Aproxima-se a Semana da Vida (9 a 16 de maio), com o tema “A vida que nos toca, a vida que sempre cuidamos”. A vida que se faz no agir de cada dia, a vida que acontece na história, a vida que se realiza na doação, a vida que é novidade quando buscamos incansavelmente o “ser mais”, a vida que é missão quando tocada pela força do evangelho “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo. 14,6).
No contexto de pandemia que temos vivido, a nossa vida, marcada por tantas privações e dificuldades, veio mostrar-nos de forma mais clara a nossa fragilidade, mas por outro lado, conduziu-nos a saborear a vida como um bem tão precioso. Foi-nos possível redescobrir o sentido da família, onde a vida acontece, valorizar a importância dos amigos, quando tantas crianças e jovens se viram privados de se encontrarem, estimar o lugar dos idosos na família e na sociedade que marcados por uma profunda solidão, nos fizeram sentir a necessidade e o valor do encontro.
É a partir deste contexto que a Semana da Vida nos há de tocar cada um de nós, a não perdermos tempo na vida, mas a gastarmos tempo uns com os outros. Temos tanto para dar e para receber. É urgente amarmos a vida mesmo no meio das dificuldades e das dores. Os evangelhos dão-nos o verdadeiro sentido da vida, que não se esgota nas nossas limitações humanas, mas que vai muito além das nossas fragilidades. Jesus toca, e salva aqueles com quem se cruza ou d’Ele se abeiram.
No evangelho de Marcos, Jesus toca a sogra de Pedro (1,31), toca o leproso (1,41), a filha de Jairo (5,41). São exemplos claros que estes encontros fazem a vida acontecer. Vida que não se fecha em si mesma, mas que se abre ao outro como fonte de realização e de descoberta. Vida que é relação com o meio ambiente na preocupação pela casa comum, vida que se quer de ternura em qualquer fase da vida, vida que é entrega e generosidade perante a necessidade do irmão, vida que sempre cuidamos.
Celebrar a Semana da Vida é não ficarmos confinados a alguns dias, mas um caminho que se abre a que sejamos capazes de não ficarmos estagnados, a encetarmos um caminho feito de entusiasmo e alegria, onde a rotina dá lugar à surpresa, onde o lamento dá lugar à esperança, onde a coragem é mais forte que o desânimo, onde o encontro quebra a solidão, onde o tocar a vida nos conduz ao cuidado.
Neste ano de S. José, figura ímpar na história da salvação, ensina-nos a acolher a vida com serenidade, a vivê-la com ternura, e a cuidarmos com coragem criativa (cf Patris Corde, Papa Francisco).
Que o Ano “Família Amoris Laetitia”, seja um incentivo para vivermos a vida como um projeto de amor, de nos deixarmos tocar por Cristo e a disponibilidade para cuidarmos da casa comum e dos irmãos.
Pe. Francisco Ruivo
Assistente do DNPF