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Semana dos Consagrados

Consagrados, quem somos?

É na diferença de cada consagrado, na sua fidelidade ao Instituto ou Ordem, a que pertencemos, no seguimento de Cristo, que construímos a comunidade na obediência e renúncia, que seremos testemunhas do Reino de Deus, que queremos implantar no meio do povo de Deus.

Recordamos a festa da Apresentação do Senhor no Templo. O texto de Malaquias: " e imediatamente entrará no seu santuário o Senhor que vós procurais... ei-lo que chega (Mal. 3,1).O Menino trazido nos braços de Maria e José, entra como qualquer criança de quarenta dias, com o fim de cumprir o que a Lei de Moisés prescrevia. Trazem-no ao templo como tantas outras crianças israelitas: um filho de gente pobre. Ele entra, então, sem chamar a atenção de ninguém, sem que ninguém o espere. " Deus absconditus..." Na verdade, vós sois um Deus escondido (Is. 45,15).
Maria traz o seu filho nos braços. Mas, mesmo nessa altura, Jesus é luz das nossas almas, a luz que ilumina as trevas do conhecimento e da existência humana, da inteligência e da consciência.

A Semana do Consagrado trata-se de uma importante ocasião para louvarmos o Senhor e darmos graças pelo dom inestimável que a vida religiosa, nas suas diferentes formas, representa; sendo ao mesmo tempo estímulo para se dar a conhecer a todo o povo de Deus; é o reconhecimento e estima por todos aqueles que se consagram totalmente a Deus.

Assim como a vida de Jesus, na sua obediência e dedicação ao Pai, é palavra viva do “Deus connosco”, assim também a vida de doação efetiva dos consagrados a Deus e aos irmãos se torna sinal eloquente da presença do Reino de Deus para todo o mundo de hoje.
No nosso modo de viver e agir, deverá manifestar-se, sem ambiguidades, a plena obediência ao único Senhor; a nossa entrega plena nas mãos de Cristo e da Igreja deverá ser o anúncio forte e claro da presença de Deus, numa linguagem compreensível para os nossos contemporâneos.
É este o primeiro serviço que a vida consagrada presta à Igreja e ao mundo.

"Eles deixaram tudo e seguiram Jesus" (Ic. 5,1-11).
Jesus está no meio da multidão. Fala. Escutam-no. Lucas indica-nos que é a primeira atitude da Igreja, a pregação. É o que a Igreja deve fazer. Foi Jesus que a começou. Esta é um prolongamento daquela de Jesus, e tem o mesmo conteúdo. Senhor torna-nos capazes de escutar a Tua palavra.

"Jesus subiu para uma barca, que era de Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra". Jesus já não ensina na sinagoga, mas nas margens do lago. A barca encontra-se a uma distância entre Jesus e a multidão, sublinhando uma certa autoridade de Jesus: o simbolismo é evidente: a barca representa a comunidade cristã.
É esse o único lugar onde ressoa a voz do Mestre, é dela e não de outros púlpitos que se devem aproximar os que desejam receber luz, consolação e esperança.
"Quando acabou de falar, disse a Simão: faz-te ao largo a lançai as redes para apesca..."
Perante a palavra do Senhor, que convida a lançar as redes em pleno dia, Simão pensa que a ordem recebida é ilógica, insensata e que o esforço que lhe é pedido é inútil e ridículo. E, todavia, embora a palavra do mestre vá contra a sua lógica, ele obedece, confia e, no fim, obtêm um resultado imprevisto e extraordinário.Em Pedro revemo-nos todos nós. A nossa sabedoria leva-nos arecusar. Mas, o Senhor convida-nos a lançar as redes, novamente e novamente...
"Deixaram tudo e seguiram Jesus..."
O verdadeiro milagre não é a pesca no alto mar, é no coração dos homens, é quando se aceita o grande risco da fé e, deixando tudo, se segue Jesus. Os discípulos deixaram as suas velhas barcas e umas redes rotas; era tudo o que possuíam, e nós seremos capazes de ter o mesmo gesto corajoso e radical?
No meio do povo de Deus, os consagrados devem ser sentinelas que gritam e anunciam a vida nova, já presente na história.
O Senhor renove todos os dias, em nós e em todos os consagrados, a jubilosa resposta e o seu amor gratuito e fiel.

Pe. Avelino Martins da Silva osb,

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