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Pe. Zé Guedes, o nome que ecoa...

Estes dias, ecoa na nossa cidade um nome: Pe. Zé Guedes!

Onde quer que eu vá, está presente, nas memórias de quem o recorda, de quem fala com tristeza do sucedido e gostaria de o ter por mais tempo, enfim... entre memórias e lamentações, vem-me à ideia a pessoa que foi o Pe. Zé Guedes!

Como é que alguém que nos deixou para o outro mundo, está tão presente como se por aqui andasse? Acredito que isto aconteça porque durante a sua vida, tentou sempre ser fiel aos ensinamentos de Cristo, aos valores da Igreja, por isso, só podia ser dessa maneira. Mas essa questão levou-me a pensar no impacto que um simples homem pode ter em tantas, tantas pessoas, de contextos tão diferentes! E com isto, a linha do meu pensamento começou a percorrer muitos caminhos, ficando difícil organizar as ideias relativamente a algo tão profundo e inexplicável!

Temos vida e, havendo vida, haverá morte e o povo costuma dizer que é a única certeza que temos, porém, percebi que andei este tempo todo a afirmar uma mentira. Não, não temos só a certeza de que vamos morrer, mas que iremos viver para sempre e cabe-nos a nós trabalhar aqui nesta terra para determinar como iremos viver na eternidade. Essa sim, é a grande e maior certeza à qual devemos estar firmes e a forma como o "nosso Zé Guedes" falava sobre isso, era arrebatadora. Parecia sempre cheio de um fogo, da força do Espírito, com a certeza nessa vida que nos espera um dia e no Amor de um Deus que nos quer com Ele para sempre! Jesus disse "Eu sou a ressurreição e a vida. (...) E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá" (Jo 11, 25-26). Portanto, talvez seja por isso que o Pe. Zé Guedes continue tão presente: porque está! O testemunho visível e profundo de como viveu a sua missão como sacerdote é insondável, a forma como sempre transmitiu Jesus e como foi a Sua luz, não a podemos apagar! E ainda bem que ninguém pode apagar o passado porque se hoje chorámos a partida deste amigo, alegremo-nos por estar junto do Pai e por tudo o que deixou e fez por cada um de nós!

Sinto que por mais que escreva, não será possível fazer jus àquilo que este homem, sacerdote e amigo foi! Levo dele as melhores e mais genuínas expressões que punham toda a gente a rir, principalmente em momentos inesperados; a maior resmunguice à face da terra por tudo e por nada, mas era o primeiro a chegar com um beijo ou um abraço (ou até mesmo os pedia no meio das resmunguices!); a tão característica frase "Ouvi lá!" para diversos momentos e "Nnn’oremos!" nas Eucaristias que celebrava. O "nosso Zé Guedes" era isso e muito mais: era cantigas ao microfone nas viagens paroquiais, os bailaricos com as velhotas nos momentos de convívio em comunidade, a preocupação e dedicação com os jovens de Almacave. O Pe. Zé, era a parceria com os senhores das concertinas e a atenção que mantinha para manter o copinho de toda a gente sempre cheio com jeropiga. Mas era também o stress e mau feitio durante a Quaresma para que tudo corresse bem na Páscoa; era o amor a Nossa Senhora e a entrega em tudo o que se propunha a fazer, era o "eu consigo tudo! O que precisais? Pedi lá que eu arranjo!". Era sorrisos meigos e sinceros!

Era o Zé da Zezinha! E as palavras dele? Carregava em si as palavras mais sábias e tocantes quando abria o coração à sua comunidade ou a cada um de nós de forma individual. Era um furacão na sua missão! Preocupava-se muitas vezes, de forma escondida, e que feliz me sinto por ter crescido mais de perto para ver este lado tão cuidador e paternal! A postura dele sempre que tentava ajudar a resolver problemas alheios, convidando para conversar num jantar e orando pelo que o atormentava, tudo porque queria o bem das pessoas! Por vezes a sua preocupação era visível, pois fazia questão de nos chamar à atenção para deixarmos as portas do Centro Paroquial fechadas, tudo limpinho, as luzes apagadas! Ai as luzes! Mas este exemplo de cuidado e responsabilidade é mais um ensinamento porque no fundo, ele também se esforçou para conseguirmos usufruir de um espaço que nos é como uma casa! O Centro Paroquial era a “menina dos olhos” do Pe. Zé, mas não o queria para ele, pois fazia questão de que fosse de quem dele precisasse! O nosso Zé Guedes, era a pessoa que arranjava uma alcunha para toda a gente, e assim, passávamos a ser um bocadinho mais dele!

À semelhança do que fez comigo, sinto que ao longo da sua vida, com tantos outros, ralhou (muito), rezou, acarinhou com as suas palavras quando mostrava o seu lado mais terno, abraçou, abençoou... tanto, tanto, tanto. É impagável o quanto se deu! Mas mais importante, deu e mostrou Jesus, em tudo, no Amor que tinha pela sua vocação e comunidade! Frisava com convicção que sem Deus nada podia ser feito! Esteve sempre presente nos meus piores momentos, ensinando que há sempre esperança n'Aquele que é eterno. Já não há muitos "Zé Guedes" mas que graça tão grande de quem se cruzou com ele. O maior exemplo que levo é o de Fé porque sabia e vivia com todo o seu coração Aquele Jesus que é o único caminho, verdade e vida! Um exemplo de pastor que apascenta as suas ovelhas, um exemplo de devoção à Mãe, que ainda hoje me ensina a caminhar para ela!

Agora, entrar no Centro Paroquial não será igual, as Celebrações não serão as mesmas, as atividades paroquiais perderão cor, já não haverá mais resmunguices e custa saber que não o irei ouvir chamar-me mais de magricela, mas tudo o que fez nesta vida, espero que continue a fazer na outra e que possa agora celebrar a eternidade junto do Pai que tanto amou por aqui! Tudo será diferente, mas terá sempre a sua presença, o seu legado em tantos corações!
Que este nome continue a ecoar pela nossa cidade para sempre!
Obrigada Pe. Zé Guedes!

 

Inês Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 94/30, n.º 4758, de 12 de junho 2024.

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