Já há muito tempo que o povo fozcoense ansiava por este momento. O momento de estar com a Mãe. Depois de ver cancelada a grande peregrinação em março, por razões óbvias, as ruas de Foz Côa engrandecem-se para que a Mãe passe, para que a Mãe toque aos corações.
Embalados neste colo maternal, a semana dedicada à Senhora da Veiga foi vivida de uma forma espiritual plena, rica em partilhas de vários sacerdotes que também quiseram marcar presença naquele que podemos dizer que é o terceiro Património de Foz Côa, o património da fé!
Este património da fé, muito se deve a esta Senhora mais brilhante que o sol. Esta atração que Nossa Senhora exerce em nós faz-nos cada vez mais próximos dela e consequentemente mais próximos do Seu Filho. Maria é este modelo de proximidade. Protege-nos como nossa Mãe, mas reconhece que o caminho certo é em direção ao Seu Filho. Maria ajuda-nos a viver o sonho de uma vida plena com Jesus.
Maria também é aquela que nos ensina a nova gramática da fé. Esta gramática que se prende única e exclusivamente ao “sim”. Maria ensina-nos a dizer sim. Ensina-nos que devemos colocar ao dispor as graças que Deus nos concede tal como ela se entregou totalmente no momento da Anunciação do Anjo. Além disso, Maria é aquela que nos aponta o caminho. Nas Bodas de Caná ela aponta-nos para o Seu Filho: “Fazei o que Ele vos disser” (cf. Jo 2,5). Podemos dizer que o único mandamento espiritual de Nossa Senhora é seguir Jesus.
E é neste seguimento que olhamos para Maria como aquela que está sempre presente na vida do Seu Filho, e além disso, confia naquilo que lhe é revelado. Confia que o Seu Filho triunfará e, por isso, Maria fica de pé junto há cruz. Sofre em silêncio, mas de pé, consegue ver o dia da ressurreição. Não cai em desespero pois sabe que o Seu Filho vencerá a morte. E mesmo depois de todo o sofrimento no Calvário, espera ansiosamente, no cenáculo, a vinda do Espírito Santo juntamente com os apóstolos. Assim, Maria transmite-nos uma fé inimaginável. Maria entrega-se e deposita toda a sua confiança em Deus. Maria é o exemplo da Igreja, é o modelo de fé que devemos seguir.
Podemos dizer que Maria é imagem do Seu Filho. Ao falarmos de Maria, somos obrigados a falar de Jesus porque ela própria aponta sempre o caminho para Jesus. Maria caminha connosco e leva-nos a Jesus. Pega em nós ao colo e coloca-nos junto do Seu Filho. Maria é Mãe.
Sejamos “Veigas” como Nossa Senhora. Uma veiga é uma terra que dá fruto, uma terra fértil e não árida. Maria foi uma autêntica veiga ao dizer o seu sim. Deixou que se plantasse nela o Filho de Deus e, a partir dela, cresceu este fruto abundante. Entremos, portanto, dentro dos olhos de Maria e falemos-lhe ao coração pedindo que sejamos estas “veigas” que se deixam plantar e que dão bastante fruto.
No fim desta semana cheia de oração e partilhas, não podemos deixar de agradecer ao Pe. Diogo bem como a todos os sacerdotes que nos enriqueceram com tantas e boas partilhas e que, de certo modo, nos ajudaram a viver esta semana de uma forma plena. Um bem-haja e que Nossa Senhora da Veiga interceda por todos nós!
João Patrício, seminarista,
in Voz de Lamego, ano 90/36, n.º 4571, 18 de agosto de 2020