FORMAR DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS
1. A missão específica do Seminário, dizem os Documentos do magistério da Igreja, é «formar Pastores para a Igreja de hoje, no mundo de hoje» (Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis [1992], n.º 61; Normas Fundamentais para a Formação Sacerdotal nas Dioceses Portuguesas [1990], n.º 129 e 162). O Pastor está atento às suas ovelhas e conhece-as uma a uma, cuida delas com extremosa atenção, dá a vida por elas (Jo 10,1-18). É, por isso, que, na sua vertente humana, o Seminário deve ser uma comunidade impregnada de profunda amizade e caridade, de modo a poder ser considerada uma verdadeira família, que vive na simplicidade, na confiança e na alegria. E, na sua vertente cristã, deve configurar-se como comunidade de discípulos do Senhor Ressuscitado, reunida à volta da alegria do Senhor Ressuscitado, formada dia-a-dia na leitura e na meditação da Palavra de Deus, no sacramento da Eucaristia e no exercício da justiça e da caridade fraterna. Uma comunidade onde resplandeça o Espírito de Cristo e o amor para com a Igreja. Uma comunidade orante, onde se aprende e se cultiva o vocativo da oração e o imperativo da comunhão (Pastores Dabo Vobis, n.º 60).
2. O ambiente simples e dinâmico do Seminário ajudará cada um dos candidatos ao sacerdócio a alcançar uma compreensão cada vez mais profunda das exigências e da beleza da sua vocação, em ordem à aceitação, cada vez mais radical e definitiva, do projeto de Deus. Os formadores saberão acompanhar cada candidato, e levá-lo a ver a sua vocação à luz da Igreja, da sua doutrina, da sua prática pastoral e litúrgica e da sua legislação, de modo a fazer crescer no coração de cada candidato um coração novo à medida de Cristo, conforme ao coração de Cristo, sensível às dores de cada ser humano, para saber ser, neste mundo controverso, verdadeiro semeador de esperança e ceifeiro feliz.
3. Sábia e inteligentemente, a documentação da Igreja tem salientado que, «de sua natureza, a formação sacerdotal exige uma continuidade, ao longo de toda a vida, com incidência nos primeiros anos de sacerdócio» (Pastores Dabo Vobis, n.º 70-76; Normas Fundamentais para a Formação Sacerdotal nas Dioceses Portuguesas, n.º 152). Isto quer dizer que devemos humildemente saber estar sempre em formação, sentados na escola do nosso verdadeiro Mestre e Senhor.
4. Atravessamos uma vez mais a Semana dos Seminários, que este ano acontece de 11 a 18 de novembro, subordinada ao tema «Formar discípulos missionários», fazendo eco do enunciado da nova Ratio Institutionis Sacerdotalis, de 2016, da Congregação para o Clero, que, recolhendo ideias e vocabulário do Papa Francisco, passa e repassa como caminho e ideário fundamental, «que os seminários possam formar discípulos missionários, “enamorados” do Mestre, pastores “com o cheiro das ovelhas”, que vivam no meio delas para as servir e conduzir à misericórdia de Deus». Por isso, cada batizado, cada seminarista, cada sacerdote deve ser continuamente um “discípulo a caminho”.
5. Os nossos seminaristas frequentam, de momento, o Seminário de Lamego e o Seminário Interdiocesano de S. José, sediado em Braga, para possibilitar aos nossos seminaristas poder frequentar a Faculdade de Teologia da Universidade Católica.
6. Lembro ainda que continuam a decorrem obras no nosso Seminário de Lamego, para podermos também transformar alguns dos seus espaços numa casa aberta e acolhedora, capaz de oferecer aos fiéis leigos da nossa Diocese mais e melhores tempos de formação, convívio e oração, como já está a acontecer semanalmente com o Centro Fé e Cultura, que já vai no 2.º Ano de atividade.
7. Enquanto erguemos o nosso coração em oração ao Bom Pastor, que guia os nossos passos nos seus caminhos, levemos também até ao coração de Deus os nossos seminaristas, e peçamos-lhe com insistência, por intercessão de Maria, nossa Mãe sempre atenta, que «arraste» outros jovens para os nossos Seminários, para que amanhã não nos faltem os sacerdotes de que necessitamos para servir da melhor maneira o vinho novo da Alegria ao Povo de Deus da nossa Diocese de Lamego e da Igreja inteira.
8. Peço, então, uma vez mais que, sendo generosos na oração, o sejamos também na dádiva de nós próprios, concretizada no Ofertório de Domingo, dia 18, que será destinado, na sua inteireza, para as necessidades dos nossos Seminários que, neste tempo, servem, não apenas os seminaristas, mas também os fiéis leigos. Isto é, servem o Povo de Deus.
Que Deus nos abençoe e guarde em cada dia, e faça frutificar o labor dos nossos Seminários.
Lamego, 1 de Novembro de 2013, Solenidade de Todos os Santos
+ António, vosso bispo e irmão