Inês Gonçalves
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“Escancarar o coração, edificante, gratidão, esperança, plenitude, emoção, felicidade, coração cheio, vivências enriquecedoras, alegria, amor ao próximo, ajudar, fé, união, amizade, respeito, aperto, orgulho, tempo, verdadeira Igreja, solidariedade, missão, comunhão, companhia, luz, compaixão, entrega, aprendizagem”.
Estas são algumas das palavras que, após quatro dias, visitando a idosos, doentes e reclusos, foram partilhadas pelos membros do Grupo Almacave Jovem. Numa época tão cheia de tudo e de nada, nem sempre é fácil deixarmos os nossos afazeres para nos fazermos à estrada. Porém, num ano onde tivemos a oportunidade de viver a JMJ no nosso país, não podia ser diferente. Andámos, apressadamente, de casa em casa, de estabelecimento em estabelecimento e quão melhores nos tornámos por termos dito “Sim” a esta missão. Fez-se Natal! Fomos levar um pouco da luz que temos de Cristo e recebemos mais do que o que demos, saímos encandeados e transformados! Começámos por visitar os idosos da APITIL, passando por casas particulares e outros lares, onde percebemos que o “escutar” pode ser o maior presente não só para quem está diante de nós, mas para quem o oferece. É um presente que retorna com o sentimento de acolhimento, aprendizagem, paciência... um presente que nos faz desacelerar o coração e transporta para outros tempos e outras vidas, para olhares profundos e sorrisos rasgados! O mesmo tivemos a graça de sentir quando visitámos os doentes do Hospital de Lamego e os utentes do Portas Pr’à Vida onde, para além de tudo isso, compreendemos a importância do estarmos presentes e como isso pode fazer a diferença no dia de alguém! Percebemos que é nas pequenas coisas e na simplicidade que é possível ser feliz e que, mesmo com as nossas cruzes, somos uns afortunados. Mas, será que somos mesmo? Será que damos o devido valor a quem nos rodeia, ao que temos, ao Natal? Acredito que estas experiências toquem cada um de maneira diferente, mas que é Jesus que se faz sentir! É Ele que nasce em nós, a cada momento, quando sentimos o coração a arder e nos vira a vida do avesso, em direção ao rumo que Ele nos quer dar! Mas não podíamos parar por aqui... quisemos terminar estes dias com uma Eucaristia no Estabelecimento Prisional de Lamego, presidida pelo nosso Bispo, D. António Couto. Dentro de várias coisas proferidas na homilia, marcou-me mais que “é necessário estabelecer um mundo relacional, com uma paz viva, cheia de ternura e Amor” e ainda “dentro de nós pode haver uma beleza nova”. Essas frases fizeram-me viajar aos meus 17, 18 anos onde me lembro de pensar “porque vamos visitar os reclusos?”. Hoje em dia penso de maneira diferente e questiono os outros, “porque não?”. Faz todo o sentido e acabamos por ir rumo à concretização das palavras do Sr. Bispo e àquilo que Deus nos convida a fazer. Somos todos iguais, dentro das nossas diferenças e é sempre uma aprendizagem e um testemunho de esperança, neste lugar que nos faz refletir acerca do verdadeiro significado do que é “ser livre”! Aqui, descobrimos o acolhimento, a compaixão, a sede de Jesus Cristo! Fomos ser testemunhos da Luz, mas a Luz fez-se testemunhar nos outros!
Foram quatro dias onde, seguindo o exemplo de Maria, quisemos que nada do que vivemos na JMJ se perdesse, conscientes de que só assim pode haver Natal, com a certeza de que Jesus nasce em cada sorriso, em cada gesto e palavra que partilhamos, quando carregados de Amor!