É difícil descrever com pormenor coisas muito grandes. É principalmente difícil quando se está muito próximo dessas coisas. Ainda mais difícil é quando se está dentro dessas coisas. Falo da Jornada Mundial da Juventude no Panamá que tive oportunidade de viver juntamente com o meu primo Francisco, outros trezentos portugueses e mais setecentos mil jovens de todo o mundo.
É ainda muito cedo para poder avaliar tal acontecimento e seus efeitos com o rigor que me mereceria. O possível será, talvez, descrever um pouco o que lá vivemos em comunhão com o Santo Padre.
Esta Jornada teve propositada e marcadamente um cunho vocacional. Fiquei muitíssimo surpreendido pela grande quantidade de jovens - inclusive os portugueses - que, seriamente, estão comprometidos com a Igreja. Estes jovens questionam-se, com verdade e com Maria como sua matriz, sobre o plano de Deus para si.
Ser no Panamá, na Polónia, em Portugal, ou noutro sítio qualquer será, talvez, o menos importante de um evento daquela escala.
A Jornada Mundial da Juventude a dada altura deixa de ser mais um evento para se tornar em expressão do Evento-Cristo. A JMJ pode ser uma forma de vida, o paradigma ou chave de leitura que buscamos. Na JMJ está Cristo Vivo no Seu Espírito. Na JMJ está a Vontade do Pai. Na JMJ vive-se, de facto, a tal unidade na diversidade. Na JMJ tudo se recebe do Pai como bênção; tudo se partilha fraternalmente como Graça. Na JMJ vive-se mais como filho imensamente amado.
Como diácono, bebi do Evangelho de sempre que naqueles dias foi anunciado. Queira Deus que possa ensinar fielmente o que lá cri.
Estar grato é o que me resta para com todos os que, comigo, viveram aqueles dias no Panamá.
Diogo Martinho, in Voz de Lamego, ano 89/109, n.º 4496, 5 de fevereiro de 2019