Julgo ser ponto assente que, com incidência e percursos diversificados nas várias dioceses, o diaconado permanente é uma realidade importante na Igreja em Portugal. Assim, a Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios (CEVM), da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), com o intuito de lembrar o caminho realizado e abrir horizontes para o futuro deste ministério na vida da Igreja, promoveu, e tal como em anos anteriores, a Jornada Nacional do Diaconado Permanente (JNDP), tendo sido convidados a participar os diáconos permanentes, as esposas dos que vivem o Matrimónio, os delegados diocesanos que os acompanham na formação, os candidatos do diaconado permanente e os aspirantes em formação.
A Diocese de Lamego, com um diácono, marcou presença na edição 2024 da JNDP, que decorreu no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima, no passado dia 25 de abril, sob o tema «Desafios Sociais na Missão do Diácono», que se integra na prática da caridade, um do tríplice múnus do diácono, quiçá o mais importante. Contando com a presença de cerca de uma centena de diáconos permanentes das várias dioceses de Portugal, na grande maioria acompanhados das suas esposas, esta jornada permitiu a partilha e o reencontro de “irmãos” no serviço de todo o país.
Após o acolhimento efetuado pelo secretariado da CEVM, na pessoa do cónego António Jorge Almeida, onde se encontravam ao serviço dois seminaristas de Lamego, às portas do diaconado, Tiago Torres e Tiago Fonseca, os participantes começaram por consagrar a Deus o início da jornada, com a Oração das Laudes, próprias do dia, da Festa de S. Marcos, Evangelista.
O presidente da CEVM, D. Vitorino Soares, bispo auxiliar do Porto, procedeu à abertura das jornadas, referindo que está confiante no trabalho dos diáconos, valorizando o que estes já fazem nas áreas sociais, reconhecendo que a Igreja dá passos importantíssimos, mesmo em momentos de derrapagem, de atuação nessa áreas; estimulou a que se desse continuidade a esse excelente trabalho, de modo a se mostrar que toda a Igreja não se acomoda e que se preocupa com os desafios sociais mais problemáticos; concluiu, agradecendo aos que aceitaram o desafio de testemunhar a sua experiência, daquilo que não é a habitualidade para qualquer membro, mas que mostra o serviço que a Igreja possa fazer, sem se exibir.
Seguidamente, moderados pelo Diác. Duarte João d’Oliveira (Patriarcado de Lisboa), o painel de testemunhos apresentou, com exemplos concretos, o serviço que já fazem em resposta aos desafios sociais que nos seus ambientes foram confrontados e chamados a servir, nomeadamente, nos Hospitais pelo Diác. José Carlos (Diocese de Aveiro), nas Prisões pelo Diác. José Noronha (P. de Lisboa), nas IPSS’s pelo Diác. Álvaro Pinto (D. do Porto), nas Escolas pelo Diác. Paulo Campino (D. de Santarém) e com os Migrantes e Refugiados pelo Diác. Horácio Félix (P. de Lisboa).
Ao meio dia, a jornada teve como ponto alto a Celebração Eucarística, presidida por D. Vitorino Soares, assistido por três diáconos, um de Lamego, um de Lisboa e outro, que proclamou o Evangelho, de Aveiro, concelebrada por D. António Luciano, bispo de Viseu e vogal da CEVM e pelos presbíteros presentes.
Depois de um almoço de confraternização, seguido de um momento de pausa, pelas quinze horas, foram retomados os trabalhos com Workshops alusivos a cada um dos desafios sociais apresentados no painel de testemunhos da manhã. Deste modo, cada um dos participantes teve a oportunidade de escolher aquele que lhe seria mais pertinente.
Posteriormente, houve um momento musical animado pelo Diác. Jorge Ribeiro (D. Aveiro) a que se seguiu o Plenário de apresentação resumida de cada workshop pelo respetivo porta-voz.
Nas conclusões finais, D. António Luciano salientou que valoriza muito estes wokshops, pois permitem diálogos importantes para a dimensão da Igreja, visto que incentivam cada um a empenhar-se mais, a usar os melhores meios ao serviço da caridade, contribuindo, deste modo, para dar um novo rosto ao diaconado. Para tal garantiu que os diáconos podem contar com o total apoio por parte dos bispos. Por seu lado, D. Vitorino, presidente da CEVM, aludiu a que os desafios sociais apontados são desafios de toda a Igreja, não só do diaconado, pois são provocações às quais não se pode virar a cara, não se podem esconder. Como tal, ao salientar que a partilha das ações atinentes são uma boa presença na Igreja, alertou para que essa presença não seja como uma elite, um grupo seletivo, mas uma presença espontânea, onde o espaço de ação seja a área de sedução do trabalho que realizam. Para isso, deixou um forte estímulo aos diáconos para que nas ações transpareçam, efetivamente, a realização em servir.
A JNDF foi concluída com a Oração da semana das Vocações 2024.
Esta jornada, orientada e coordenada pelo secretário da CEVM, Cón. António Jorge Almeida, proporcionou um dia de reencontro, de convívio e de partilha, contribuindo para uma jornada que, certamente, será muito frutuosa. Ficamos a aguardar a próxima edição. Um bem-haja a todos os envolvidos!
Diác. Eduardo Pinto, in Voz de Lamego, ano 94/24, n.º 4752, de 1 de maio 2024.