No último fim de semana, 2 e 3 de setembro, o Pe. Tiago Machado tomou posse do espaço pastoral para o qual foi nomeado pelo Sr. Bispo de Lamego, D. António Couto: paróquias de Paradela e Granjinha, e lugar de Cabriz (que pertence à paróquia de Sendim), na tarde de sábado; paróquias de Arcos e de Chavães, na tarde de Domingo. Para lhe dar posse, em nome da Igreja (particular) de Lamego, acompanhou-o o reverendo Pró Vigário Geral, Pe. João Carlos, cónego do Cabido da Sé.
Na linguagem cristã e nos contextos culturais em que vivemos, “tomar posse” ou ser “empossado” pode ser entendido numa dinâmica de poder, de arrebanhar o que já lhe pertence por direito. Mas, no caso concreto, é um pouco como o batismo, ninguém se batiza, é-se batizado, no fundo é a Igreja que batiza, alguém em nome dela que exerce esse ministério. E se é ministério é serviço.
Com efeito, e como sublinhou o Pe. João Carlos, o Pe. Tiago entra nestas paróquias, não em seu nome, não porque as paróquias o contrataram, não porque as escolheu, mas, na sintonia com a profecia de Jeremias, primeira leitura deste Domingo, foi Deus que o escolheu, o chamou e o envia, através daqueles que, em Igreja e em nome da Igreja, estão mandatados ou investidos para tal.
É o Bispo que nomeia. O pároco não vem em seu nome, como Jeremias não se anuncia a si nem profetiza em seu nome, mas comunica a palavra de Deus.
Jeremias vive num tempo de grande adversidade, sujeito a injúrias, incompreensões, ao escárnio do povo. Também o Pe. Tiago, como sublinhou o Sr. Pró Vigário Geral, pode passar por momentos como estes, em que se sinta isolado, mas como Jeremias tem de profetizar, anunciar a Palavra de Deus, santificar, rezar a Deus pelo povo que lhe é confiado. No Evangelho, Jesus é claro, o próprio filho do Homem sofrerá às mãos dos escribas, anciãos, príncipes dos sacerdotes, será morto e ao terceiro dia ressuscitará. A salvação faz esta passagem da morte à vida nova, à ressurreição. Não se chega aqui sem aqueles dias no sepulcro! O sacerdote tem essa missão de envolver a todos no projeto da salvação, prevenindo dos caminhos que afastam do Evangelho, apontando o caminho que é Jesus.
Depois da homilia, o Pe. João Carlos entregou, ao Pe. Tiago, as chaves da Igreja e do Sacrário; aquela significa o cuidado pelos bens da Igreja, administrando-os em favor de todo o povo, subjugando à vida pastoral, esta, sublinhando o centro, Jesus, o sacrário, pois o sacerdote tem essa primeira urgência de serviço à comunidade, a santificação, adorando o Senhor e chamando os paroquianos à proximidade com o Senhor, criando a contexto e a disposição para construir fraternidade.
No momento de ação de graças, num gesto cheio de significado, o Pe. João Carlos retirou a casula para que o Pe. Tiago a vestisse, assumindo a presidência da celebração e da comunidade.
As várias comunidades acolheram o Pe. Tiago com belas palavras, predispondo-se a ajudá-lo em tudo, com algumas oferendas simbólicas, nessa predisposição de o fazerem sentir-se acarinhado, de se sentir em casa.
O caminho das “tomadas de posse” está no seu final! Aos sacerdotes “empossados”, não em lugares, mas num serviço essencial às comunidades, desejamos que o ministério batismal, sacerdotal e eclesial seja profícuo, na edificação da Igreja, na promoção da fraternidade, para maior glória de Deus.
in Voz de Lamego, Ano 93/40, n.º 4720, de 6 de setembro de 2023