beleza e cujas marcas da interioridade não diminuíram a fé e a confiança no Senhor. Obrigado a todos os fiéis leigos, aos irmãos padres e diáconos, junto de quem sempre me senti bem e que a distância não fará esquecer;
- obrigado aos fiéis leigos, sacerdotes e diáconos vindos de outras dioceses, membros de ordens religiosas ou institutos, muito particularmente da querida diocese do Porto para onde o Senhor me envia. Prometo empenhar-me em aprender a conhecer-vos, a caminhar convosco e a servir-vos;
- obrigado à minha família, que me deu a vida, me ensinou o caminho para a igreja e com quem sempre contei e conto para ser e servir a Igreja;
- obrigado a todos aqueles que sempre me acompanharam neste percurso sacerdotal vivido nas paróquias, comunidades, instituições e movimentos. A todos procurei servir, com todos cresci e para todos invoco as bênçãos de Deus, marcado pela vossa generosidade e caridade. Vós fostes o sentido e a alegria da minha missão.
E Jesus caminhava com eles. E Jesus caminha connosco! Tenhamos todos a graça de O reconhecer, vontade de ouvir a sua Palavra, disponibilidade para servir o seu Povo e capacidade para O mostrar a quantos encontramos no caminho.