A ARTE DE CUIDAR
Dois dias, 16 e 17 de janeiro, no Seminário Maior de Lamego, duas temáticas e dois oradores para a formação do clero diocesano: Pe. Antonino Sousa, sacerdote do Coração de Jesus (SCJ), cuja intervenção sintonizou com o lema pastoral sobre a arte de cuidar e D. José Cordeiro, Bispo de Bragança-Miranda, para refletir sobre a iniciação cristã dos adultos.
Depois da oração e de breve apresentação do orador por parte do Pe. João Carlos, Provigário Geral e responsável pelo Departamento Diocesano para a Vida e Ministério dos Presbíteros, o Pe. Antonino propôs-nos: 1) Arte de cuidar a Obra da Contemplação, (ecologia integral); 2) Arte de cuidar dos Outros (elementos éticos), e 3) Arte de cuidar com Palavras e Ternura (Cristo como cuidador).
A contemplação da criação leva-nos a uma ética ambiental no respeito por todos os seres vivos, cooperando na obra de Deus. Cuidar da criação é uma exigência moral e espiritual, que deriva do mandato de Deus e que assegurará o futuro. Pode ver-se aqui o princípio beneditino “Ora et Labora” (oração e trabalho). A criação gera abertura para o Criador.
Cuidar da contemplação leva-nos a viver em gratidão, o que nos torna felizes.
No segundo momento, o Pe. Antonino, acerca da arte de cuidar dos outros, remeteu-nos para o princípio da compaixão. O rosto do outro interpela-nos e exige uma resposta. E sobretudo o rosto do outro frágil. A ética do cuidado auxilia a ética da justiça.
Cuidar faz parte do “ethos” cristão. Jesus é o modelo do cuidador, vivendo em permanente atitude de docilidade. Jesus não se importava de perder tempo. Um dos momentos mais significativos é o Lava-pés. Jesus senta-se à mesa com todos e lava-nos os pés. A mesa gera proximidade. O lavar os pés transparece o cuidado aos outros como expressão do amor.
É no serviço e no cuidar dos outros que integramos a comunidade de Jesus.
Pe. Manuel Gonçalves
INICIAÇÃO CRISTÃ DOS ADULTOS
No segundo dia da formação anual do clero, a orientação esteve a cargo do Senhor Dom José Cordeiro, Bispo de Bragança-Miranda.
Após a oração da manhã, teve lugar a apresentação de um conjunto de notas biográficas, que explicaram o percurso de vida feito pelo orador deste último dia das jornadas de formação
Dada a palavra a Dom José Cordeiro, foi feita, pelo próprio, uma saudação calorosa aos presentes, destacando a afetuosa ligação que o une à diocese de Lamego, por ter recebido o sacramento da Confirmação e da Ordem pelas mãos de dois bispos oriundos da igreja lamecense.
Numa primeira conferência, sob o tema “As origens e as razões do Catecumenado”, o orador realçou a necessidade de rever o atual esquema de catequese. Destacou que a nossa forma de catequizar incorre em algumas falências. Por exemplo, interromper a catequese nos períodos nevrálgicos e centrais das celebrações cristãs (Natal e Páscoa). Ou ainda, por ser demasiado teórica e provocar pouca experiência de contacto direto e profundo com Cristo e com o Evangelho.
Após um pequeno intervalo, a segunda alocução versou sobre “A iniciação cristã dos adultos”. O conferencista frisou veemente a necessidade de se fazer a distinção de preparação e de celebração ritual entre batizados de crianças antes da idade do uso da razão, crianças após essa idade e de adultos. Houve, no final desta segunda intervenção, um tempo para questões e esclarecimento de algumas dúvidas.
Na última intervenção, já depois de almoço, o tema em questão foi “A alegria do encontro com Jesus no RICA”. Aqui a ressalva recai no facto de ser urgente que o nosso agir passe do mistério ao ministério, e não o contrário. A conversão pastoral implica, antes de tudo, conversão pessoal.
Com a sala do seminário repleta de sacerdotes e uma comunicação bastante atrativa e profundamente elucidativa, por parte de Dom José Cordeiro, o dia decorreu de forma bastante airosa, mas com abordagens significativamente pertinentes.
Pe. Diamantino Alvaíde,
in Voz de Lamego, ano 88/08, n.º 4445, 23 de janeiro de 2018