SÍNTESE E PROPOSTAS/SUGESTÕES
No passado dia 27 de novembro, entre as 10h30 e as 12h30, reuniu, pela plataforma digital ZOOM e sob a presidência de D. António Couto, o Conselho de Presbíteros da nossa diocese. O tema central da reunião foi motivado pela situação pandémica que se faz sentir: A vivência do ministério sacerdotal em tempos de pandemia (identificar desafios à vida pessoal, pastoral, eclesial; como passar do “nosso normal” para uma “novidade nova”?; como evitar o “vazio pastoral” ou a perda do ardor missionário?; como conciliar dedicação e responsabilidade, prudência e ousadia pastoral?; as novas tecnologias: potencialidades e limites).
No sentido de divulgar algumas das ideias partilhadas, nomeadamente sobre a forma de olhar e avançar, elaborámos a presente síntese, sem qualquer pretensão de substituir a Ata respectiva, muito mais fiel ao desenrolar da reunião.
UM OLHAR RÁPIDO
- a brevidade desejada e o convite à serenidade, formuladas e difundidas na frase “vai ficar tudo bem”, há muito foram contrariadas pela realidade. O cansaço é notório. A duração e, sobretudo, as graves consequências estão a afetar as pessoas, motivando e aumentando a angústia e o desespero;
- a pandemia veio questionar uma certa presunção de imunidade contra o medo e contra o sentimento de insegurança. Vivemos tempos de exceção que exigem reaprendizagens. Estamos num tempo novo; não estamos como queremos;
- apercebemo-nos de que, nesta sociedade marcada pelo individualismo, ainda se guardam belas reservas de humanidade. Há pessimismo, mas também muito altruísmo;
- apesar das limitações, a Igreja, através dos seus ministros e dos meios existentes, tem conseguido transmitir uma mensagem de serenidade e de confiança e protagonizado uma responsabilidade e proximidade que importa registar. Uma Igreja cuidadora e cuidadosa;
- as nossas comunidades paroquiais ressentem-se da diminuição da prática religiosa, da suspensão de actividades, do distanciamento físico, da insegurança, etc;
- a criatividade, aliada aos novos meios existentes, tem proporcionado iniciativas várias e variadas para anunciar e estar presente/próximo e correspondendo a uma sociedade mais sensitiva e digital.
OPORTUNIDADES
O ministério dos padres tem a sua fonte na relação com Cristo. No centro/coração deste ministério encontra-se uma vocação, logo traduzida em missão e paixão apostólica que faz deles discípulos de Cristo, que veio procurar e salvar o que estava perdido. O padre, com efeito, tem a missão de significar e de tornar presente Cristo, cabeça da Igreja.
Mais do que referir as interrogações formuladas, aqui ficam algumas propostas, em jeito de sugestões:
- Coerência de vida. O abrandamento do ritmo pode ser uma ocasião para ganhar em profundidade e para amplificar a maneira de viver as realidades vastas e variadas da nossa existência. Oportunidade para questionar a coerência de vida, da missão, da fé professada;
- Degustar as oportunidades. Passar da correria das nossas emoções e sensações à degustação calma de cada pedaço da vida, mesmo que constrangidos pelas circunstâncias, torna-se uma missão para crescer em humanidade;
- Consciência da fragilidade. O claro sentimento de fragilidade pode tornar-se ocasião de escolher o essencial e de se preparar para tudo, mesmo para o que nos incomoda e desinstala;
- Testemunhar a esperança. Oportunidade para testemunhar, mesmo que discretamente, o múnus profético e a esperança no meio da fragilidade;
- Positividade consciente. Onde está uma parte da Igreja está a Igreja toda. Importa expressar a alegria de estarmos juntos, mesmo que em pequeno grupo. Sem cair no “negacionismo”, importa ser positivo e ter/ser esperança, publicar e publicitar mensagens que elevem e motivem;
- Oração e estudo. As circunstâncias permitem ter mais tempo para dedicar à oração (sintonizar com Deus), para escutar Deus, para estudar mais, para se preparar melhor, para valorizar os momentos presenciais;
- Invocar o Espírito Santo. Se o Pai é o amor fontal, o Filho é a novidade, e o Espírito Santo é a “novidade nova”, o “outro Consolador”, diz Jesus (Jo 14,16). É Ele que faz de nós “filhos no Filho”, filhos de Deus, irmãos do Ressuscitado, e não seus simples continuadores. É Ele que nos dá firmeza e ousadia, como aos Apóstolos com o Pentecostes, de modo a ousarem dizer: «O Espírito Santo e nós decidimos… (At 15,28);
- Ardor pela missão. Chegar de outra maneira aos fiéis e aos outros, sem perder o ardor missionário. Para podermos estar presentes, mesmo sem estarmos presentes. O desafio de estar com as pessoas quando não podermos estar com elas (meios telemáticos; distribuição de instrumentos para rezarem e meditarem; pequenos grupos; formação à distância…);
- Atenção ao presbitério. A animação espiritual dos sacerdotes não pode ser descurada, nem a atenção contínua à sua saúde, ao seu estado anímico e às suas necessidades.
Pe. Joaquim Dionísio, in Voz de Lamego, ano 91/04, n.º 4586, 2 de dezembro de 2020