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Homilia de D. António Couto na abertura do Ano Jubilar

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA E ABERTURA DO ANO JUBILAR

1. Nós Te adoramos e bendizemos, ó Cristo, que pela tua Santa Cruz remistes o mundo! A Cruz do Senhor abriu o nosso Ano Jubilar. Veio à frente da nossa peregrinação, a orientar os nossos passos. Foi levantada diante dos nossos olhos à entrada da Porta principal da nossa Catedral. Foi aí apresentada e aclamada como nossa esperança, a nossa única esperança. E aqui continua exposta, lado-a-lado com o Altar e diante dos nossos olhos, para nunca mais a perdermos de vista.

2. S. Paulo rebuscou e encontrou a forma sublime de dizer que Cristo Crucificado é Cristo posto por escrito (proegráphê) diante dos nossos olhos (Gálatas 3,1). Aí está então, caríssimos irmãos e irmãs, o texto que há que ler e reler todos os dias durante este Ano Jubilar, em que somos instados a peregrinar em busca da esperança. Não de uma esperança morta, vazia e enganadora, como a que nos oferece o Prometeu de Ésquilo, mas de uma esperança viva, como afirma S. Pedro na sua Primeira Carta: «Bendito seja Deus e Pai do Senhor Nosso Jesus Cristo, o qual, na sua muita misericórdia, nos regenerou para uma esperança viva (elpìs zôsa) por meio da Ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos» (1 Pedro 1,3).

3. A Cruz do Senhor e a Ressurreição do Senhor. O mesmo Senhor. A mesma esperança. A única esperança viva, que pode dar vida. O resto reside no ridículo, como refere o Livro da Sabedoria, acerca daqueles que, «para a sua vida, invocam coisas mortas» (Sabedoria 13,18).

4. «Iam os pais de Jesus todos os anos a Jerusalém pela festa da Páscoa. E quando Jesus fez doze anos, eles subiram segundo o costume da festa» (Lucas 2,41-42). Aqui temos, caríssimos irmãos e irmãs, a Sagrada Família de Nazaré em peregrinação ao Templo de Jerusalém, à Casa de Deus, para cumprir os mandamentos do Senhor, que obrigavam todo o homem hebreu adulto a ir em peregrinação, três vezes no ano, a Jerusalém. Foram, cumpriram os oito dias do ritual da festa da Páscoa, e regressavam a Nazaré em caravana sinodal (sinodía). Mas, pelos vistos, Jesus tinha ficado em Jerusalém, e não se encontrava na caravana. Deram pela falta dele, e foram à procura dele. Tinham de ir à procura dele. Não se pode peregrinar em caravana sinodal sem Jesus. Não se pode viver sem Jesus. Encontraram-no três dias depois, notável prolepse dos acontecimentos da Páscoa, pois também as mulheres da Páscoa encontram Jesus ao terceiro dia! O pai e a mãe de Jesus encontraram-no sentado na Cátedra (kathezómenos), no meio (en mésô) dos doutores, ensinando-os e interrogando-os (Lucas 2,46).

5. Ficaram estupefactos. E à interpelação da sua Mãe: «Porque nos fizeste isto?», Jesus responde: «Por que me procuráveis? Não sabíeis que nas coisas do meu Pai é necessário para mim estar?» (Lucas 2,49). Diz-nos o narrador que «eles não compreenderam a palavra que lhes falou», e que, não obstante, «Maria guardava todas as palavras no seu coração» (Lucas 2,50-51).

6. Caríssimos irmãos e irmãs, não nos admiremos nem desanimemos se não compreendermos tudo acerca de Jesus. Maria e José também não compreenderam logo tudo. Abre-se também diante deles o caminho belo da fé que eles têm também de percorrer. Também eles têm de recomeçar, de fazer reset, de reiniciar a sua vida de outra maneira. Eles como nós. Nós como eles. Como as mulheres e os homens da Páscoa, que até hoje não se cansaram ainda daquela imensa correria que os fez peregrinar por toda a parte, levando Jesus e a sua Palavra a todos quantos, por toda a parte, nos vão pedindo Jesus. Viver em Jubileu é seguir, como a Família de Nazaré, os mandamentos de Deus. É, portanto, regressar a Deus, recomeçar em Deus. Recomecemos já então por esta peregrinação à Casa de Deus que hoje empreendemos, e onde aprendemos, não apenas a ser, mas a nascer como filhos e irmãos.

7. Ele continua no meio de nós, sentado na Cátedra da Cruz, do Altar, do Ambão, do Batistério, do Perdão. Ele é Único, e é o Único. Ele é a única esperança viva que pode preencher os anseios da humanidade dorida deste tempo. A chave para os fracassos e dores desta humanidade é «estar nas coisas do meu Pai». Não ocupados com as coisas e os negócios de Deus, mas simplesmente estar na vida de Deus. Só assim estará também a vida de Deus em nós.

Nós Te adoramos e bendizemos, ó Cristo, que pela tua Santa Cruz remistes o mundo!

 

Igreja Catedral de Lamego, Homilia na Festa da Sagrada Família e Abertura do Ano Jubilar, 29 de dezembro de 2024

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