O programa dos Dias Nas Dioceses já encontrava preparado, as atividades agendadas e as tarefas distribuídas, só faltavam os nossos peregrinos.
O dia 26 de junho de 2023 chegou e nós, finalmente, conhecemos os peregrinos que íamos acolher em nossas casas, o autocarro (que os transportava) chegou ao som do hino da JMJ, o coração acelerou e muitos de nós choramos.
De seguida, fomos conhecer os peregrinos que íamos acolher. A partir desse momento a família cresceu. Após uma longa viagem, os nossos peregrinos tiveram tempo para descansar, conhecer as famílias de acolhimento e jantar, sendo que, posteriormente, foram para o acolhimento e oração da noite.
No dia seguinte, quando tomávamos o pequeno almoço, demos graças e todos compreendemos, apesar de falarmos línguas diferentes, foi um momento inexplicável.
Posteriormente, seguimos para a oração da manhã e para os workshops (cujos temas eram o lema da JMJ – “Maria”; “Levantou-se” e “Partiu apressadamente”). Não nos conhecíamos, mas o espírito era o mesmo: partilhar a nossa fé. Contudo, nesse mesmo dia fomos contagiados com a alegria do nosso grupo, que cantavam dançavam e até nos ensinavam novos jogos.
Dali partimos para o repasto e convívio para depois irmos visitar o CIMI, a Telebola e a fábrica dos Fumeiros Porfírios, para que os nossos peregrinos pudessem conhecer e provar as nossas iguarias. Certo é, que, mais uma vez nós fomos surpreendidos pelos nossos peregrinos, pois não houve “momentos mortos”, qualquer sítio era ideal para cantarem, dançarem ou jogarem.
Ao final do dia participamos na Missa, sendo que a homília foi em língua francesa, mas sem dúvida que a mensagem desse homília ainda hoje acalenta os nossos corações e nenhum de nós se esqueceu que quanto mais acreditarmos mais próximo estamos de Jesus e de que cada um de nós tem duas orelhas, uma para ouvirmos a Palavra do Senhor e outra para ouvirmos o próximo.
No dia seguinte, os nossos peregrinos estiveram na cidade e só regressaram às nossas casas para jantar. Ao final do dia participamos na Via Sacra, fizemos o caminho de Jesus até ao Calvário e foi bastante duro, mas a alegria no rosto dos nossos peregrinos e a emoção era contagiante, tendo-nos até brindado com uma das suas canções.
A nossa Via Sacra foi a demonstração de que nós partilhamos a mesma língua, pois a mesma foi rezada em várias línguas (português, inglês, francês e mandarim) e todos respondiam.
Sábado chegou e foi o dia mais preenchido, começamos no Santuário de Nossa Senhora da Lapa, em conjunto com toda a Diocese de Lamego, com um concerto, numa só língua, não tenho dúvida, a linguagem da fé e da alegria.
Ao fim do almoço, partimos e fomos para Tarouca visitar a Quinta do Cravaz para que os nossos peregrinos experienciassem como se produz o nosso vinho e assim de alma cheia partimos para a missa na Igreja de Santa Cruz, presidida pelo nosso Bispo. No final seguimos para Penude para jantar e mostrar mais uma vez aos nossos peregrinos como em Lamego se come bem. Mas o melhor estava para vir… quando o rancho de Penude subiu ao Palco os nossos peregrinos, mesmo sem perceberem muitas vezes a letra, dançaram até à exaustão, foi tão bonito ver toda a gente a dançar, as suas expressões faciais eram indescritíveis: estavam felizes e nós também.
Domingo chegou e o coração começava apertar. Participamos na Missa e de seguida almoçamos em família. Uma vez que este dia era o dia em que os nossos peregrinos iam passar mais tempo com a nossa família, decidimos almoçar calmamente, fazer sessão de fotos e depois fomos fazer um passeio pela nossa aldeia. O dia terminou com um lanche ajantarado e a procissão de velas.
Depois de uma noite bem dormida, acordamos todos com o coração ainda mais apertadinho, estava próxima a hora da partida, não queríamos acreditar. O pequeno almoço não foi igual aos outros dias, faltava o entusiasmo dos dias anteriores, os nossos olhos brilhavam e algumas lágrimas teimavam em cair, e algumas caíram, principalmente, quando começamos a receber presentes. Os presentes, como nos explicaram, eram sinais de gratidão, cada um deles tinha um significado.
Despedimo-nos ao deixá-los no autocarro para irem para a Missa de envio na Carreira Central do Santuário da Nossa Senhora dos Remédios, não os queríamos deixar partir, queríamos que ficassem, como queremos que o nosso irmão fique sempre perto de nós.
Na Missa de envio ficamos perto dos nossos peregrinos e foi bom, aconchegante mesmo, percebemos que a partida estava próxima, mas ainda não era naquele momento. Depois de almoço, chegou a hora, não queríamos acreditar, a família que se construiu ao longo daqueles dias ia-se separar. As redes sociais conseguem melhorar um bocadinho e ajudam a manter o contacto, mas não substituem os abraços e os afetos, esses que foram tantos nestes dias estão guardados no coração e ajudam acalentar os dias mais saudosos.
Estes dias não foram apenas importantes para cada um de nós, mas também foram importantes, na verdade MUITO importantes, porque colocaram Lamego no mapa, pois Lamego não é distrito, mas é Diocese, é uma exceção que proporcionou a muitos peregrinos uns DND excecionais.
Milene Faustino | COP Vila Nova de Souto D’El Rei, in Voz de Lamego, Ano 93/37, n.º 4717, de 16 de agosto de 2023