Aproxima-se o 57º Dia Mundial de Oração pelas Vocações (03 de maio) momento propício para os cristãos despertarem e reavivarem o seu compromisso vocacional. Este Dia Mundial das Vocações foi iniciativa do Papa S. Paulo VI (1963-1978) com o propósito de valorizar e estimular a consciência vocacional nas comunidades cristãs. O Papa S. Paulo VI instituiu o Dia Mundial de Oração pelas Vocações em 23 de janeiro de 1964. Este ano a vivência da Semana de Oração pelos Vocações (26/04-03/05) reveste-se de uma forma peculiar pelas circunstâncias derivadas pela pandemia do coronavírus. O Papa Francisco na habitual mensagem dirigida para o Dia Mundial das Vocações destaca quatro palavras fundamentais: tribulação, gratidão, coragem e louvor.
A tribulação enquadra-se perfeitamente nos nossos dias, como expressa o salmista atravessamos “vales tenebrosos”. Mas “a fé permite-nos, apesar das nossas fragilidades e limitações, caminhar ao encontro do Senhor Ressuscitado e vencer as próprias tempestades”. O Papa refere que a tribulação aparece muitas vezes na forma de fadiga. Consequentemente “toda a vocação requer empenhamento”, ou seja, nunca é um dado adquirido. A vocação é uma construção diária e exige um cuidado diário para evitar cair na aridez. Para evitar essa aridez é necessário o constante renovar do nosso sim.
A gratidão será sem dúvida uma das maiores disposições interiores de desejo de renovar o nosso sim. Quando agradecemos ao Senhor a nossa vocação estamos a reconhecer a vivência de um dom imerecido. “Mais do que uma escolha nossa, a vocação é resposta a uma chamada gratuita do Senhor”. A vocação é uma eleição generosa do nosso Deus, não resultado das nossas aptidões, virtudes e competências. É o reconhecimento que temos um Deus que deseja a nossa participação na história da salvação.
A coragem é outra disposição fundamental no processo vocacional, isto é, para responder ao chamamento do Senhor exige da nossa parte ousadia. Como o Papa bem expressa “O Senhor sabe que uma opção fundamental de vida – como casar-se ou consagrar-se de forma especial ao seu serviço – exige coragem”. Exige prontidão para a entrega da nossa vida por uma causa maior, mesmo implicando a renúncia e abnegação.
O louvor implica transformar a nossa vida/vocação numa verdadeira oração ao Senhor, a exemplo de Maria “agradecida pelo olhar que Deus pousou sobre Ela, superando na fé medos e perturbações, abraçando com coragem a vocação, Ela fez da sua vida um cântico eterno de louvor ao Senhor”.
Neste tempo de confinamento é um momento propício de recolhimento para agradecer ao Senhor a nossa vocação (matrimónio, sacerdócio ordenado, vida consagrada…), reavivar com coragem a mesma e vive-la num constante louvor ao Senhor em proveito dos nossos irmãos e irmãs neste tempo de tribulação.
Pe. Ângelo Santo, Pastoral Vocacional,
in Voz de Lamego, ano 90/22, n.º 4557, 28 de abril de 2020